Vereadora e manifestantes vão à polícia com acusação mútua de agressão; Câmara divulga nota de repúdio
Laiz Perrut registra ocorrência por ofensas e hostilidade; manifestantes negam e diz que ela teria avançado carro sobre eles
A vereadora Laiz Perrut (PT) registrou ocorrência junto à Polícia Civil e à Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM), em que diz ter sido confrontada por manifestantes que realizaram um protesto nesta quarta-feira no entorno da sede da Prefeitura de Juiz de Fora. Segundo a parlamentar, além de ofensas, o carro em que estava foi atacado por parte dos manifestantes.
Segundo a vereadora, ela estava na sede da PJF, onde cumpria agenda na Secretaria de Governo. “Quando desci, estava tendo essa manifestação contra o decreto de lockdown. Cogitei conversar com os manifestantes, quando ouvi gritarem meu nome me chamando de bandida, de safada e de outros nomes horríveis. Resolvi não ir lá, pois não queria diálogo”, relatou a vereadora.
Laiz conta que voltou a tentar um diálogo quando parte dos manifestantes cercaram o veículo em que tentava deixar o local. “Cercaram o carro, que, na verdade, é da Câmara Municipal, locado para as atividades parlamentares. Abri o vidro para tentar conversar. Foi aí que o começou a ser batido por todos os lados, e a Guarda Municipal chegou para dispersar”, afirmou em postagem feita em suas redes sociais.
“Acho lamentável. Prezamos pela democracia e pelo diálogo. Esse tipo de manifestação não quer diálogo, pois já há uma reunião agendada com a Prefeitura amanhã. É muito lamentável que tenhamos que passar por isto”, comentou a parlamentar. Segundo Laiz, todavia, no registro feito junto às autoridades, não foi possível identificar autores, visto que o veículo em que estava foi cercado por várias pessoas.
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— Tribuna de Minas (@tribunademinas) March 11, 2021
Boletim de Ocorrência
Segundo Flávio Souza de Mattos, proprietário de uma loja do segmento de tecnologia da informação, que tem participado dos atos desde a segunda-feira (8), diferente dos dias anteriores, os comerciantes que participaram do protesto pela suspensão do lockdown foram recebidos com truculência no prédio da Prefeitura. “A porta da Francisco Bernardino estava fechada. Fizeram todo mundo dar a volta e entrar pela Avenida Brasil. A Guarda Municipal estava armada até os dentes lá dentro, não permitiram a entrada do carro de som”.
“De repente, eis que sai a vereadora (Laiz Perrut-PT) do prédio. Viu a gente e foi dar a volta por trás. O pessoal foi falar: ‘olha lá a vereadora, vem cá falar com a gente. Vem dar sua opinião.’ Ela ignorou e entrou no carro. O que o povo fez? Foi atrás dela. Com a caixa de som.” Ele reforça que a vereadora não quis falar.”
Ainda segundo Flávio, ela entrou no carro e saiu. Havia algumas pessoas passando, inclusive um conhecido nosso que chegou por último. Na hora que ela virou o carro, ele passou na frente e ela avançou com o carro em cima dele. Ele pediu para ela esperar. Ele bateu com a mão no carro para não ser atropelado. Ela avançou de novo. Chamamos a polícia. Todos viram. Fizemos um boletim de ocorrência, é tentativa de assassinato, com carro público.”
Flávio reforçou que há uma agenda marcada com uma comissão de comerciantes com a prefeita Margarida Salomão (PT) às 14h, desta quinta-feira (11). Horário no qual outra manifestação do grupo deve ocorrer.
Câmara divulga nota de repúdio
Por meio de nota encaminhada à reportagem, a Câmara Municipal de Juiz de Fora lamentou o ocorrido com a parlamentar. “A Câmara repudia com veemência a agressão sofrida pela vereadora Laiz Perrut (PT), em exercício de seu mandato, na tarde desta quarta-feira (10), na sede da Prefeitura. Ao se manifestarem com palavras de baixo calão à vereadora, cercarem e baterem em seu carro, impedindo-o de sair do prédio, parte daqueles que cobravam mais transparência e participação nas decisões do Executivo deram um grave exemplo oposto, de intolerância e agressividade, que não pode passar em branco”, diz o texto.
O Poder Legislativo municipal acrescentou ainda posicionamento em defesa da apuração do caso e a punição dos responsáveis. “Na política, sempre há o espaço para o debate e o contraditório. A própria Casa do Povo faz esse papel, mas sempre dentro da civilidade e do respeito – virtudes inerentes à Democracia”, diz a nota de repúdio.