Juiz de Fora movimenta mais de R$ 400 milhões com pagamento do 13º salário
Valor médio do benefício será de R$ 3.096,78, conforme Dieese
A partir do dia 30 de novembro, a economia de Juiz de Fora deve receber a injeção de R$ 464.343.580 provenientes do pagamento do 13º salário aos trabalhadores celetistas da cidade. O cálculo foi baseado no total de 149.944 trabalhadores com carteira assinada no município, conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), vinculado ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). A média do benefício por pessoa foi estimada em R$ 3.096,78, de acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Para estimar o valor do 13º salário, o Dieese utilizou dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) e do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), além de informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PnadC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), da Previdência Social e da Secretaria do Tesouro Nacional (STN).
O órgão projeta que o pagamento do 13º salário deverá injetar R$ 321,4 bilhões na economia nacional, o que equivale a cerca de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Esse montante será destinado aos trabalhadores do mercado formal, incluindo empregados domésticos, além de aposentados, pensionistas e beneficiários da Previdência Social, bem como aqueles que recebem pensões pela União, estados e municípios. Ao todo, aproximadamente 92,2 milhões de brasileiros devem ser beneficiados por esse rendimento adicional.
Conforme a legislação, o pagamento do 13º salário deve ser efetuado até o dia 30 de novembro. Contudo, como este ano a data cairá em um sábado, as empresas devem antecipar o depósito para a sexta-feira. Popularmente conhecido como “gratificação natalina”, o benefício pode ser pago em parcela única ou dividido em até duas partes. Caso seja parcelado, a segunda parcela deve ser depositada até 20 de dezembro.
É importante destacar que o valor estimado de R$ 464.343.580 refere-se exclusivamente aos trabalhadores formais, ou seja, aqueles que possuem carteira assinada. Quando se consideram os trabalhadores informais e os servidores públicos, o montante injetado na economia local é ainda maior.
Governo de Minas pagará valor em parcela única
O Governo de Minas Gerais confirmou que o pagamento do 13º salário dos servidores públicos estaduais será realizado em parcela única no dia 14 de dezembro. A medida beneficia mais de 640 mil servidores ativos e inativos, além de 52 mil pensionistas, totalizando desembolso superior a R$ 4,1 bilhões. Os números foram calculados com base na folha de pagamento de setembro de 2024, e o valor mencionado não inclui os encargos patronais.
A Tribuna questionou a Prefeitura de Juiz de Fora sobre o pagamento do 13º dos servidores municipais, no entanto não teve retorno até o fechamento desta edição.
Primeira parcela deve ser direcionada ao pagamento de dívidas
Segundo Emerson Beloti, presidente do Sindicato do Comércio de Juiz de Fora e vice-presidente da Fecomércio, a primeira parcela do 13º salário, que será paga ainda em novembro, provavelmente não será totalmente direcionada a consumo. “Historicamente, observamos que este é um momento em que muitas pessoas destinam esse dinheiro ao pagamento de dívidas em atraso, quitando passivos acumulados ao longo do ano. Com esse recurso extra, finalmente conseguem regularizar suas pendências.”
Já a segunda parcela, por sua vez, tende a ser destinada aos gastos típicos de fim de ano, como a compra de presentes de Natal. “Embora algumas famílias prefiram poupar esse dinheiro para despesas do início do ano, como IPVA e IPTU, muitas utilizam uma parte do valor nas compras de Natal e Réveillon. É com o pagamento da segunda parcela, em dezembro, que o comércio de Juiz de Fora realmente sentirá os efeitos dessa injeção de recursos na economia”, conclui.
Média do 13º dos trabalhadores domésticos é quase a metade da média nacional
Segundo Fernando Ferreira Duarte, supervisor técnico do Dieese em Minas Gerais, o valor médio estimado para o pagamento do 13º salário, de R$ 3.096,78, equivale a 2,2 salários mínimos. Esse cálculo considera a média de todos os trabalhadores celetistas, aposentados e pensionistas do Brasil. “No entanto, há disparidades significativas nos valores a serem recebidos entre as categorias. Trabalhadores domésticos, por exemplo, devem receber, em média, R$ 1.730,20, enquanto aposentados e pensionistas contaram com valor médio de R$ 1.758,51”, explica.
Duarte ainda ressalta que o salário mínimo no Brasil está longe de atender plenamente os preceitos constitucionais que determinam sua capacidade de cobrir gastos essenciais como alimentação, saúde, moradia, lazer, transporte, vestuário, educação e higiene, tanto para o trabalhador quanto para sua família. “O Dieese calcula que, para cumprir esse papel, o salário mínimo necessário deveria ser de aproximadamente R$ 7 mil, um valor muito superior ao praticado atualmente”, afirma. Ele explica que, embora o Brasil possua uma política de recuperação gradual do salário mínimo, baseada no reajuste anual pelo INPC e pela variação do PIB, o cenário ainda reflete baixos salários, impactando a maioria da população que depende do piso nacional.
Chance para regularizar as finanças
Haroldo Andrade Junior, professor de Ciências Contábeis da Estácio, destaca a importância de um bom planejamento financeiro e dá dicas de como usar o 13º salário para regularizar as finanças. “É importante colocar no papel todos os custos fixos e variáveis, detalhando as receitas e as despesas, com metas de curto e longo prazo, separando o que é necessário do que é supérfluo”, afirma o especialista.
Ele sugere que a prioridade seja pagar dívidas urgentes, especialmente de cartão de crédito e cheque especial, cujas taxas de juros são elevadas. Se houver sobra de recursos, Andrade recomenda antecipar o pagamento de despesas fixas do início do ano, como IPTU, IPVA e material escolar, para obter descontos.
Para os que não estão endividados, Haroldo aconselha fazer uma reserva de emergência. “Uma boa estratégia é investir no CDB com resgate automático, que pode ser sacado a qualquer momento”, diz ele. No entanto, se o objetivo for um investimento de longo prazo, ele sugere considerar os títulos do Tesouro Direto, que oferecem segurança e rentabilidade sem risco de perdas. Já para quem está endividado e não consegue quitar tudo de uma vez, o professor orienta: “Pague as contas que estão mais próximas de vencer e negocie com o credor uma redução dos juros e das multas.”
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