Confira dicas do que assistir e acompanhar na Mostra de Cinema de Tiradentes
Programação com tema ‘Que cinema é esse?’ e homenagem à atriz Bruna Linzmeyer toma conta da cidade histórica
Os ares de Tiradentes já estão diferentes. A Mostra de Cinema de Tiradentes começou na última sexta-feira (24) e já no primeiro fim de semana traz filmes muito aguardados pelo público: “Girassol vermelho”, de Eder Santos, “Baby”, de Marcelo Caetano”, “Milton Bituca Nascimento”, de Flávia Moraes e “Malês”, de Antônio Pitanga. Além desses filmes, a programação se estende até o próximo sábado (1) com 140 obras sendo exibidas em três espaços de forma gratuita para o público de todas as idades. A edição ainda conta com o tema “Que cinema é esse?”, que busca refletir os caminhos do cinema brasileiro e faz uma homenagem à atriz Bruna Linzmeyer.
Confira alguns longas que são destaque na programação
A Mostra de Cinema de Tiradentes é, desde seu começo, responsável por exibir pela primeira vez filmes que são muito importantes para a história do cinema brasileiro. A produção que abriu a mostra é “Girassol vermelho”, que se baseia em contos de Murilo Rubião e conta com Chico Diaz no papel principal. A trama se volta para um homem que busca liberdade, em uma cidade em que o sistema opressor desafia qualquer tipo de questionamento. O ator, inclusive, está presente na mostra para discutir seu trabalho e a diversidade de papéis que interpretou na carreira.
No sábado (25), outras pré-estreias nacionais são “Para Lota”, de Bruno Safadi e Ricardo Pretti – que se aprofunda na história de Lota Macedo Soares, a poeta Elizabeth Bishop e a criação do parque do Flamengo -, e “Malês”, que apresenta uma jornada de resistência e coragem a partir de dois jovens que são levados para Salvador e se envolvem na maior insurreição de escravizados do país.
Já neste domingo (26), às 16h, será a vez de “Baby”, de Marcelo Caetano, que faz parte da Mostra Homenagem, direcionada a exibir filmes que contam com a participação da homenageada da edição, Bruna Linzmeyer. O filme já foi premiado em Cannes, em 2024, e conta a história de um homem que acabou de sair de um centro de detenção juvenil e vaga pelas ruas de São Paulo, até que encontra um cinema pornô. Mais tarde, às 21h, “Milton Bituca Nascimento” leva para as telas a última turnê do show que emocionou o Brasil, e conta ainda com uma roda de conversas logo após a exibição.
Durante a semana, vários outros filmes chamam a atenção, como “3 Obás de Xangô”, que será exibido na quinta-feira (21), e é um documentário sobre a amizade incondicional entre Jorge Amado, Dorival Caymmi e Carybé. Além disso, no último dia da mostra (1), os filmes “Suçuarana”, de Clarissa Campolina e Sérgio Borges, que já participou de vários festivais internacionais, é exibido, e logo em seguida “Kasa branca”, de Luciano Vidigal, ganhador do Festival do Rio, encerra a programação do Cine-Praça.
Além disso, competem na mostra Olhos Livres os longas “Prédio vazio” (ES), de Rodrigo Aragão; “A primavera” (PE), de Daniel Aragão e Sergio Bivar, “Deuses da peste” (SP/MG), de Gabriela Luíza e Tiago Mata Machado, “O mundo dos mortos” (RJ), de Pedro Tavares; “As muitas mortes de Antônio Parreiras” (RJ/CE), de Lucas Parente; “Vida secreta de três homens” (PE), de Letícia Simões e “Batguano 2” (PB), de Tavinho Teixeira. Já na Mostra Aurora, estão em disputa Margeado” (ES), de Diego Zon; “Um minuto é uma eternidade para quem está sofrendo” (SE), de Fábio Rogério e Wesley Pereira de Castro; “Nem Deus é tão justo quanto seus jeans” (SP), de Sergio Silva; “Kickflip” (SP), de Lucca Filippin; “Cartografias das ondas” (RJ/BA), de Heloísa Machado e “Resumo da ópera” (CE), de Honório Félix e Breno de Lacerda.
Mostras levam curtas para todos os públicos
A oportunidade de assistir a curtas de cineastas de todas as partes do Brasil e que são feitos para todos os públicos também é um dos grandes atrativos da mostra. Os filmes são reunidos de acordo com alguns eixos e são exibidos todos os dias da programação, tanto no Cine-Tenda quanto no Cine-Praça.
Os filmes também competem na mostra “Foco”, que inclui “Não me abandone” (SP), de Gabriel Vieira de Mello; “Entre corpos” (AL), de Mayra Costa; “Osmo” (DF), de Pablo Gonçalo; “Estrela brava” (RJ), de Jorge Polo; “Memórias despejadas (ou “A Enchente Levou Tudo, E Encontraram A Luta), de Juliana Koetz (RS) “Trabalho de amor perdido” (SP), de Vinícius Romero; “Céu da boca” (CE e RJ), de Isabel Veiga; “Tamagotchi_balé” (RJ), de Anna Costa e Silva; “Sem título # 9: Nem todas as flores da falta” (SP), de Carlos Adriano; “HEYARI: Espalhar fumaça para fazer adoecer colocando feitiço no fogo” (SC), de Daniel Velasco Leão; “Jamais visto” (MG), de Natália Reis; “O mediador” (BA), de Marcus Curvelo e “Marmita” (SP), de Guilherme Peraro.
Fórum discute políticas públicas
Em meio a um cenário em que a inteligência artificial está adentrando todas as artes e muitas profissões estão sendo ameaçadas, discutir políticas públicas voltadas para o cinema se tornou ainda mais importante. Esse e outros assuntos são focos de debate, reflexão e proposição de ações durante o Fórum de Tiradentes, que acontece pela terceira vez em 2025, e discute os temas que atingem o setor.
No total, são mais de 70 profissionais do setor audiovisual que se reúnem durante a mostra, em seis grupos de trabalho, para discutir a construção de políticas públicas mais eficazes e que incentivem o desenvolvimento de novos projetos no campo. Essas discussões são voltadas para: formação, produção, exibição/difusão, distribuição/circulação, preservação e observatórios. No final, são formuladas recomendações especificas e transversais sobre o audiovisual, que buscam, sobretudo, descentralização, diversidade, democracia, desenvolvimento econômico e social do cinema. A novidade do ano é o novo grupo de trabalho chamado GT Observatórios, que fortalece a rede de colaboração entre os Observatórios Audiovisuais Brasileiros.
Um lugar de debate
Além do fórum, outros tipos de debate ocupam a programação da Mostra de Cinema de Tiradentes. Há aqueles que abrem diálogo sobre os filmes exibidos, todos os dias, pela manhã, no Cine-Teatro, além de encontros que abordam os temas que atingem a produção tanto nacional quanto internacional nos dias de hoje. Os curadores, homenageados e convidados apresentam suas visões e dão encaminhamentos que ajudam a pensar no tema que se apresenta em todos os momentos: “Que cinema é esse?”.
A programação completa está disponível no site da Mostra de Cinema de Tiradentes, que é realizada pela Universo Produção.
*A repórter viajou a convite da Universo Produção
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