Jucá diz que posse de ministros de Michel Temer deve nesta quinta à tarde
Atualizada às 23h55
Brasília (AE) – Cotado para assumir o Ministério do Planejamento se a presidente Dilma Rousseff for afastada do cargo, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) disse, ontem, que a posse de ministros de Michel Temer está programada para esta quinta à tarde.
Jucá não informou quantos ministros devem assumir os novos cargos. A depender do horário de conclusão da votação da admissibilidade do impeachment no Senado, a notificação de Dilma deve ser feita às 10h e a de Temer, às 11h.
De acordo com o senador, Temer deve ocupar o gabinete da Presidência da República, no Palácio do Planalto, já nesta quinta e iniciar suas atividades. “Não se pode deixar um vácuo no poder”, disse.
O senador espera que a votação pelo Congresso da revisão da meta fiscal deste ano, permitindo um rombo de até R$ 96,6 bilhões, seja feita já na próxima semana.
Nomes
Brasília (ABr) – Em busca de finalizar o arco de alianças e definir o desenho de um Governo, o vice-presidente Michel Temer definiu as indicações para os ministérios com perfil dominado por políticos.
Os primeiros nomes a serem definidos vieram de dentro do PMDB, partido de Temer, e escolhidos entre os mais próximos dele. Ex-ministro dos governos Fernando Henrique Cardoso e Dilma Rousseff, Eliseu Padilha foi designado para o comando da Casa Civil. Considerado braço direito do vice-presidente, ele deverá cuidar da articulação política com Geddel Vieira Lima, que será ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República.
Também ex-ministro do Governo Dilma, e presidente da Fundação Ulysses Guimarães, Wellington Moreira Franco foi escolhido para o cargo de secretário-especial do gabinete presidencial, formando com Gedel e Padilha o núcleo duro do Palácio do Planalto.
Outro que já tem cadeira garantida é o senador Romero Jucá (PMDB-RR), indicado para o Ministério do Planejamento. Além de ser primeiro vice-presidente do PMDB e substituto de Temer no comando do partido, Jucá foi líder dos governos Fernando Henrique, Lula e Dilma.
Jucá formará a equipe econômica com o ex-presidente do Banco Central do governo Lula, Henrique Meirelles, que comandará a Fazenda. O Banco Central ainda não tem novo comando definido e a expectativa é que o atual presidente, Alexandre Tombini, permaneça por mais algumas semanas no cargo.
Após decidir fundir alguns ministérios, Temer escolheu o deputado Osmar Terra (PMDB-RS) para comandar o Ministério Social, que vai cuidar das políticas sociais, reunindo na mesma pasta os atuais ministérios do Desenvolvimento Agrário e Desenvolvimento Social. Ficará a cargo de Terra cuidar de programas como o Bolsa Família e os financiamentos à agricultura familiar.
O maior partido de oposição ao governo Dilma no Congresso, o PSDB também terá vagas. Os tucanos comandarão duas pastas importantes: Ministério das Relações Exteriores, que ganhará força nas negociações comerciais para ficar a cargo do senador José Serra (PSDB-SP); e o Ministério das Cidades, que será entregue ao deputado Bruno Araújo (PSDB-PE).
Ex-aliado do governo Dilma, o PP deverá comandar duas pastas de grande relevância. O partido ficará com o Ministério da Saúde, que será entregue ao deputado Ricardo Barros (PR), e com o Ministério da Agricultura, que será comandado pelo senador Blairo Maggi (MT). Atualmente Maggi ainda é filiado ao PR, mas vai trocar de partido em breve para assumir a pasta.
O DEM será contemplado com o Ministério da Educação, que deverá ficar a cargo do deputado Mendonça Filho (PE). O PR vai comandar o Ministério dos Transportes, com o deputado Maurício Quintela Lessa (AL), ex-líder da legenda. Ao PSB também foi oferecida participação no primeiro escalão, mas o partido divulgou nota nesta terça-feira informando que não vai compor o novo governo nem chancelar nomes de seus quadros.
A pasta do Trabalho ficará com o PTB. Esta será a primeira vez, desde a redemocratização do país após a ditadura militar, que o ministério será comandado por um petebista, o deputado Ronaldo Nogueira (PTB-RS), da cidade de Carazinho-RS. A informação foi repassada pelo líder do partido na Câmara, Jovair Arantes (GO).
Segundo Arantes, o vice-presidente Michel Temer fez o convite para que o partido indicasse o titular da pasta em um eventual governo dele. O deputado reuniu a bancada, que aprovou o nome de Nogueira. A indicação também teve o aval do presidente da legenda, o ex-deputado Roberto Jefferson, preso durante o processo do mensalão.
Além do petebista, outro nome cotado para integrar a provável equipe de Temer é o atual líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Leonardo Picciani (RJ), que deverá ocupar a pasta dos Esportes. Confirmada a indicação, Picciani estará a frente da realização das Olímpiadas no Rio de Janeiro, em agosto. Nesse cenário, o mais provável é que a liderança do partido seja definida entre os deputados Leonardo Quintão (MG) e Hugo Motta (PB).
Com fortes ligações com o vice-presidente, o ex-ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves deverá voltar a ocupar a pasta. Henrique Alves foi o primeiro peemedebista a deixar o governo de Dilma, após a decisão do partido de romper a aliança com o PT. Caso também se confirme a indicação de outro peemedebista para o Ministério de Minas e Energia, o PMDB ficará com sete ministérios.
O atual secretário de Segurança Pública de São Paulo, Alexandre de Moraes, é um forte candidato para assumir o Ministério da Justiça.
O PRB é cotado para comandar o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. A expectativa é que o presidente do partido, Marcos Pereira, seja confirmado como o titular da pasta.
Líder
O nome do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) aparece como favorito entre aliados de Michel Temer (PMDB) para assumir a liderança do Governo na Câmara. A resistência fica por conta do grupo ligado ao presidente afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que tenta emplacar André Moura (PSC-SE) para o cargo. “A preferência é por alguém menos vinculado a Cunha e com mais autonomia”, disse um provável ministro.