Vereador Castelar é preso em flagrante na Câmara Municipal
Atualizado a 1h38
O vereador Wanderson Castelar (PT) foi preso em flagrante por supostamente ter ameaçado de morte o deputado estadual Noraldino Júnior (PSC). Os dois se desentenderam no início da noite de segunda-feira (21) e o bate-boca virou caso de polícia. Noraldino afirma ter sido intimidado fisicamente pelo petista, que nega as acusações. Castelar, por sua vez, diz também ter sido ameaçado pelo parlamentar. Após uma longa negociação, Castelar foi conduzido à delegacia em um carro oficial do Legislativo já na madrugada de hoje. Pesou contra ele, o fato de a maioria das testemunhas ter confirmado a suposta ameaça. Até o fechamento desta edição, após a meia-noite, a expectativa era de que o petista assinasse um termo circunstanciado de ocorrência (TCO) e fosse liberado, enquanto o parlamentar estadual seguiu para um hospital para a realização de exame de corpo de delito.
“A maioria das testemunhas fala que Castelar ameaçou Noraldino e o segurou pelo braço. Castelar fala que também foi ameaçado. Ouvimos as duas partes, mas por conta de ameaça de morte, o vereador foi preso em flagrante”, afirmou o capitão da Polícia Militar (PM) Eduardo Araújo Rocha, responsável pelo desfecho da ocorrência. Sobre o fato de o vereador ter sido conduzido em um veículo oficial – e não na viatura policial -, o capitão afirmou que houve consideração com os dois envolvidos no caso. “O importante é que não deixamos de cumprir a lei. Trabalhamos com a condição de resolver a situação. São dois adversários políticos e autoridades, que foram tratados com a devida consideração.”
Entre o ocorrido e a ida à delegacia, passaram-se cerca de seis horas. Neste hiato, informações extraoficiais davam conta de que o imbróglio seria sobre a maneira como Castelar seria conduzido, já que o parlamentar havia recebido voz de prisão. O advogado do petista teria apresentado habeas corpus para tentar equacionar a situação. De acordo com a PM, porém, não foi necessária a intervenção da Justiça e, após uma extensa negociação, houve consenso de que o vereador seguiria para a delegacia em um veículo da Câmara, acompanhado por um policial. Por volta da meia-noite, Castelar chegou a sair do Palácio Barbosa Lima para entrar no carro, porém, hostilizado por uma claque presente – a maioria correligionários de Noraldino, – chegou a se exaltar e retornou para o Legislativo. Dez minutos depois, deixou de vez a Casa e seguiu para a delegacia.
Relatos
O desentendimento entre Castelar e Noraldino teve início pouco depois das 18h. Presidente da Câmara, o vereador Rodrigo Mattos (PSDB) afirma que a direção da Casa acionou a PM. “Vimos uma alteração após o encerramento da sessão. Temos um policial militar que atua dentro da Câmara, e a polícia foi acionada.”
Segundo os relatos de vários vereadores, Noraldino foi pego pelo braço por Castelar, quando tentava cumprimentar Rodrigo, que presidiu a reunião. Nas palavras de Ana Rossignoli (PDT), André Mariano (PMDB), Chico Evangelista (PROS), Nilton Militão (PTC), José Emanuel (PSC), Léo de Oliveira (PMN) e Oliveira Tresse (PSC), foi nessa hora que o vereador teria feito ameaças ao deputado estadual.
“Ajudei a separar para evitar um problema maior. Castelar estava transtornado”, relata Léo de Oliveira. Noraldino se diz vítima de ameaças e se mostra surpreso com o fato. “Lamento muito e ainda não consegui entender o ocorrido. Acho até que o vereador precisa de um tratamento para controlar essa conduta agressiva.”
Por outro lado, Castelar minimizou o entrevero, negou ter feito ameaças a Noraldino e disse que foi intimidado pelo parlamentar estadual, que o teria chamado “para a briga”, em uma sala reservada. “Quem cobre o cotidiano da Casa sabe que, desde a eleição para a Mesa Diretora, o grupo ligado ao deputado vem me hostilizando. O vereador José Emanuel quebrou o decoro antes de entrar na Câmara me chamando de traidor. Identifico o Noraldino como o mandante deste comportamento belicoso”, afirmou.
Na versão do petista, ele teria interpelado Noraldino cobrando o fim de intimidações por parte de correligionários do deputado estadual – incluindo o vereador José Emanuel. Ainda segundo Castelar, a discussão só se tornou áspera após gesticulação do deputado estadual o chamando “para a briga na sala do cafezinho”. O relato é endossado por Roberto Cupolillo (Betão, PT). “Estava no plenário, pronto para sair, quando presenciei uma discussão que se estendeu até a sala dos vereadores. Não sei quem começou. Mas vi o deputado chamando o vereador e insinuando uma briga.”
Citado por Castelar, José Emanuel desconsiderou as afirmações do petista. “Ele me citou? Faço questão de esquecer que esse cidadão é vereador”, declarou, negando qualquer tipo de intimação.