Preço do litro da gasolina começa a cair em Juiz de Fora
Valor médio do combustível apresentou queda de 7,32% nas últimas quatro semanas. No caso do etanol, redução é ainda maior e chega a 12,6%
O preço da gasolina em Juiz de Fora teve queda de 7,32% nas últimas quatro semanas. Conforme levantamento da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) divulgado nesta segunda-feira (27), a redução foi de cerca de R$ 0,35 em comparação com a pesquisa realizada na semana entre 29 de março e 4 de abril.

Os valores de combustível praticados na cidade vêm sendo questionados pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e pela Agência de Proteção e Defesa do Consumidor de Juiz de Fora (Procon/JF), bem como têm sido alvo de manifestação de motoristas de transporte por aplicativo, ônibus de viagem, caminhões, vans escolares e motoboys.
Em Juiz de Fora, a última coleta da ANP, realizada entre os dias 19 e 25 de abril, mostra que os valores da gasolina variaram entre R$ 4,090 e R$ 4,449, custando ao consumidor, em média, R$ 4,417. No início do mês, o combustível estava sendo comercializado a uma média de R$ 4,766, oscilando de R$ 4,590 e R$ 4,899.
Comparando os quatro primeiros meses do ano, o preço da gasolina teve redução de cerca de 8,14%. Enquanto em janeiro o preço médio do combustível estava em R$ 4,873 em Juiz de Fora, em abril o valor caiu para R$ 4,476. Em abril do ano passado, a gasolina era comercializada a R$ 4,751 o litro.
A queda dos preços na cidade segue uma tendência estadual e nacional. Em Minas Gerais, a redução foi de 6,94% nas últimas quatro semanas, enquanto no Brasil, de 7,12%, ambos nas bombas. Na semana passada, a Petrobras anunciou nova retração junto às refinarias. A gasolina teve queda de 8%, acumulando redução de 52,3% no ano.
Etanol
O etanol também teve queda de preços em Juiz de Fora no último mês. No início de abril, estava custando, em média R$ 3,545 o litro, variando entre R$ 3,360 e R$ 3,599. Conforme a última pesquisa da ANP, o combustível estava sendo comercializado a uma média de R$ 3,096 na semana passada, com preço mínimo de R$ 2,990 e máximo de R$ 3,149. Desta forma, o valor do etanol teve redução de cerca de R$ 0,44, o que representa 12,6%.
Motoristas manifestam-se contra preços
Os valores dos combustíveis praticados pelos postos já foram alvo de três manifestações em Juiz de Fora. A última delas, na quinta-feira (23), reuniu motoristas de transporte por aplicativo, ônibus de viagem, caminhões, vans escolares e motoboys, que saíram em carreata pelas ruas para pedir agilidade das autoridades na fiscalização dos estabelecimentos, diante da ausência do repasse da queda de preços das refinarias para as bombas.
De acordo com o presidente da Associação dos Motoristas de Aplicativos de Juiz de Fora (Amoaplic/JF), organizadora do movimento, Júlio César Peixe, mesmo com a retração verificada no último mês, a categoria defende que os valores ainda não são satisfatórios. “Dentro do nosso próprio estado, em cidades vizinhas, o combustível está muito mais barato do que em Juiz de Fora”, aponta. “Não estamos satisfeitos ainda porque não reduziram o preço de forma devida. Se for preciso, vamos fazer outra manifestação.”
Ainda segundo o presidente da Amoaplic/JF, as viagens por aplicativo sofreram queda de 50% no movimento por conta da epidemia do novo coronavírus (Covid-19), considerando o regime do isolamento social e que grande parte do comércio na cidade está fechada. “Tem pessoas preocupadas dentro de casa porque não conseguem sair para trabalhar, não conseguem ganhar dinheiro. Em uma situação como essa, vemos outras se aproveitando, como o combustível caro do jeito que está, sendo que na refinaria está tendo desconto e não estão repassando para nós.”
MPMG investiga postos em JF
Na tarde desta segunda-feira (27), o superintendente da Agência de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon/JF), Eduardo Schröder, esteve na Câmara Municipal para apresentar informações a respeito de investigação em andamento no Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), sobre os preços de combustível praticados em Juiz de Fora. Como publicado em reportagem da Tribuna em 19 de abril, o MPMG instaurou 22 processos administrativos para apurar supostos “aumentos arbitrários de lucro” na comercialização de combustível na cidade. Os procedimentos foram resultado de fiscalização realizada pelo Procon/JF, em parceria com o órgão, que abrangeu todos os estabelecimentos do setor no município.
Como o MPMG havia informado, os processos administrativos foram instaurados nos casos em que postos revendedores praticaram margem de lucro do etanol e da gasolina acima de 30%, percentual calculado tendo por base a Lei de Crimes Contra a Economia Popular. O levantamento dos órgãos também apontou que, dos 67 estabelecimentos que comercializam combustíveis em Juiz de Fora, 85% praticariam valores alinhados, com diferenças ínfimas, de apenas R$ 0,02 na gasolina. Do total, 39 estabelecimentos cobravam valores iguais a R$ 4,499. Com relação ao etanol, 54 postos apresentaram variação de apenas R$ 0,03, oscilando de R$ 3,169 a R$ 3,199.
Procurado pela Tribuna, o Procon/JF informou que a Superintendência de Defesa da Concorrência e Estudos e Regulação Econômica da ANP (SDR/ANP) solicitou o relatório da fiscalização e investigação, que deverá ser encaminhado pelo Procon/JF ainda esta semana. “A Superintendência fará uma análise do mercado de combustíveis de Juiz de Fora e, sendo constatada a formação de cartel, os dados deverão ser encaminhados ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).”
Postos têm queda de vendas de até 70%, diz Minaspetro
Na última sexta-feira (24), o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro), Carlos Guimarães, divulgou uma carta aberta explicando porque as baixas nas refinarias não chegam integralmente aos postos. No documento, o representante da categoria aponta que, com a epidemia, os estabelecimentos varejistas de combustíveis no estado, bem como em todo o país, sofreram uma queda de 50% em suas vendas, sendo que, em alguns casos, a redução no faturamento tem sido de até 70%. Além disso, o presidente reforçou que o valor final para o consumidor depende de outros fatores, como impostos. Tal ponto seria o principal dificultador no repasse dos valores.
Procurada novamente pela reportagem, a assessoria do Minaspetro reforçou, também, um posicionamento anteriormente encaminhado à Tribuna sobre os processos administrativos instaurados pelo MPMG. Na ocasião, a categoria informou que a 13ª Promotoria de Juiz de Fora encaminhou à entidade uma recomendação para que os associados “não aumentem, sem fundamento, no custo de aquisição a margem de lucro, ou caso não tenham reduzido os preços, que adotem valores condizentes com as reduções obtidas na compra dos combustíveis, nos últimos três meses, sob pena de sanções legais”. O sindicato apontou “discordância total sobre este tipo de intervenção do Poder Público em uma atividade varejista que, por lei, se desenvolve sob a livre iniciativa e o livre mercado”.