Mortandade de peixes no Paraibuna será investigada
Fato foi observado na altura do Bairro Nossa Senhora da Penha, em Matias Barbosa; órgãos ambientais não descartam relação com acidente com carreta que derramou álcool no rio
Centenas de peixes mortos foram observadas no Rio Paraibuna, desde o início da manhã dessa segunda-feira (7), na altura do Bairro Nossa Senhora da Penha, em Matias Barbosa. Cardumes se concentravam nas extremidades do leito, com vários peixes já sem vida e outros se debatendo na água. A situação atraiu a atenção de dezenas de curiosos durante toda a tarde, mobilizando ainda uma equipe da Polícia Militar de Meio Ambiente e do Departamento de Agricultura e Meio Ambiente da Prefeitura de Matias. Não está descartada a relação da mortandade com o acidente da última quarta-feira (2), em Juiz de Fora, na rodovia BR-040, na altura da Usina de Marmelos, Bairro Retiro, Zona Sudeste. Na ocasião, uma carreta, que transportava 45 mil litros de álcool, perdeu o controle em uma curva e caiu às margens do mesmo rio. Havia a suspeita de que parte da carga teria caído no Paraibuna, e o trabalho de remoção do material só terminou no sábado. A possibilidade de relação entre a morte dos peixes e o acidente será investigada pelo Núcleo de Emergência Ambiental (NEA) da Secretaria de Estado de Meio Ambiente. Ainda na tarde dessa segunda-feira, a Polícia Ambiental coletou amostras de peixes para fazer o encaminhamento para Belo Horizonte.
Os peixes mortos e com provável dificuldade para respirar podiam ser vistos em vários pontos de Matias Barbosa, embora a concentração tenha sido maior na ponte do Bairro Nossa Senhora da Penha. Do local, moradores usavam redes, sacos e baldes para pescar as espécies, como tilápia, piau, cascudo e lambari. Alguns diziam que coletavam para consumo próprio, enquanto outros afirmavam que faziam o resgate na tentativa de salvar os peixes, transportando-os para um córrego. “Isso é peixe morto pelo álcool, não faz mal comer”, disse um morador que estava no local com um balde e vários animais já coletados. Outra, incomodada com a situação, era mais prudente. “As pessoas estão comendo sem saber do que se trata. Da usina da Paciência (Estação da Cemig) para cima não tem peixe morto. Alguém jogou algo muito tóxico no rio, e eles estão morrendo. Os cascudos estão subindo na terra, desesperados. Da usina para baixo que eles estão morrendo”, disse a doméstica Sandra Fuzário, 56 anos, que tentava salvar alguns peixes.
Polícia Ambiental orienta contra captura de peixes
A Polícia Militar de Meio Ambiente analisou a situação do rio em três pontos distintos, dois em Matias e um na altura de Cedofeita, que é um distrito de Matias Barbosa. A equipe esteve ainda na usina, mas não foi autorizada a entrar na propriedade. “Realmente deste ponto (Nossa Senhora da Penha) para baixo é que está a maior concentração. O importante é orientar para que todos não façam a captura destes peixes, tendo em vista que não se sabe qual o motivo da contaminação”, informou o cabo André Luiz Celeste, da 4ª Companhia Independente de Meio Ambiente e Trânsito Rodoviário (4ª Cia.Ind.Mat.).
O diretor do Departamento de Agricultura e Meio Ambiente da Prefeitura de Matias, Maurício dos Reis, disse que esteve em contato com técnicos do NEA ainda durante a manhã dessa segunda-feira. A orientação dada foi para coletar o material e verificar com a Polícia Militar a possibilidade de algum descarte de material tóxico no entorno, o que não foi constatado até então. “A verdade é que não se pode atribuir nem descartar qualquer causa. O técnico disse que o etanol derramado é possível, mas pouco provável, pelo volume e o tempo que já passou desde o acidente. Até mesmo porque, dos 45 mil litros, nem tudo caiu do tanque, e apenas uma parte atingiu o rio.” Para se ter ideia, na altura da Vila Ideal, em Juiz de Fora, passam cerca de nove mil litros de água por segundo. Outra hipótese, conforme Maurício, é a de inversão térmica, em razão da noite fria e de uma manhã mais quente.
Alerta
Maurício também alertou contra o consumo destes peixes, pois, segundo ele, enquanto não souber a verdadeira causa das mortes, nenhuma hipótese pode ser descartada. E existe a possibilidade de contaminação grave do rio e dos peixes, que pode fazer mal à saúde humana. Todo o material coletado será enviado para Belo Horizonte para análises, mas não há data para a divulgação do resultado.