Jogos da Seleção não mobilizam bares e espaços públicos em JF
Apesar de dados indicarem maior interesse da população, UFJF não vai disponibilizar telão e bares não preveem funcionamento em horário especial
A Copa do Mundo de Futebol feminino começou na última quinta-feira (20), na Austrália e na Nova Zelândia. A edição é histórica pelo aumento no número de seleções participantes, além do interesse do público demonstrado pelo recorde de ingressos vendidos. No Brasil, a procura pelo Mundial é alta, inclusive registrando recorde de audiência na “CazéTV”, canal do streamer Casimiro Miguel, que teve mais de 149 mil espectadores simultâneos no embate entre Nigéria e Canadá, entre a noite de quinta (20) e a madrugada de sexta (21). Apesar disso, em Juiz de Fora, não haverá exibição das partidas do Brasil em espaços públicos, como houve na edição passada, além de ser difícil encontrar bares e restaurantes com ações direcionadas aos jogos.
Na cidade, a praça cívica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) é palco tradicional para a população assistir aos jogos do Brasil. Em 2019, a instituição exibiu em telão as partidas da Seleção Brasileira feminina no Mundial. Porém, neste ano, a ação não irá se repetir. Questionada sobre o motivo, a UFJF alegou, via assessoria, que não há uma razão específica para não transmitir os duelos.
Bares, que são pontos de encontro de torcedores, também não irão funcionar durante os jogos do Brasil, de acordo com o assessor da presidência do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Juiz de Fora, Rogério Barros. Segundo o mesmo, o motivo para não haver funcionamento especial é pelo “baixo engajamento da população com o evento”.
Aumento no interesse pela Seleção
Apesar da escassez de locais para assistir aos jogos, dados do Google Trends, plataforma que monitora as buscas realizadas por usuários do Google, o termo “Seleção Brasileira Feminina” teve alta na procura neste ano, inclusive ultrapassando o interesse mostrado no ano de 2019, quando ocorreu o último Mundial.
Na Região Sudeste, nos 30 dias antes do início da Copa do Mundo, em média, houve o dobro de buscas no Google em relação ao mesmo período no Mundial anterior. Além disso, existe a expectativa de quebra do recorde de audiência em todo o mundo durante o campeonato. De acordo com a Federação Internacional de Futebol (Fifa), mais de um bilhão de pessoas assistiram à Copa há quatro anos e, para este ano, o objetivo é ultrapassar a marca de dois bilhões. “Esperamos atingir um quarto da população mundial, dois bilhões de pessoas, que assistirão a pelo menos uma partida”, disse a secretária-geral da Fifa, Fatma Samoura.
Como lembra a jornalista esportiva Alicia Soares, nas plataformas digitais o interesse pela Copa do Mundo se mostra em evidência. “O engajamento nas redes sociais está bem legal. Vimos novos recordes da CazéTV durante os jogos de madrugada e isso é muito significativo”, avalia.
O interesse e a importância do evento também é reconhecida pelo Governo federal e por empresas. Pela primeira vez, em 2023, foi permitido o ponto facultativo de servidores públicos federais em partidas do Brasil na Copa do Mundo. Em Juiz de Fora, a Prefeitura de Juiz e Fora (PJF) publicou, na quinta-feira (20), uma portaria com a flexibilização dos horários durante os jogos da Seleção. No duelo de estreia, contra o Panamá, na segunda-feira (24), às 8h, o expediente inicia ao meio-dia, e na partida contra a Jamaica, no dia 2 de agosto, às 7h, a jornada de trabalho começa às 11h. Funcionários da UFJF também terão adaptações no expediente, enquanto algumas empresas também aderiram ao horário especial.
Transmissão universitária
Enquanto a bola estiver rolando na Oceania, um grupo de estudantes da Faculdade de Comunicação (Facom) da UFJF estará engajado nas transmissões dos jogos do Brasil na Copa do Mundo deste ano. A equipe será formada por alunos dos cursos de Jornalismo e Rádio, TV e Internet, e conta com oito mulheres, de um total de 15 participantes.
Uma delas é Thais Baldi, estudante de jornalismo, que também participou das transmissões da Copa do Mundo masculina, em 2022. Baldi comenta sobre seu sentimento em estar atuando em um meio ainda predominantemente masculino, como o do futebol e o da cobertura esportiva. “Eu ainda não me sinto 100% segura de falar sobre futebol, porque tenho um receio de cometer um erro e isso ficar marcado. A gente sabe que um erro feminino é muito mais cobrado que um masculino. Mas mesmo com esse receio eu participo, estudo e dou o meu melhor”, comenta Thais.
Outra integrante da equipe é Maria Fernanda Ávila, também estudante de jornalismo, que irá estrear nas transmissões esportivas na partida entre Brasil e Panamá. Ávila se diz ansiosa pela participação. “Poder fazer minha primeira transmissão em uma Copa feminina, junto de uma equipe com um número bem alto de mulheres é um privilégio. Eu tenho certeza que vou aprender muita coisa”, relata.
Os jogos que serão transmitidos pela Rádio Facom estão disponíveis no Instagram do projeto, e as transmissões podem ser acompanhadas através do link.