Marco Felício defende modelo cívico-militar na rede municipal de educação
Candidato quer liderar projeto político para destravar obras do Hospital Regional e pretende militarizar Guarda Municipal

O Grupo Solar de Comunicação encerrou, nesta quinta-feira (5), sua série de entrevistas com os 11 candidatos a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF). As sabatinas integram o projeto “Voto e Cidadania”, que reúne as redações da Tribuna e da Rádio CBN Juiz de Fora. O convidado desta quinta foi o general da reserva Marco Felício (PRTB). Ainda com o registro de sua candidatura sob análise no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Minas Gerais, Felício apresentou suas credenciais e suas ideias para a cidade em áreas de interesse do eleitorado local, como a educação, a saúde, a mobilidade urbana, a segurança pública e a geração de emprego e renda.
ASSISTA: Voto & Cidadania recebe General Marco Felício
Antes de detalhar suas propostas, o candidato afirmou que uma das motivações que o levou a disputar a Prefeitura de Juiz de Fora passa por um chamado do vice-presidente da República, o general Hamilton Mourão (PRTB). Entre outros fatores, o aceno do vice-presidente contribuiu para que Felício, aos 83 anos, deixasse de lado a resistência de familiares com relação a sua candidatura. “Sou um homem que aprendeu a gostar de desafio. Cheguei em Juiz de Fora e já estou aqui há algum tempo. Fui convidado insistentemente para concorrer à Prefeitura. Inicialmente, resisti. Mas depois um chamado do meu ex-cadete Mourão, resolvi aceitar”, revelou
Registro de candidatura
Já no início da entrevista, Felício voltou a manifestar confiança de que conseguirá reverter o indeferimento de sua candidatura. Ele teve seu pedido de registro de candidatura indeferido pelo TRE. Segundo a Justiça Eleitoral, a negativa se deu em razão de problemas observados na prestação de contas de campanha de Felício nas Eleições de 2018, quando se lançou candidato a deputado federal pelo PSL.
“Não considero isso um problema. Considero um erro do Tribunal ou de quem era responsável por examinar minha prestação de contas. Não há erro nenhum. Minha prestação de contas está tranquila. Quando eu fiz a prestação de contas, bastava que ela fosse assinada por um contador. Logo depois, houve a mudança da regra de a prestação de contas precisaria ser assinada por um advogado”, explica o candidato, que alega que não foi intimado sobre a necessidade de atualização da assinatura. “Eu nunca recebi essa intimação. Tenho um bom advogado cuidando disso e estou tranquilo”, afirma.
Emprego e renda
Durante a entrevista, como ferramenta para a geração de emprego e renda na cidade, Felício defendeu uma regulamentação da Lei da Liberdade Econômica (Lei nº 13.874) no âmbito municipal e a adoção de outras ferramentas de desburocratização. “A primeira coisa é favorecer e fomentar novas empresas. A Prefeitura tem que ajudar, acabando com a burocracia e talvez mexendo nos impostos de uma certa forma, que ainda temos que estudar. Temos que facilitar a formação dos desempregados. O homem que nem tem o mínimo de conhecimento, não tem emprego.”
Educação
Para a educação, o candidato do PRTB sinalizou a intenção de avançar na implementação de escolas cívico-militares na cidade, buscando o apoio da Polícia Militar e das Forças Armadas. “Juiz de Fora é um exemplo. Tem um Colégio Militar que todos procuram por sua excelente educação. Temos também um colégio da Polícia Militar de igual qualidade.”
Assim, o candidato defendeu um melhor planejamento orçamentário de forma a garantir investimentos na educação. “Se tiver que deixar de investir em algum lugar por falta de dinheiro, que se corte em outros lugares.” Felício falou ainda sobre a intenção de disponibilizar vagas para os estudantes da rede pública em instituições de ensino privadas, por meio da concessão de vouchers.
Hospital Regional
Felício falou ainda sobre a intenção de atuar como um líder político para destravar a paralisia das obras do Hospital Regional, cujas obras já se arrastam desde 2010. Para isto, defendeu uma maior aproximação da administração municipal dos governos estadual e federal. “Temos três responsáveis: o governo municipal, o governo estadual e o governo federal. Temos que ter um prefeito alinhado com o governo estadual e governo federal. Não uma relação de subserviência, mas de alinhamento com estes governos, buscando a satisfação da população e das necessidades da cidade para, com eles, resolver o problema.”
HPS e UPAs
Para o candidato, o hospital deve atender cidades da região de forma consorciada, voltada para serviços de urgência e emergência. O general revelou ainda a intenção de levar as atividades do HPS para a nova unidade hospitalar após a sua conclusão. “Isso requer administração e organização que torne isso eficiente e eficaz para todos.” Felício defendeu ainda a busca por recursos para a implantação de novas unidades de pronto-atendimento (UPAs) e postos de saúde na cidade. Sobre recursos para tais ações, o general indicou a possibilidade de avançar em parcerias público-privadas.
“Basta termos um prefeito que saia da cadeira e mostre disposição de fazer aquilo que precisa ser feito”, afirmou, ressaltando a necessidade da busca por recursos externos para avançar na construção de novas unidades. Antes, o candidato considerou que é necessário aprimorar o funcionamento dos aparelhos já em funcionamento. “Isso se chama comando. Isso se chama liderança. Isso se chama fiscalização. É o que falta em Juiz de Fora.”
Segurança pública
Para reduzir indicadores de violência urbana na cidade, Marco Felício quer rever as competências e a atualização da Guarda Municipal. “Precisa ser reformulada e treinada. Tem que ser armada e militarizada.” Além da revisão das atividades da Guarda, o candidato defendeu que a corporação atue de forma integrada com as demais forças de seguranças, como as polícias Militar e Civil. “É preciso que criemos um centro de comando e de controle na cidade, para que tenhamos uma coordenação de todas as atividades policiais.”
Mobilidade urbana
Para destravar o nó do trânsito juiz-forano, Felício aponta que o caminho é reduzir o número de veículos particulares em circulação na cidade. “Temos que ter transportes para situações específicas e determinados trechos da cidade. Como um ônibus maior ou mesmo lotações, que seriam ônibus menores, interligando bairros da cidade.”
Primeiros desafios
Marco Felício elencou três pontos que ele considera que deverão ser priorizados pelo futuro prefeito de Juiz de Fora. “Um é a própria pandemia. Ninguém sabe até onde vai isso. Estamos vivendo uma nova onda e mais mortes. Temos que nos preparar para isso. O segundo ponto é que temos que lembrar que Juiz de Fora, nessa época do ano, é sempre atingida por temporais. Como ficam as áreas de risco? Temos algum planejamento para enfrentar esses acontecimentos que acontecem todo ano? É preciso nos preparar para isso. Temas ainda a dívida fiscal de R$ 150 milhões. São as três coisas mais importantes com as quais vamos nos deparar caso eleitos.”
Para enfrentar os problemas, em especial o déficit fiscal, Felício defende que será necessário conhecer a real situação da Prefeitura, por meio da realização de uma auditoria.
Equipe de governo
O candidato do PRTB disse ainda que para enfrentar todos os problemas da cidade o futuro prefeito terá que colocar quadros técnicos e qualificados em áreas diversas, em especial, naquelas necessárias para desenvolver ações de fomento à economia da cidade. “Eu tenho vários nomes para cada situação dessas.” O general, no entanto, disse que não é o momento para elencar nomes.
Previdência municipal
Marco Felício também falou de trecho de seu plano de governo que prevê a possibilidade de adequações no Regime Próprio de Previdência Social do Município, responsável pelos benefícios previdenciários do funcionalismo público juiz-forano. “Acho que não é uma questão de aumentar somente alíquotas. Há várias outras questões alinhadas com esta. Precisamos ter uma equipe que realmente conheça a Previdência, para que a gente tome as medidas necessárias e que essas medidas sejam humanas e não venham prejudicar aquele pessoal que ganha menos”, considerou, reforçando o entendimento de que uma adequação é necessária.