Greve dos bancários atinge agências na região central
Atualizada às 19h58, 06/09
O juiz-forano que foi ao banco ontem, quinto dia útil de setembro, enfrentou dificuldades. Do total de 59 agências localizadas na cidade, 37 tiveram as atividades interrompidas durante o primeiro dia de greve dos bancários. O número corresponde a 62% dos estabelecimentos. A Tribuna percorreu o Centro e constatou que a situação contribuiu para aumentar a demanda nos caixas eletrônicos e casas lotéricas, que formaram longas filas logo pela manhã.
Uma comerciante conta que desistiu de fazer depósito na agência do Santander, localizada na Rua Halfeld. “A fila que se formou ia para fora do banco. Então me encaminhei à agência da Avenida Rio Branco.” Segundo ela, no estabelecimento também não foi possível efetuar a operação. “Nenhum caixa estava realizando essa função.” Para evitar transtornos, uma estudante relata que buscou informações com a instituição de ensino sobre alternativas para pagar a mensalidade. “Fui orientada a entrar em contato com a instituição por telefone. Repassei meus dados de cartão para o setor financeiro, que já oferece esse serviço, e consegui quitar a fatura sem sair de casa.”
Orientações
A Proteste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor) explica que é preciso buscar alternativas para a realização dos serviços de banco. “O consumidor não pode se valer da greve para protelar os pagamentos. Por isso, deve ficar alerta à data de vencimento das contas e procurar maneiras para quitá-las, evitando-se, assim, problemas futuros.” Internet banking, aplicativos de celular, correspondentes bancários e a UAI, localizada no Independência Shopping, são alguns dos canais que podem ser usados pelos juiz-foranos (ver quadro). O órgão reforça que aposentados e pensionistas do INSS podem retirar o dinheiro nos caixas eletrônicos durante a greve. Apenas aqueles que recebem pela Caixa Econômica deverão solicitar o benefício em casas lotéricas.
Movimento
O Sindicato dos Bancários da Zona da Mata e Sul de Minas (Sintraf JF) informou que a adesão de trabalhadores de instituições privadas e públicas chegou a 51% em ambas as regiões. A expectativa é que este percentual aumente nos próximos dias. “Os serviços de atendimentos prioritários para os aposentados, compensação, devolução de cheques e aqueles realizados através de terminais eletrônicos estão mantidos. A categoria segue a Lei de Greve nº 7.783.” O presidente do Sintraf JF, Watoira Antônio, afirmou que a greve foi o último meio encontrado para solucionar a intransigência dos banqueiros diante das reivindicações. “O banco nunca nos deu nada, tudo o que conseguimos até hoje foi através de muito trabalho e árdua luta. A greve é incômoda para a população, mas é legítima.”
Nova negociação ocorre sexta
A greve dos bancários segue movimento nacional. Segundo a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), a paralisação fechou 7.359 agências em todo o país ontem. A Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) comunicou nova rodada de negociações para sexta-feira (9).
Além do reajuste salarial, a categoria reivindica a manutenção de agências físicas e postos de trabalho. A pauta unificada da negociação inclui reajuste de 14,57%, sendo 5% de aumento real e 9,57% de correção inflacionária, participação nos lucros e resultados (PLR) de três salários mais R$ 8.317,90 e piso salarial de R$ 3.940,24 – salário mínimo calculado pelo Dieese. A proposta da Fenaban, que consiste em reajuste de 6,5% sobre salários e benefícios e mais R$ 3 mil de abono, foi rejeitada pelos trabalhadores.
* Colaborou Juliana Netto