Hora da virada
Juiz de Fora é um oásis em termos de contas públicas. Os salários estão em dia, o 13º foi pago integralmente no dia 15 de dezembro, e os fornecedores estão sendo regularmente pagos. No seu discurso de posse, o prefeito Bruno Siqueira destacou essa situação, mas deixou claro que os desafios vão além da folha de pagamento. E tem razão, Juiz de Fora tem papel estratégico na geopolítica mineira, mas nem por isso tem sido beneficiada pelas instâncias de poder. Os repasses ficam apenas no campo do obrigatório quando, na verdade, as demandas são bem mais amplas.
Um dos desafios do segundo mandato, por exemplo, é insistir na conclusão do Hospital Regional, cujas obras já chegam a quase uma década, tendo passado pelas gestões de Aécio Neves, Antonio Anastasia, Alberto Pinto Coelho e, agora, Fernando Pimentel. Não é o único hospital regional nessa situação, mas é fundamental que se cobre por esse, uma vez que o atual mandatário, ao fazer campanha, há dois anos, disse que uma de suas metas era a conclusão de tais projetos. Ele já cumpriu metade do tempo, e tudo continua como antes.
Os desafios se tornam mais efetivos por conta da crise econômica e da demanda ascendente do município. Como outras metrópoles, Juiz de Fora carece de investimentos permanentes, sobretudo por ter em seu entorno uma população de cerca de 1,5 milhão de habitantes cuja dependência se explicita principalmente na saúde e na educação. Até o quebrado Rio de Janeiro manda pacientes para o território mineiro, que, por ser gestor pleno do SUS, não pode recusá-los.
É pouco provável que a situação melhore neste primeiro semestre, mas é fundamental que as lideranças, acima do viés político ou partidário, unifiquem o discurso, não apenas para justificar o voto recebido, mas por entender que só dessa maneira os pleitos da região serão ouvidos. Mas aí paira a dúvida do eleitor, uma vez que nem mesmo num evento de posse os deputados se fizeram representados ou justificaram a ausência.