Após 13 anos na elite estadual, Tupi é rebaixado
Tupi perde para o Cruzeiro por 3 a 0 em Juiz de Fora, cai no Campeonato Mineiro e segue sem vencer na temporada 2019
Não faltam motivos para o torcedor do Tupi esquecer os primeiros três meses de 2019. Esta, no entanto, será uma missão difícil. Certas dores deixam marcas. Foram 11 jogos sem vitória na temporada 2019, campanha que resultou no rebaixamento do Galo Carijó para o Módulo II do Campeonato Mineiro em 2020 com uma rodada de antecedência. O ato final da trajetória pífia aconteceu na tarde de sábado (16) no Estádio Municipal, quando os juiz-foranos receberam o Cruzeiro e foram derrotados por 3 a 0, mais por seus próprios erros do que pela evidente superioridade técnica da Raposa. Os gols foram marcados pelo atacante Fred, de pênalti; o lateral Egídio, de falta; além do gol contra do zagueiro carijó Ayslan, que inaugurou o marcador.
Bastou o juiz apitar o início de jogo para a dura realidade da temporada 2019 bater às portas carijó. Com um minuto de jogo, a zaga do Tupi trocava passes em sua defesa à Guardiola, como senhores do jogo. Só que não. Com extrema facilidade, o meia Rodriguinho apertou a marcação e roubou a bola com facilidade. Robinho levantou na área sem tanta pretensão. Todavia, o lance que parecia fácil virou gol cruzeirense quando o zagueiro Ayslan tentou cortar lance que era do goleiro Vilar e tocou para o fundo das redes. Gol contra, e 1 a 0 para a Raposa.
O apagão inicial foi seguido de muito esforço por parte dos jogadores do Tupi, diante de um Cruzeiro tranquilo, que, com a vantagem no marcador, aguardava o momento certo para dar o bote. As tentativas carijós, no entanto, mostravam-se em vão, a cada desatenção do sistema defensivo. Foi assim aos 19 minutos, quando, em mais uma jogada despretensiosa do Cruzeiro, o zagueiro Guilherme Andrade se embolou na marcação e acabou colocando a mão na bola. Pênalti. Fred na cobrança. Bola no canto esquerdo de Vilar, que não saiu na foto. 2 a 0.
A melhor jogada do Tupi na etapa inicial aconteceu aos 29, quando o atacante Romarinho foi lançado à frente e bateu da entrada da área para defesa tranquila do Fábio. Dez minutos depois, Romarinho levou perigo de novo. Após jogada individual da entrada da área, o camisa 9 chutou rasteiro, obrigando o goleiro cruzeirense a cair no canto e colocar a bola para escanteio. Nada, porém, que ameaçasse a equipe de Belo Horizonte, que levou uma vantagem tranquila para o vestiário.
Esforço x tranquilidade
O segundo tempo emulou a etapa final: muito esforço pelo lado do Tupi; tranquilidade de sobra por parte do Cruzeiro. No duelo da emoção contra a razão, a segunda levava vantagem, e a Raposa sempre esteve mais perto de ampliar o marcador. Aos 11, Fred chegou a balançar as redes carijós uma vez mais, mas a arbitragem pegou impedimento. Dois minutos depois, o artilheiro tentou de letra e carimbou a trave de Vilar. Aos 22, Fred voltou a marcar de cabeça, contudo, foi flagrado novamente em posição irregular, e o gol acabou anulado.
O castigo final veio aos 38. Após Rodriguinho ser derrubado na entrada da área, o lateral-esquerdo Egídio cobrou falta com perfeição e colocou no ângulo esquerdo da meta defendida por Vilar. Uma vez mais, o goleiro carijó nada pôde fazer e viu a bola morrer no fundo das redes, fechando o placar em 3 a 0.
O jogo contra a Raposa, no Estádio Municipal, atraiu o interesse de 4.300 pessoas, sendo 3.290 pagantes, com arrecadação de R$ 85.700.
Adeus melancólico
A triste sina do Tupi no Campeonato Mineiro não chegou ao fim. Na próxima quarta-feira, o Carijó se despede da competição e da elite do futebol mineiro. Com a lanterna queimando-lhe as mãos, com apenas quatro pontos em dez jogos, a equipe viaja para Patos de Minas e enfrenta a URT. Em jogo, a hombridade de lutar por uma única vitória no torneio estadual.
Protesto da torcida
O movimento convocado pela torcida organizada Tribo Carijó, em protesto a atual situação do time, pedia público zero durante a partida. Os membros da organizada manifestaram do lado de fora do estádio. Entretanto, o torcedor comum compareceu ao Mário Helênio para apoiar a equipe.
Antes de a partida começar, membros do movimento SOS Tupi, criado há 20 dias e composto por torcedores e associados que querem mudanças no clube, adotaram uma postura realista diante da situação do time. “A gente não pode aceitar duas quedas em menos de um ano de um time totalmente despreparado. O Tupi, infelizmente, não fez os pontos necessários e dificilmente vai fazer agora. A gente tem uma grande esperança que é o acesso à série C para garantir o calendário do ano”, projeta o torcedor.
Entre os 4.300 presentes, duas faixas foram colocadas a frente do setor destinado ao Tupi na arquibancada. Com os dizeres “Fora Fortuna” e outra com duas hashtags “#SosTupi” e “#devolvamnossotupi”, que se complementava com um trecho do hino “surge da luta a chama viva da esperança”, demonstravam o clima de protesto.
Amor pelo clube
O amor pelo carijó fez o aposentado João Batista Marques, 67 anos, viajar de São Lourenço (MG), há quase 240 km de Juiz de Fora, para apoiar o time. “A situação do Tupi é muito difícil e o gol no início quebrou as expectativas. Mas o jogo você ganha é no campo. Favorito tem, mas isso pode ser quebrado dentro do campo”, relatou esperançoso após o gol contra do Tupi no primeiro minuto de jogo.
As expectativas do aposentado e dos mais otimistas que compareceram à partida, porém, não se confirmaram, e os outros dois gols do Cruzeiro deram fim às chances do Carijó de permanecer na primeira divisão do mineiro. Após o término da partida, a saída dos torcedores foi tranquila.
*Iuri Fontana, estagiário sob supervisão do editor Eduardo Valente