Bares e restaurantes interditados

A lista de estabelecimentos interditados durante a força-tarefa que fiscalizou 75 bares e restaurantes do Centro na semana passada foi divulgada ontem pelo Procon/JF. A ação encabeçada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), por meio das promotorias de Defesa da Saúde e Defesa do Consumidor, também contou com a participação da Vigilância Sanitária. Dos 18 estabelecimentos impedidos de funcionar, quatro realizaram correções e retornaram à ativa, dez trabalham em reformas para atender às exigências necessárias e esperam abrir em breve, três possuem futuro incerto e um já fechou as portas.
A Tribuna entrou em contato com os comerciantes, alguns tradicionais na cidade, que se mostraram indignados pela falta de prazo para realizar as adequações solicitadas pela fiscalização. “É final do mês, estamos atravessando uma crise, e os fiscais chegam aqui e fecham o estabelecimento por conta de pequenas reformas. Não nos deram um prazo para podermos atender às exigências”, disse uma das empresárias. Também foi questionado o fato do MPMG não especificar aos consumidores em quais estabelecimentos foram encontrados problemas graves como presença de roedores, baratas e alimentos estragados. “A informação incompleta compromete o nome de todos os estabelecimentos”, destacou outro empresário.
O promotor de Defesa da Saúde, Rodrigo Barros, explicou que a interdição foi imediata porque “o risco era presente”. “Independentemente da natureza do problema, as irregularidades encontradas acarretavam risco ao desenvolvimento da atividade do estabelecimento, por isso, não seria possível permitir a continuidade do funcionamento se ainda houvesse as inadequações.”
Os restaurantes Cantina do Amigão e Fartura no Fogão, localizados na Rua Santa Rita, e as lanchonetes Sabor da Fruta Lanches e Palladium Lanches, ambas na Rua Batista de Oliveira, já fizeram as adequações necessárias e voltaram a atender os clientes. “No nosso caso, foi a necessidade de pintar o teto, aumentar a iluminação e trocar um aparelho. Foram problemas resolvidos em dois dias. Nenhum grama de comida foi recolhida pela fiscalização”, explicou o proprietário da Cantina do Amigão, Vinícius Schettino.
A interdição do restaurante Fartura no Fogão durou apenas um dia. “Foram questões muito pontuais. Um extintor de incêndio que estava no chão e deveria estar na parede, o banheiro que possuía uma arte em massa e deveria ser azulejado e o armário dos funcionários que ficava no segundo andar, e nos disseram que a escada não deveria ser utilizada.Não tivemos nenhum tipo de problema com a comida”, relata a dona do Fartura no Fogão, Isa Maria de Oliveira.
Questões estruturais também interditaram a lanchonete Sabor da Fruta Lanches, segundo o empresário Paulo Fernando. “Estamos com a dedetização em dia”, enfatizou.”Tivemos que pintar a cozinha e, enquanto estávamos em obras, não podíamos abrir. Também nos pediram para comprar recipientes plásticos específicos para os alimentos.”
Já a Palladium Lanches teve que modificar o sistema de trabalho. “O problema que os fiscais encontraram foi com relação à caixa d’água. Como estamos em um prédio, não temos como realizar as modificações. A solução foi parar de produzir os lanches. Agora compramos de um fornecedor e revendemos”, explicou a proprietária Andréia Mattos.
O superintendente do Procon/JF, Nilson Ferreira Neto, explica que as interdições foram cautelares. “O que justifica o fato dos locais poderem retomar as atividades após realizarem as adequações necessárias.” Ele destaca que a fiscalização será expandida para os estabelecimentos dos bairros.
Comerciantes tentam se adequar às exigências
Há uma semana, o Bar do Gaúcho, localizado na Braz Bernardino, está em obras. “Segundo a fiscalização, a nossa cozinha tinha um grande fluxo de pessoas para um espaço pequeno”, conta a dona do estabelecimento, Irene Maria de Oliveira. “Vamos clarear o ambiente, trocar o fogão por um menor, arrumar pisos e fios que estão soltos e levantar uma parede para que a cozinha não fique exposta.”Trabalho semelhante está sendo feito no restaurante Alegria de Minas, na Rua Santa Rita. “Já estamos reformando a cozinha, trocando piso e encanamento”, disse um dos donos, Jader de Oliveira.
Na Avenida Getúlio Vargas, três estabelecimentos trabalham para conseguir retornar às atividades. Na lanchonete King’s Lanches, Rafael Ferreira conta que já reformou a cozinha, trocou armários, colocou proteção nas lâmpadas e um exaustor. “Só estamos aguardando a liberação dos fiscais.” Ele ressalta que a dedetização e a limpeza da caixa d’água sempre estiveram em dia. A Grill Lancheteria está parcialmente fechada e com uma placa informando sobre a reforma. Um dos funcionários disse que apenas o proprietário poderia dar detalhes do serviço, mas que, no momento em que a reportagem esteve no ponto, ele não estava. Alguns metros adiante, a Pastelaria Cangdong estava com as portas fechadas e aviso sobre reforma. Ninguém foi encontrado no local para falar.
A expectativa do empresário Josemar Talho, dono da Cia do Suco, na Galeria João Beraldo, é retomar o trabalho ainda essa semana. “Concordamos com a fiscalização e atendemos às exigências. Trocamos prateleiras de madeira por armários de aço e retiramos freezer e geladeira que não estavam sendo usados.” A gerência da Churrascaria Giramundo, na Avenida Brasil, espera retomar as atividades no fim de semana. “Aproveitamos e fizemos reforma completa e redecoramos o ambiente. Nossos problemas foram só estruturais porque o imóvel é antigo.”
O Restaurante Sucos Pops, em uma galeria do Calçadão da Halfeld, está com as portas fechadas e aviso de reformas. O proprietário, que não quis entrar em detalhes a respeito da obra e das exigências, confirmou que as mesmas estão acontecendo. A Tropical Sucos e Lanches, na Rua Batista de Oliveira, está em obras. No espaço não há mais móvel relativo à lanchonete. O dono não foi encontrado no local.
A interdição do Bar e Lanchonete Rainha, na Rua São João, foi parcial. “Temos duas cozinhas, e em uma delas foi solicitada a colocação de parede para separá-la do estoque. Continuamos atendendo, pois a outra cozinha está de acordo com a fiscalização”, explicou o dono Ruimar Costa César.
Incerteza entre alguns afetados pela fiscalização
Os restaurantes In Gula, no Calçadão da Rua Halfeld, Marechal, na Rua Marechal Deodoro, e Primavera, na Galeria Bruno Barbosa, têm futuro incerto. No primeiro, a fiscalização solicitou reformas na cozinha, que possui teto baixo e ausência de janelas para saída de calor. “São apenas adequações estruturais, mas que não podem ser realizadas pela natureza do imóvel. Estamos pensando o que poderemos fazer, talvez abrir uma franquia. Ainda não sabemos”, informa a supervisora administrativa Maria Aparecida Franco.
A mesma preocupação é da proprietária do Restaurante Marechal, Juliana Ferraz. “Acabamos de reformar o imóvel, mas nos foram pedidas mudanças estruturais como alterar o chão de taco para piso lavável e trocar o teto. A casa é antiga e está em processo de tombamento, não podemos fazer essas mudanças”, explica. “Fiquei chateada porque estou há seis anos neste ponto e já passei por outras fiscalizações e nunca me pediram isso.” Ela diz que ainda não sabe como irá proceder. “Talvez tenha que mudar de espaço.” E destaca que nenhum tipo de problema higiênico-sanitário foi verificado no local.
O proprietário do restaurante Primavera, Alberto Antônio Dias de Almeida, diz que as adequações na cozinha “são inviáveis”. Segundo ele, o cômodo não funciona há cinco anos. “Desde então, temos servido apenas bebidas, mas, como não podemos mais funcionar, pretendo passar o ponto. Estou no aguardo da negociação”, destacou ele, acrescentando que o imóvel é próprio. “Para nós, fica a frustração, afinal, foram 57 anos de atividades. Achei que iria embora e o Primavera ficaria. Muita gente sentirá falta.”
Portas fechadas
Também interditada, a lanchonete Baalbec, na Galeria Phintias Guimarães, encerrou as atividades, conforme a vizinhança. O local está com as portas fechadas e o letreiro foi retirado. O imóvel já teria sido entregue para a imobiliária. A Tribuna não conseguiu fazer contato com o proprietário.
* colaborou Bárbara Riolino