VELHOS CONHECIDOS
A prisão do banqueiro do jogo do bicho Carlinhos Cachoeira, que tem pena de mais de 30 anos, tendo cumprido apenas um, repõe no noticiário velhos conhecidos, sobretudo ele, que, em 2004, inaugurou a série de escândalos ao discutir propina com um ex-assessor do então ministro José Dirceu. Nas fotos, o que se viu foi um Cachoeira sorridente, certo de que será apenas mais uma passagem pelo cárcere, a despeito de tantos inquéritos a que responde e de outras condenações em curso. Seria a certeza da impunidade? Provavelmente, não. Quando preso, teve uma série de problemas e apontou o dedo para outros implicados, desvendando mais uma rede de interesses escudada no dinheiro público. No caso, as obras para os jogos Pan-Americanos no Rio de Janeiro.
Ontem, os policiais federais voltaram às ruas para novas prisões, indicando que o novelo é bem maior do que o previsto. A cada depoimento, novos atores entram em cena, numa clara constatação da orgia com o dinheiro público ao curso dos últimos anos. Seria ingênuo, porém, achar que se trata de coisa recente. O patrimonialismo acompanha a história do país desde a sua gênesis, mas o que se vê, agora, é como os números foram aumentados. No próprio cenário recente é possível ver a diferença. O caso dos anões do orçamento foi fichinha diante do mensalão, e este pareceu mais uma ação entre amigos quando confrontado com o petrolão. A cada escândalo, novas cifras. Agora, são bilhões drenados dos cofres públicos para cobrir interesses particulares.
Como a Lava Jato e as demais operações não têm data para terminar – embora muitos entendam que é preciso ter um final para o país retomar sua rotina -, ainda haverá insones, à espera da chegada da polícia – embora não seja mais o “japonês da Federal”, que também confundiu as prerrogativas do cargo ao ir além dos vencimentos a que tinha direito.