Cancelamento de prova pode marcar fim do XTerra em Juiz de Fora
Ausência de locais para nado de fundo e impossibilidade de uso de mananciais por lei municipal podem extinguir a competição, que acontece desde 2009 na cidade
A etapa juiz-forana do XTerra, um dos eventos de triatlo mais conhecidos do país e que faz parte do calendário esportivo do município desde 2009, pode não ocorrer mais. O cancelamento da edição de 2017, divulgado na última sexta (20), pode marcar a extinção da prova em Juiz de Fora pela falta de locais na cidade para a natação de fundo. Inicialmente divulgada para acontecer na represa Dr. João Penido e em seu entorno nos dias 11 e 12 de novembro, as competições foram abortadas pela impossibilidade de o manancial receber eventos de esportes aquáticos, previstos no artigo 1º, inciso III da lei municipal 7.255/87, apesar de o local ter sido usado para este fim nas edições anteriores do evento. A lei estabelece que, “para preservação permanente da Represa Dr. João Penido, fica expressamente vedada a natação no reservatório”, entre outras atividades.
A empresa organizadora da competição, a X3M Sport Business, já havia iniciado as inscrições para a etapa no início da temporada, como ocorre em todo o calendário. Contudo, nem estes responsáveis, nem a VidAtiva Consultoria Esportiva, empresa terceirizada que organiza a etapa de Juiz de Fora, solicitaram o uso da represa à Prefeitura. A Tribuna entrou em contato com a Cesama, que confirmou a informação.
“A Cesama não tem nada a opor quanto à realização do evento no entorno da represa com relação à caminhada, corrida e ciclismo. Quanto ao uso do lago, a Prefeitura ressalta que existe legislação que dispõe sobre o assunto (Lei 7255/1987). Para este XTerra especificamente, não há nos registros da Cesama entrada de documento com o pedido citado”, informou a assessoria. Já a Secretaria de Esporte e Lazer da PJF afirmou que não participou em momento algum da organização deste evento e que apenas auxilia a organização de eventos como este quando é solicitada.
Sócio-proprietário da VidAtiva, Lucas Leite explicou que não realizou a solicitação “porque fizemos um evento na represa nesse ano, e a própria Tribuna de Minas fez uma denúncia dizendo que estávamos usando a represa, passando por uma lei municipal. Depois disso resolvemos não nos estressar mais. A VidAtiva não vai fazer nada para atrapalhar a cidade”, disse.
O conteúdo citado por Lucas refere-se à matéria divulgada pelo jornal do dia 19 de março de 2017. Nela, a Tribuna apontou como o uso sem controle prejudica os três mananciais da cidade – represas de João Penido, São Pedro e Chapéu D’Uvas e a carência de regulamentação das leis criadas nas décadas de 1970 e de 1980 para proteger esses locais. Na ocasião, a reportagem recebeu uma denúncia sobre o uso da represa de São Pedro, que abastece os moradores da Cidade Alta, para natação dentro de uma prova de triatlo organizada pela VidAtiva.
O empresário, que participou da organização de todas as provas, admitiu o possível fim do XTerra Juiz de Fora. “É muito provável que sim (não ocorra mais). Até que a lei municipal mude, não iremos fazer nada”, garante. Nesta semana, X3M e VidAtiva já dão andamento à rescisão de contrato de franquia, firmado em 17 de janeiro para a realização da etapa. No documento há, inclusive, a falta de locais para a realização de todo o evento na cidade como justificativa do cancelamento.
Reembolso
De acordo com a organização, cada inscrito será ressarcido em breve. Todos os atletas que realizaram a inscrição com o cartão de crédito terão o reembolso de 100% do valor de maneira automática, com descrição na fatura no prazo de 15 dias. Já os que se inscreveram via boleto bancário receberão contato da organização do evento através do SAC para prosseguirem com o reembolso total. Outras dúvidas podem ser sanadas através do e-mail [email protected].