Passivo rodoviário
Privatizada, BR-040 ainda tem uma série de obras que estão paradas por conta de impasses jurídicos; usuários continuam enfrentando riscos
O ciclo das chuvas, que deve prosseguir neste mês de fevereiro, tem sido revelador do estado crítico de uma das principais rodovias do país: a BR-040, a despeito de privatizada em quase toda a sua extensão, continua com sérios problemas, muitos deles colocando em risco a vida dos usuários.
No último fim de semana, a queda de árvores na Serra de Petrópolis comprometeu a viagem especialmente de quem vinha do Rio em direção a Juiz de Fora. Houve quem retornasse e, utilizando parte da via que leva à Região dos Lagos, cortasse caminho por Teresópolis. A maioria, porém, ficou retida no pedágio à espera de liberação da pista.
Trata-se de um problema que vai continuar ocorrendo sazonalmente enquanto não for dada a solução definitiva com a inauguração do túnel que vai tirar o trânsito das curvas da serra, cujas obras estão paradas há anos diante de um impasse judicial envolvendo a concessionária e o Governo federal. Uma nova licitação está em discussão, e quem vencê-la vai cuidar do trecho entre Rio de Janeiro e Belo Horizonte. A segunda cota envolverá a capital mineira e o Estado de Goiás.
A vencedora do primeiro trecho vai herdar gargalos importantes além da Serra de Petrópolis. Entre a cidade de Conselheiro Lafaiete e o acesso a Ouro Preto – trecho utilizado sistematicamente pelas mineradoras – concentra-se a maior parcela de acidentes, num risco diário para os usuários ante a concorrência incômoda com os caminhões. Entra e sai governo, e o problema prevalece, a despeito da capacidade financeira das empresas para construção de uma via exclusiva para seu uso.
Na semana passada, a repórter Sandra Zanella e o repórter fotográfico Leonardo Costa percorreram o trecho entre Barbacena e Juiz de Fora – a matéria foi publicada no domingo – e encontraram trechos críticos na região. A concessionária está, é fato, executando obras, mas insuficientes para zerar a cota de buracos na pista que coloca todos em risco.
No entanto, o principal problema, na altura de Santos Dumont, são os viadutos construídos ainda no início dos anos 1960. São extremamente perigosos e sequer duplicados. Quando da privatização, chegou a ser esboçado um traçado que os evitasse, mas não saiu do papel. Foram colocados apenas radares para reduzir a velocidade no seu acesso, mas essa não é a questão. Entre Juiz de Fora e Belo Horizonte concentra-se um expressivo volume de radares, mas nem assim os riscos são mitigados.
Minas tem uma das maiores bancadas no Congresso Nacional e deve aproveitar esse início de legislatura para apresentar os seus pleitos. A Assembleia Legislativa chegou a criar uma comissão especial, cujos resultados ficaram apenas no papel. Nas últimas décadas, a obra de maior relevância foi a construção de um viaduto duplicado que substituiu o sinistro Viaduto das Almas, mas há outros, e os novos parlamentares, tanto estaduais quanto federais, precisam colocar esse tema em sua agenda.