Homologadas as delações premiadas dos executivos da Odebrecht, a semana terá pela frente uma série de eventos relevantes para o país. O presidente Michel Temer deve indicar o sucessor do ministro Teori Zavascki no Supremo Tribunal Federal enquanto Câmara e Senado definem suas novas mesas diretoras, numa disputa de interesse direto das ruas, uma vez que o presidente do Legislativo é, também, o primeiro na linha de sucessão presidencial. Mais do que isso, porém, ficará sob sua responsabilidade pautar assuntos relevantes, como as reformas da política e da Previdência.
Mas o que tira o sono dos políticos é a delação autorizada pela ministra Cármen Lúcia. Acolhendo as informações dos executivos da construtora, ela deu curso ao que muitos acreditavam ser uma demanda que só iria à frente após a escolha do novo ministro, dando fôlego aos eventuais envolvidos. Tirando o bode da sala, a ministra só ajeitou as demandas para o novo relator, a ser escolhido também nas próximas horas.
E ainda tem os desdobramentos da prisão do megaempresário Eike Batista. Antes mesmo de ser recolhido a Bangu, ele disse aos jornalistas que estava disposto a colaborar. Nada mais disse, mas o pouco que falou serviu de pista para uma enxurrada de denúncias. Nos poucos comentários, ele deixou claro que a iniciativa da corrupção não é dos empresários, mas dos políticos, que vendem vantagens num país em que a burocracia emperra os empreendimentos. O fato é que há em curso uma nova delação.
O prosseguimento da Lava Jato é cláusula necessária para o debate que se estabeleceu a partir de sua implementação. O país, como o próprio Eike revelou, está sendo passado a limpo. A questão é saber quem sobra nesse mar de lama que não para nunca de crescer.