PSDB redefine rumos em Juiz de Fora
Após a saída do vereador Rodrigo Mattos para o PHS e a renúncia do prefeito Antônio Almas do cargo de presidente do diretório municipal, tucanos se preparam para uma discussão interna
O diretório municipal do PSDB deve redefinir estratégias e até mesmo um novo comando após o partido se ver colocado em mudanças importantes no cenário político de Juiz de Fora. Entre elas está o fato de o vereador e presidente da Câmara, Rodrigo Mattos, ter trocado as hostes tucanas pelo PHS, em esforço para viabilizar uma empreitada eleitoral por uma cadeira na Câmara dos Deputados. Ainda mais relevante, a sigla se viu alçada ao cargo de chefe do Executivo Municipal, após a renúncia do ex-prefeito Bruno Siqueira (MDB), que se desincompatibilizou da função para disputar as eleições de outubro, com a consequente posse do agora prefeito Antônio Almas (PSDB). Os primeiros passos para a reestruturação do partido têm sido dados de forma discreta, como em visita do deputado federal Marcus Pestana (PSDB) a Antonio Almas na manhã desta segunda-feira (24), além de encontro partidário realizado na noite do mesmo dia.
“Infelizmente, perdemos o vereador Rodrigo Mattos, que foi nosso presidente do partido em Juiz de Fora e era o nosso único vereador. Porém, ganhamos Almas como prefeito. É uma figura excepcional, uma pessoa humana, um médico reconhecido, tendo sido duas vezes vereador e vice-prefeito. Ele vai dar continuidade à luta do ex-prefeito Bruno Siqueira. Hoje à noite (nesta segunda-feira), vamos fazer uma reunião para reestruturar o partido já que a corrente liderada pelo vereador Rodrigo Mattos se retirou e seguiu para o PHS, um partido pequeno que não tem tanta expressão nacional”, afirmou Pestana em entrevista à Rádio CBN Juiz de Fora, logo após se reunir com novo prefeito.
Segundo o parlamentar tucano, a ascensão de Almas ao cargo de prefeito obrigou o novo chefe do Executivo a renunciar à função de presidente do diretório municipal do PSDB, até por conta de normativas que restringem a participação de chefes de poderes executivos como dirigentes partidários. “Não cabe ao prefeito acumular a presidência do partido. O ocupante do cargo tem que ser um magistrado e um grande coordenador. Ele não pode ter essa marca partidária e precisa de uma base de apoio ampla, de vários partidos. Então, nós vamos procurar dentro dos dispositivos estatutários realizar a eleição de um novo presidente. Possíveis nomes para presidir a legenda, no entanto, não foram aventados pelo deputado federal.
Sobre a saída do vereador Rodrigo Mattos do PSDB, Pestana admitiu que este também é um dos motivos que deve levar a reestruturação interna da legenda, a despeito do fato de o pai de Rodrigo, o ex-prefeito de Juiz de Fora, Custódio Mattos (PSDB), permanecer na legenda. O entendimento é de que a movimentação do presidente da Câmara pode levar à defecção de outros quadros da legenda. O deputado federal ainda lembrou que Rodrigo pode ser questionado por infidelidade partidária ao trocar o tucanato pelo PHS.
“A janela partidária é relativa aos cargos que estão em disputa na eleição. Não tinha janela para vereador. Cabe tanto ao partido como ao Ministério Público questionar o mandato nos primeiros 30 dias. Depois disto, os suplentes podem questionar”, lembrou Pestana, que reforçou ainda que não irá estimular nem a legenda e nem suplentes a questionarem o mandato após a migração de legenda. Por outro lado, Rodrigo tem apostado em entendimento de que o regimento interno do PSDB garantiria a ele o rompimento unilateral, por conta de possíveis discordâncias programáticas.
Em conversa com prefeito, Pestana aponta prioridades
Durante seu encontro com o prefeito Antônio Almas, Pestana reforçou ao novo chefe do Executivo sua disponibilidade em apoiar a cidade na busca por ações e recursos externos, em especial, no âmbito federal. Neste sentido, apresentou balanço de ações que teriam contribuído para a cidade nos últimos 15 anos, em que desempenhou funções como secretário de Estado de Saúde (entre 2003 e 2010) e de deputado federal (desde 2011).
Segundo levantamento feito pelo próprio parlamentar, ele destinou R$ 5,6 milhões ao Município por meio de emendas parlamentares para investimentos em ações de cultura, reforço da infraestrutura urbana e de desenvolvimento social. Os dados repassados à reportagem pelo tucano indicam que, no período em que o deputado chefiou a pasta estadual da Saúde, até R$ 160 milhões foram encaminhados à cidade para serem aplicados no setor.
Pestana afirmou que a conversa também abordou pontos prioritários para o Município, citando a definição da instalação da empresa M. Dias Branco na cidade, a conclusão e a consolidação do Hospital Regional de Urgência e Emergência entre outros pontos. O tucano criticou ainda o atraso dos repasses estaduais pelo Governo Fernando Pimentel (PT), que, segundo ele, tem afetado o balanço financeiro do Município.
Deputado aposta em protagonismo estadual e nacional do PSDB
Marcus Pestana também fez uma avaliação do atual momento político do PSDB. A despeito da pré-candidatura à Presidência do ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), ainda não ter dado boas respostas nas pesquisas de intenção de voto, o deputado revela confiança de que o partido terá um papel de protagonismo na discussão eleitoral deste ano. A mesma aposta é feita para a disputa em Minas Gerais, em que o senador e ex-governador Antonio Anastasia (PSDB) retorna à disputa pelo Palácio da Liberdade.
Pestana ainda minimizou especulações sobre um possível peso que as denúncias contra o senador Aécio Neves (PSDB) poderiam ter sobre os projetos de Alckmin e Anastasia, considerando que Aécio está dedicado, neste momento, à sua defesa e, “na hora certa, o senador vai saber dar um melhor encaminhamento a sua trajetória”. “O PSDB vai ter um papel essencial nas disputas pela Presidência e pelo Governo. Os nomes são fortíssimos. Tenho convicção que o PSDB vai ser protagonista e ter um papel essencial na organização do que chamou de centro democrático e reformista”, avalia. Pestana ainda ressaltou que os desdobramentos da operação Lava Jato têm resultado em uma contaminação geral dos partidos políticos brasileiros que precisam se reestruturar.
“Há acusações fortes contra o ex-presidente Lula (PT), contra o presidente Michel Temer (MDB) e contra o senador Aécio Neves. Cada um vai exercer seu poder de defesa e que cada um pague pelos seus pecados. Mas é cada coisa a seu tempo. É preciso respeitar a presunção da inocência e o amplo direito de defesa. O Aécio está concentrado na sua defesa, e ele vai tomar no tempo certo a decisão correta. Creio que ele vai saber entender a dificuldade do momento e vai contribuir para que Minas e o Brasil tenham o melhor desfecho possível da eleição de 2018, em que nós estamos correndo riscos gravíssimos. O PSDB sempre teve responsabilidade com a história do Brasil. Eu tenho certeza que o Aécio vai saber jogar suas energias na sua defesa e nós vamos ter fortes candidaturas na respeitada figura do Anastasia e do experiente governador Geraldo Alckmin”, avaliou.