Juiz-forano denuncia caso de racismo em jogo da seleção de handebol
Thiagus Petrus relata bananas jogadas em quadra na Argentina e mensagens discriminatórias pelas redes sociais
O juiz-forano Thiagus Petrus, capitão da seleção brasileira de handebol, denunciou atos de injúria racial direcionados à equipe do Brasil durante a decisão do Campeonato Sul-Centro Americano da modalidade, no sábado (20), em Buenos Aires, na Argentina. O atleta relatou que bananas foram arremessadas em quadra por torcedores ao final do jogo da seleção contra a equipe da casa. Além disso, o jogador também recebeu mensagens de cunho racista pelas redes sociais após a partida.
Conforme relatou o juiz-forano à Tribuna, ao menos três bananas foram jogadas na quadra logo que a partida foi encerrada, com vitória do Brasil sobre a Argentina por 28 a 26. Após o ocorrido, o jogador e outros companheiros da seleção receberam mensagens com insultos racistas nas redes sociais.
“Ao final do jogo, jogaram três bananas, mas os jogadores da Argentina tiraram o mais rápido possível. Depois, insultaram os jogadores e os atletas da Argentina pediram para parar, para não criar confusão. Foi uma minoria, mais ou menos cinco ou seis pessoas que fizeram isso. Mais tarde, eu e mais alguns companheiros recebemos mais mensagens nas redes sociais”, contou Thiagus.
Ver essa foto no Instagram
O jogador relatou que a situação foi passada para a Confederação Brasileira de Handebol e que o órgão estuda as medidas cabíveis. Em nota, a Confederação repudiou os atos racistas e prestou solidariedade aos atletas, “especialmente o capitão Thiagus Petrus, que também teve suas redes sociais atacadas com mensagens racistas, e à comissão técnica vítimas destes atos repugnantes”.
A Confederação informou que cobrou atitudes da Confederação Sul Centro Americana de Handebol (Coscabal), que organizou a competição, e da Federação Internacional de Handebol (IHF) para que sejam tomadas providências para coibir atos racistas. “Não podemos permitir que episódios deste tipo se repitam. A Confederação exige enérgicas providências das entidades envolvidas para que esse tipo de situação não fique impune”, criticou.
O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) também se manifestou por nota condenando as manifestações racistas. “O COB ressalta que este tipo de violência não deve ser tolerada e pede que as autoridades competentes investiguem e ajam de acordo com a gravidade do caso. Racismo é crime. Combatê-lo diariamente é dever de todos nós”.
Má organização
No post em que denunciou os atos de injúria racial, o capitão da seleção brasileira de handebol também criticou a organização do Campeonato Sul-Centro Americano. O jogador lembrou que a equipe precisou disputar cinco jogos em cinco dias consecutivos, aumentando o risco de lesões, além de ter tido menos de 24 horas de espaço entre dois dos jogos disputados.
Além disso, ainda segundo o relato, houve atrasos no transporte da seleção ao longo da competição e problemas com as instalações que foram disponibilizadas pela organização à equipe.