Romeu Zema admite ritmo de vacinação abaixo do esperado em Minas Gerais
Governador aponta lentidão na aplicação e na atualização dos dados de alguns municípios, mas sem mencionar quais
O governador Romeu Zema (Novo) admitiu, em coletiva à imprensa na manhã desta quinta-feira (8), que o ritmo da vacinação contra o coronavírus em Minas Gerais ainda é lento. De acordo com o chefe do Executivo, a distribuição das doses para as unidades regionais de saúde acontece rapidamente, mas a aplicação dos imunizantes e a atualização dos dados enfrentam problemas em alguns municípios, embora não tenha citado quais. Por outro lado, o secretário de Estado de Saúde (SES-MG), Fábio Baccheretti, apontou uma nova tendência de estabilização da pandemia no estado.
Segundo Zema, Minas realiza medidas para mobilizar as prefeituras com o intuito de agilizar a vacinação. O governador apontou que alguns municípios estavam estocando imunizantes, enquanto outros estão mais velozes na aplicação. Nas cidades com maior agilidade, o Governo de Minas vai direcionar a reserva técnica de 5% das doses, que até então era armazenada pelo estado. “Quem está com maior velocidade, vai receber um pouco mais de vacinas. Temos solicitado aos prefeitos que o processo (de vacinação) não seja interrompido”, afirma.
O governador garante que a entrega dos imunizantes às regionais de saúde ocorre rapidamente, mas alguns municípios demoram a coletar essas unidades. “Algumas prefeituras não buscam essas vacinas na velocidade que poderiam, outras não aplicam na velocidade que deveriam. Ainda tem a questão da informação, pois algumas prefeituras não informam os dados no tempo adequado”, explica Zema, sem citar nominalmente qualquer cidade. “Estamos cobrando dos municípios, sensibilizando os prefeitos, e provavelmente teremos uma aceleração da vacinação no estado”, complementa o secretário Fábio Baccheretti.
Segundo Baccheretti, a vacinação já está refletindo em uma menor incidência de óbitos e internações a pessoas com mais de 85 anos que receberam a segunda dose há algumas semanas. “É um alento muito importante neste momento e nos reforça a atenção dos municípios em crescer na vacinação. Aguardamos novas remessas do Ministério da Saúde e esperamos que elas ocorram de forma constante e mais acelerada”, projeta.
Em contato com a reportagem, a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) informou que não foi notificada sobre a possibilidade de receber vacinas advindas da reserva técnica estadual. Questionada sobre o ritmo de vacinação do município, a PJF afirmou que imunizou 74.284 pessoas com a primeira dose (13% da população) e 18.432 com a segunda dose (3,21% da população), dados superiores às médias brasileira (10,13% de vacinados com a primeira dose e 2,86% com duas doses) e estadual (9,55% vacinados com a primeira dose e 2,91% com a segunda dose).
Platô da pandemia
Na mesma reunião em que ficou definida a manutenção de Juiz de Fora na onda roxa do Minas Consciente, o Governo de Minas determinou que a macrorregião de saúde Triângulo do Sul e as microrregiões de São Gotardo, Montes Claros/Bocaiuva e Taiobeiras avancem para a onda vermelha. As progressões ainda podem ser revertidas até o final da semana, de acordo com o secretário, mas refletem uma melhora nos índices de proliferação do coronavírus no estado, que, conforme dados da SES, se encaminham para um platô.
O secretário apontou um aumento dramático no registro de óbitos, reflexo do cenário das semanas anteriores da Covid-19 no estado. “Os óbitos que viveremos em algumas semanas estão relacionados a esse pico, mas um dado importante é esse: nós estamos em uma tendência de estabilização”, garante Baccheretti, que atribui a melhoria nos índices ao lockdown generalizado que foi estabelecido no estado em março.
Mesmo com a tendência de melhora nos dados estaduais, a ocupação de leitos ainda inspira cuidados. De acordo com Baccheretti, investir em hospitais de campanha não resolveria o problema da saturação da rede hospitalar mineira, uma vez que a necessidade do estado é em relação a leitos de tratamento intensivo, não de enfermaria. “A luta do estado é para a criação de leitos de terapia intensiva, mas temos poucos medicamentos do kit intubação. O nosso papel é evitar o aumento de casos. Nós não podemos apenas abrir leitos, temos que diminuir o número de casos”.
Nova variante detectada em BH
O governador Romeu Zema também foi questionado a respeito da nova cepa do coronavírus, que foi revelada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) na quarta-feira (7). Zema afirmou que o Estado ligou o sinal de alerta com a nova variante, que aumenta a necessidade de agilização da vacinação. “Isso está sujeito a acontecer em qualquer lugar, mas é uma notícia ruim que indica para nós que o processo de vacinação tem que ser agilizado ao máximo. Somente assim nós evitaremos que o Brasil seja um celeiro de mutações”, afirma.
O titular da SES, por sua vez, afirmou que ainda não é possível saber se a variante é mais contagiosa ou mais letal que as anteriores. Por outro lado, informações obtidas em reunião com pesquisadores da UFMG dão conta de que a cepa P1, surgida inicialmente no Amazonas, já predomina em Minas Gerais, o que justificaria o grande aumento na proliferação do coronavírus no estado nos últimos meses. “Não é por acaso que vivenciamos esse momento tão crítico, porque a cepa inicial praticamente não circula mais no estado”, analisa Fábio, lembrando que estudos preliminares consideraram as vacinas Coronavac e Astrazeneca eficientes contra a variante P1.
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