Ex-PM é condenado a mais de 20 anos por matar prima com intuito de receber seguro milionário
Réu já estava preso há três anos e seguirá cumprindo pena; outro policial envolvido aguarda julgamento
Um ex-sargento da Polícia Militar foi condenado a 21 anos, cinco meses e 29 dias de prisão por matar sua prima, uma manicure, com o objetivo de obter seguros de vida no valor de R$ 15 milhões em seu nome. O crime ocorreu em junho de 2021, dentro do salão de beleza onde a vítima trabalhava, em Muriaé, cidade a 161 quilômetros de Juiz de Fora.
A manicure foi atingida por cinco disparos, na perna, no braço e no tórax enquanto estava sentada. Ela foi até o salão induzida por um falso agendamento feito por seu primo. De acordo com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), o julgamento foi finalizado nesta sexta-feira (23). Conforme a promotora que atuou no julgamento, Jackeliny Ferreira, o réu – que já está preso há três anos – seguirá cumprindo a pena por homicídio doloso qualificado, estelionato tentado e consumado, fraude processual e duas corrupções. Ela considera que a pena aplicada foi adequada.
Ex-PM contratou seguros em nome da mãe da vítima
A denúncia do MPMG indica que o policial realizou empréstimos e contraiu dívidas que não tinha condições de pagar. Três meses antes do crime, ele perguntou à mãe da vítima qual era a situação econômica dela, que disse possuir dívidas de R$ 23 mil por cartões de crédito. O autor do crime, então, aconselhou a mulher a contratar seguros no nome da filha, para que ela ficasse como beneficiária em caso de sinistro, e se colocou à disposição para resolver as burocracias.
A mulher entregou os próprios documentos e os da filha – que não sabia da situação – ao homem, que começou a fazer apólices com diversas seguradoras de vida, totalizando R$ 7,5 milhões, que seriam dobrados em caso de morte acidental.
Ele agendou um atendimento no salão da prima, se passando por outra pessoa, forjou o deslocamento de policiais próximos ao endereço para outra região da cidade, e executou o crime. Depois, fugiu para Viçosa, abandonou o veículo, pegou uma motocicleta e retornou a Muriaé.
Nos dias seguintes, contatou as seguradoras, pedindo o pagamento das indenizações por morte acidental, se passando pela tia, e acionou um médico legista, para emitir um laudo de necropsia de forma ágil.
Outro PM participou do crime
O ex-policial condenado recrutou um ex-colega de profissão, que trabalhava em Belo Horizonte, para adquirir um automóvel que não pudesse ser rastreado. O comparsa comprou um Volkswagen Gol com dinheiro em espécie, utilizando nome falso, sem apresentar documentos para transferência do veículo e se desfez do número de telefone que usou para negociar a compra.
De acordo com as informações do MPMG, ele também apoiou o mandante na execução da vítima e, por conta de recurso, ainda aguarda julgamento.