A comunicação é pessoal
“Engana-se quem acha que o marqueteiro pode mudar pessoas”
Engana-se quem acha que o marqueteiro pode mudar pessoas. Quem se lembra de JK, seja na prefeitura de BH, governador de Minas ou presidente da República, sabe que a comunicação com o eleitor era o seu forte, pois tinha todo charme e encantava a todos os interlocutores. Em Minas, lembrem-se de Hélio Garcia – que tinha JD Vital como seu assessor que podia até dar alguns palpites, mas tudo saia mesmo “da cuca do Hélio” que assim tinha trânsito livre para seus projetos na Assembleia.
Itamar Franco, que foi presidente e depois governador, fazia muita coisa de marketing e praticamente tudo saía da sua cabeça. Muita coisa a gente achava doidice, uma “doidice” que o levou a sair do governo com mais de 80% de aprovação. Tivemos Tancredo que governou Minas e sai para ser presidente, o que infelizmente não chegou a acontecer.
JK, Hélio Garcia, Itamar e Tancredo – convivi com todos, são alguns exemplos de políticos que dizíamos saber escolher “o ouvido certo” para falar com as pessoas, dispensando, por isso, a figura do marqueteiro. Lula – já foi deste time também, mas está caindo em seus índices de popularidade e chama um marqueteiro para auxiliá-lo. Não é a mesma coisa. A credibilidade é de quem fala. E quem fala sabe a linguagem que o povo assimila, que aceita como verdadeira. O que está faltando ao presidente Lula é conversar, como sempre fez. Lula era mais afável e tinha boas conversas nos palanques com o povo, no Alvorada com gente de comunicação e empresários. Se voltar a fazer, isto quem sabe…
Falando em Tancredo, me lembrei de uma passagem que mostra bem como agiam as velhas raposas políticas mineiras. No terceiro mês no seu governo, dei uma nota na minha coluna no Diário da Tarde revelando que ele seria candidato a presidente. Imediatamente recebi um telefonema da d. Antônia, sua secretária, dizendo que dr. Tancredo queria falar comigo, se possível no mesmo dia. Cheguei no Palácio da Liberdade às 16h e Tancredo não demorou cinco minutos. Começou a conversa perguntando se queria que ele fosse presidente e eu disse que sim. E ele me respondeu: “eu também quero. Te peço meu caro PCO que a partir de hoje não fale mais no assunto. Na hora certa te chamo”. E foi o que fez.
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