Neta de juiz-forano, mesatenista de 16 anos vai para a Paralimpíada de Paris
Sophia Kelmer é a atleta mais jovem da história do Brasil a conquistar uma medalha no maior evento específico do tênis de mesa
Neta de Hamlet Pernisa, juiz-forano que carregou a tocha olímpica em 2016 e um dos fundadores do curso de Educação Física da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), a carioca Sophia Kelmer vai disputar sua primeira Paralimpíada aos 16 anos. Ela representará o Brasil como mesatenista na principal competição paralímpica do mundo, que será realizada entre os dias 28 de agosto a 4 de setembro, em Paris, na França.
Em entrevista à Tribuna, Sophia conta como está sua preparação e a expectativa para a competição. Ela tem treinado seis vezes por semana em dois períodos, o que totaliza cinco horas diárias na prática do tênis de mesa. Além disso, a jogadora, que está no segundo ano do ensino médio no colégio, realiza academia, fisioterapia e terapia. “Vou em busca de uma medalha, darei meu máximo para conquistar um bom resultado para o Brasil. Mas sei que isso é consequência de um campeonato bem feito. Quero aproveitar, estar feliz por viver esse momento”, diz, sobre a ida para os Jogos de Paris.
Do futebol ao Mundial do tênis de mesa
Como relata, Sophia sempre gostou de esporte, inspirada por toda sua família, em especial, o avô, o juiz-forano Hamlet Pernisa. Ela praticou diversas modalidades e se apaixonou pelo futebol, mas tinha dificuldades por ser a única menina com deficiência que jogava na escola. “Vi que na minha escola tinha uma mesa e resolvi dar uma chance para esse novo esporte. Chegou um momento que comecei a ganhar dos meninos e dos professores, ninguém conseguia me tirar da mesa. Falaram que eu tinha talento e que devia procurar treinar, isso no final de 2018”, relembra.
Um ano depois, Sophia já estava disputando competições a nível nacional por uma escola de tênis de mesa. Ainda em 2019, ela se tornou campeã brasileira adulta na classe 8, com 12 anos. Já em 2021, a atleta participou do seu primeiro campeonato internacional, na França, e conquistou a medalha de bronze. Ela não parou, e conseguiu chegar ao Mundial, também conquistando a terceira colocação – triunfo que lhe rendeu o título de atleta mais jovem da história do Brasil a conquistar uma medalha no maior evento específico do tênis de mesa.
Hoje, Sophia é pentacampeã brasileira adulta, campeã parapanamericana juvenil e a sétima melhor jogadora do mundo em sua categoria. “Minha trajetória foi muito rápida. Não teve um momento que parei pra pensar que era isso que queria para a vida. Sempre fui muito competitiva e foi tudo muito naturalmente. Quem me inspirou sempre é o Hugo Calderano (brasileiro e melhor jogador das Américas), ele começou com os mesmos técnicos que eu”.
Por todas essas conquistas, Sophia recebeu o convite da International Table Tennis Federation (ITTF) para representar o Brasil na Paralímpiada. “Já fui muitas vezes para fora do país representar a seleção brasileira. O esporte me abriu portas, conheci culturas e línguas diferentes. Será minha quarta vez na França, mas agora vai ser uma experiência completamente nova, porque vou estar dentro da vila paralímpica. Uma sensação nova e diferente das outras, estou muito ansiosa”, diz.
No seu futuro, Sophia afirma que quer conquistar muitos resultados expressivos no Brasil, mas busca, principalmente, deixar um legado para as novas gerações. “Incentivar jovens é fundamental. Sei o que represento, então, acima de medalhas, quero mostrar que o esporte é essencial para a vida”, mira a atleta.
*Sob supervisão do editor Gabriel Silva