PJF anuncia edital nos próximos dias
Renato Salles
Entrevista: Bruno Siqueira (PMDB), prefeito de Juiz de Fora
Em mais uma de suas visitas administrativas às obras públicas em andamento no município, o prefeito de Juiz de Fora, Bruno Siqueira (PMDB), recebeu a equipe da Tribuna na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) União-Indústria, que está sendo construída no Bairro Granjas Bethel, na última quinta-feira. Em entrevista exclusiva, o chefe de Executivo local antecipou algumas ações que devem ser anunciadas em breve. Entre as novidades está a realização de uma licitação para a concessão 105 novas permissões para a prestação de serviços de táxi. O edital que está em fase final de confecção deve ser publicado em breve. Com a medida, o objetivo da Prefeitura é o de aumentar a frota juiz-forana, que passaria dos atuais 545 veículos para 650 unidades após a consolidação do processo licitatório.
Bruno ainda adiantou à Tribuna outras três novas ações. Uma delas diz respeito à criação de uma ferramenta para facilitar o acesso dos usuários do transporte coletivo público, com informações obtidas a partir dos equipamentos de GPS instalados nos ônibus. A expectativa é de que as informações possam ser repassadas por meio de um aplicativo para equipamentos eletrônicos. O peemedebista revelou ainda o que irá lançar um programa para a instalação de pontos de internet sem fio em áreas públicas de Juiz de Fora, universalizando o acesso à web. Também promover parceria com a iniciativa pública para a viabilização de um shopping popular na cidade. Segundo ele, os detalhes só serão revelados durante os anúncios oficiais, que devem acontecer gradativamente.
De quebra, o prefeito fez um balanço de sua gestão até aqui. Bruno destacou o que ele classifica como um dos “maiores volumes de obras” feito por um chefe do Executivo em dois anos de mandato e abordou temas como as recentes dificuldades com o abastecimento de água, a queda de braço travada com o sindicato que representa os professores municipais, além de questões pertinentes à saúde, segurança e infraestrutura.
Tribuna – Juiz de Fora enfrentou um longo período de estiagem, que levou os mananciais que abastecem a cidade a níveis críticos. É necessário que se adote uma nova política para evitar o desabastecimento ou medidas como o rodízio podem ser tornar mais frequentes?
Bruno Siqueira – Os investimentos que a Prefeitura está realizando através da Cesama são fundamentais para garantir o abastecimento nas próximas décadas. Se não tivéssemos inaugurado, em maio, o booster da terceira adutora, teríamos um grave problema no meio do ano. Esta obra, resultado de investimentos de R$ 6 milhões, fez com que pudéssemos levar a água da adutora até o reservatório. Com a inauguração de Chapéu D’Uvas como manancial de abastecimento, o problema relativo às águas está resolvido por até 30 anos. Hoje, do jeito que Chapéu D’Uvas está, podemos dizer que ela corresponde a duas represas de João Penido cheias. Ela ainda não está em sua capacidade máxima, pois, apesar de a adutora já estar pronta, estamos fazendo as obras da estação de tratamento de água no Distrito Industrial. Isto será concluído em 2015. Além disso, estamos realizando a subadutora de São Pedro, que irá abastecer a Cidade Alta. Com isso, vamos preservar mais a Represa de São Pedro, que será menos utilizada. Foi ela que nos gerou maior problema neste momento, pois com sua seca, tivemos que fazer rodízios e outras manobras. Esse volume de obras, um dos maiores das últimas décadas, vai garantir água para o futuro de Juiz de Fora. Todavia, a conscientização é fundamental.
– Os índices de criminalidade traçam uma trajetória ascendente iniciada antes mesmo da atual administração, crescimento que se tornou mais visível a partir de 2006, com o aumento no número de mortes violentas e investidas contra o patrimônio. Qual bandeira a Prefeitura pretende defender pela redução destes indicadores, já que, basicamente, a segurança pública é de responsabilidade do Governo estadual?
– Temos feito várias incursões junto ao Estado. Durante a gestão do governador Antonio Anastasia (PSDB), conseguimos consolidar o programa “Olho vivo”, que prevê o funcionamento de 54 câmeras na cidade. Pretendemos que, até o final do ano, já tenhamos todos os equipamentos instalados. Hoje, 27 estão em funcionamento e fazem um trabalho estratégico em lugares de bastante movimento. Essa é uma política destes dois primeiros anos. Agora, com a troca no Governo (com a eleição de Fernando Pimentel, PT), teremos uma nova gestão. Durante a campanha, o futuro governador disse que iria investir em segurança pública. Vamos procurá-lo para que possamos aumentar os efetivos policiais em Juiz de Fora.
– A cidade enfrenta a demanda de leitos para usuários do SUS, além de questionamentos recentes com relação à empresa responsável pela distribuição de medicamentos. Como sanar tais situações?
– Não foi esse ano que surgiram os problemas na distribuição de remédios. Isso era algo recorrente. O que acontecia era que a empresa anterior não atendia às necessidades, pois não fazia o controle dos medicamentos que saíam. Com isso, havia uma perda muito grande. Foi feita uma licitação para que tivéssemos uma empresa que pudesse fazer este controle. Quando finalizado o contrato, será feita uma avaliação dos serviços. Se não estiver adequado, faremos uma nova licitação. Os trabalhos estão sendo monitorados semanalmente. Hoje os medicamentos são identificados por código de barras, o que não acontecia antes. Estamos confiantes na melhoria da distribuição de medicamentos, como avançamos nos problemas relacionados à falta de médicos e no atendimento da urgência e emergência e da atenção primária. Sobre a questão dos leitos, fizemos o credenciamento de novos hospitais e mantivemos reuniões com o Ministério da Saúde e a Secretaria de Estado para ampliar o número de leitos, inclusive, nos hospitais conveniados. É evidente que precisamos avançar mais e vamos trabalhar nesse sentido.
– Um dos principais questionamentos à Administração foi feito pelos professores municipais. A classe contesta o cumprimento de um acordo firmado com a Prefeitura. A alegação é de que a criação de um gatilho que permite reajustes diferenciados, para os docentes com vencimentos mais baixos, divide a categoria. Como o senhor recebe as críticas?
– Dissemos em campanha que iríamos cumprir com a Lei do Piso e estamos cumprindo. Vamos continuar este processo. Com relação à negociação, existe um acordo mediado pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), em 2013, que foi colocado em prática. O que aconteceu foi o acordado no TJMG e terá prosseguimento nos próximos anos.
– Recentemente, profissionais que prestam serviços terceirizados à Prefeitura reclamaram de salários atrasados. Tal demanda cabe às empresas contratadas, que, nos bastidores, alegaram atrasos nos repasses firmados. A Administração enfrenta alguma dificuldade financeira no momento?
– Em 2014, tivemos um grave problema no país. O PIB não correspondeu ao previsto, e diversos governos estaduais e prefeituras têm enfrentado dificuldades financeiras. Os repasses do ICMS e do FPM não estão chegando conforme havia sido programado pela União e pelo estado. Tivemos uma queda na arrecadação a partir de maio, por conta de uma grande retração no país, o que refletiu em Juiz de Fora. Porém, fizemos uma política de austeridade, com os recursos alocados em áreas prioritárias. Temos hoje a tranquilidade para dizer ao funcionalismo que o 13º será pago dia 12 de dezembro. Herdamos de gestões passadas uma grande dívida. Temos negociado com nossos fornecedores e vamos continuar fazendo isso, para diminuir o custeio da máquina. Assim, poderemos enfrentar o baixo crescimento do país também em 2015.
– Durante a última campanha, o senhor optou por se manter neutro durante o processo eleitoral, sem declarar apoio público ou oficial a qualquer candidato ao Governo. O senhor acredita que isso pode prejudicar o entendimento entre o Executivo municipal e o estadual?
– Houve um problema de agenda, e o Pimentel não pode vir a Juiz de Fora quando marcamos as reuniões (partidárias). Entretanto, nosso relacionamento com o vice-governador Antônio Andrade (PMDB) é excelente e sempre mantivemos contato para que ele possa trabalhar por Juiz de Fora. É importante lembrar que Juiz de Fora deu uma boa votação tanto para Pimentel quanto para a presidente reeleita Dilma (Rousseff, PT). Então é importante para eles dar uma resposta à cidade, com a continuidade e o aprimoramento dos investimentos estaduais e federais já afiançados, para que as obras que estão em andamento e aquelas que pretendemos iniciar tenham o respaldo necessário. Vamos cobrar isso.
– E o que o senhor espera da futura gestão petista à frente do estado após 12 anos de governos comandados pelo PSDB?
– Esperamos a continuidade dos recursos já conquistados para intervenções como as obras sociais na Vila Olavo Costa. Temos também a obra do Teatro Paschoal Carlos Magno, que o governador Alberto Ponto Coelho (PP) garantiu recursos por meio da Codemig e as do museu (Mariano Procópio), que já estão em andamento, com investimento de R$ 6 milhões, mas que necessitará de mais dinheiro. Tem a obra mais importante de todas, a do Hospital Regional. Pretendemos entregar a obra civil no ano que vem e esperamos novos aportes dos governos do estado e federal. Para isso, vamos utilizar toda a força política do PMDB. Em relação ao Governo federal, temos que continuar as obras de contenção de encosta. Também são necessárias verbas para habitação. Já entregamos mais de mil residências e pretendemos, nos próximos meses, entregar mais centenas de unidades. Temos também as obras viárias. Do pacote, já concluímos duas pontes e pretendemos entregar uma terceira, que irá beneficiar a região Nordeste, no primeiro semestre de 2015. Temos as obras da via São Pedro, que apesar de ser licitação do Governo federal, estamos lutando para colocar lá uma ciclovia. Temos ainda o projeto de parceria para instalar redes de internet wi-fi em pontos públicos do município em 2015.
– Qual obra ou realização dos dois primeiros anos de gestão o senhor considera como sendo seu principal legado até aqui?
Temos hoje, na cidade, um dos maiores volumes de obra já feito em dois anos de mandato. Já entregamos a nova adutora, uma unidade de saúde na Avenida dos Andradas e outra na Vila Olavo Costa e um Capes no mesmo local, duas escolas, um Curumim, além de outras ações finalizadas e em andamento. Está sendo realizada a despoluição do Rio Paraibuna por meio do tratamento do esgoto das residências. Enfim, é um grande volume de obras. Em termos de legado, pela primeira vez na história, Juiz de Fora está cumprindo a Lei do Piso do magistério, que, em vigor desde de 2007, foi implantada em nossa gestão com um custo muito alto para os cofres públicos municipais.
– Quais devem ser as próximas ações?
– Vamos fazer uma licitação para o aumento da frota de táxi. Já em janeiro, deveremos iniciar o processo licitatório do transporte coletivo de Juiz de Fora, serviço que, até hoje, nunca foi licitado. Até o final do ano, pretendemos estender o Bilhete Único até os distritos e, em 2015, queremos ampliá-lo por diversas linhas. Com a licitação dos ônibus, queremos uma melhoria do sistema, com uma frota mais nova. Muito em breve, inclusive, iremos lançar melhorias para que o usuário possa ter mais conhecimento dos horários de seu ônibus, já que conseguimos a instalação de equipamentos de GPS nos veículos. Temos também um projeto que queremos desenvolver junto à iniciativa privada para a consolidação de um grande shopping popular. Esta é uma Administração que enfrenta os problemas, e trabalhamos com fatos concretos e não com promessas vazias.
– Houve uma polêmica este mês envolvendo o nome do senhor e o de um internauta que estaria promovendo difamações contra sua pessoa. O suspeito acabou detido, prestou depoimento e foi obrigado pela Justiça a retirar uma página mantida por ele em uma rede social do ar. Como o senhor avalia o caso?
– Sou inteiramente a favor da liberdade de expressão. Críticas são fundamentais no processo político e democrático. Porém, a democracia também garante aos cidadãos o direito de preservar sua honra. Tratava-se de uma pessoa que estava sendo paga para caluniar e fazer ofensas pessoais a mim e a minha família. A Justiça entendeu que, neste caso, havia um claro comportamento ofensivo e tomou a decisão. Não eram críticas à Administração, mas a minha pessoa. Caso o contrário, seriam aceitas e bem-vindas pois são essas críticas que nos ajudam a aprimorar nossa gestão.