Caminhada da superação: dupla de amigos completa 107 km em 17 horas

Caminhantes saíram do município de Lima Duarte e passaram por Bias Fortes até retornar ao ponto inicial


Por Gabriel Silva, sob supervisão de Bruno Kaehler

05/06/2021 às 07h00- Atualizada 06/06/2021 às 11h11

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Dupla passou por Bias Fortes em caminhada de 100 quilômetros. (Foto: Jhon Carelli e Claudio Ferreira)

Às 16h25 do último dia 27, os amigos Adelvo Carelli e João Marcos partiram de Lima Duarte para dar início a uma caminhada de cem quilômetros. Cerca de 17 horas depois, a dupla voltou ao ponto inicial cumprindo a tarefa com direito a um “extra”: foram 107 quilômetros andados. A “caminhada da superação”, como foi nomeada pelos autores, registrou mais um capítulo da história dos caminhantes como atletas, marcando também o fortalecimento de uma amizade consolidada a cada passo dos itinerários adotados pela dupla.

Romper a barreira dos cem quilômetros de caminhada foi o desafio mais recente da agenda como atleta da dupla, em uma parceria que começou quase ao acaso. Morador do distrito de Conceição do Ibitipoca, Adelvo resolveu, já durante a pandemia, voltar a praticar uma atividade física depois de dez anos no sedentarismo e escolheu a caminhada. A prática esportiva uniu ele a João Marcos, que já era adepto do esporte. “Um amigo meu me indicou ele (João Marcos) enquanto praticava o esporte. Nós fizemos uma caminhada de Lima Duarte até Bom Jardim e começamos a andar juntos”, relata Adelvo.

Aos poucos, a dupla foi aumentando a distância das caminhadas e traçando objetivos mais ousados. A agenda inclui trajetos, durante a semana, de mais de dez quilômetros andados. Aos finais de semana, eles montam rotas diversas para caminhar entre 40 e 70 quilômetros. “Na medida em que a gente começou a andar mais, começa a ter problema de ter companheiro para caminhar. Como ele (Adelvo) anda muito em Ibitipoca e eu ando muito por aqui (Lima Duarte), a gente se uniu”, explica João Marcos.

Caminhada dos 107 quilômetros

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Caminhantes pararam para alimentação na metade do trajeto. (Foto: Jhon Carelli e Claudio Ferreira)

O itinerário mais desafiador da dupla foi um trajeto que saiu de Lima Duarte e passou por Conceição do Ibitipoca, Bias Fortes e Pedro Teixeira, antes de retornar ao município de origem. O cronograma para andar mais de cem quilômetros foi pensado com antecedência, incluindo uma parada curta para alimentação no meio da estrada, com direito a balde com água para relaxar os pés. “Fora isso, a gente para dois ou três minutos, comemos enquanto andamos”, conta Adelvo, para quem os trajetos longos são um caminho, também, para conhecer os próprios limites. “É tudo aprendizado. A gente vai aprendendo quando a gente tem uma bolha, quando a gente machuca”, avalia.

Após romper a barreira dos três dígitos, a criatividade dos amigos para elaborar trajetos desafiadores já definiu um novo objetivo: a Volta das Transições, roteiro com sete etapas que passa por serras, campos e florestas do interior de Minas, que totaliza mais de 400 quilômetros. “A previsão é de fazer em três dias”, desafia Adelvo. Para conseguir conciliar com a rotina profissional dos dois, a rota é planejada por partes, de modo a ser completada durante os finais de semana.

Esporte e amizade

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“Além de ter a caminhada, formou-se uma amizade”. (Foto: Jhon Carelli e Claudio Ferreira)

A parceria dos atletas deu origem ao grupo “Caminhantes Sem Fronteiras”, que tem a intenção de reunir adeptos da prática esportiva, principalmente aqueles que consigam acompanhar o ritmo da dupla de fundadores. “A ideia é ampliar o grupo. Mas, com essa meta de andar essas distâncias mais longas, está faltando gente que acompanhe”, relata Adelvo.

Mas além dos objetivos esportivos, a prática das atividades físicas é vista por João Marcos como um momento de “meditação” e de cultuar a amizade. “Eu saio para caminhar e, a minha vida, eu tiro da tomada. Eu estou ali de corpo e alma. Sinto um prazer enorme de caminhar”, reflete o atleta que, acima de qualquer outro fator, celebra a amizade fortalecida com o companheiro de estrada. “Além de ter a caminhada, formou-se uma amizade. Se você está horas e horas com a pessoa, caminhando, conversando (…). É uma coisa de convivência mesmo, de estrada”.

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