‘Eu sei que vou te amar’ em releituras
Na poética de Vinicius de Moraes, assuntos profundos vinham à tona de maneira simples. Mas interpretar um trecho de uma das mais célebres composições do artista mostrou-se tarefa das mais complexas, segundo Petrillo, curador da mostra Eu sei que vou te amar…, aberta, a partir de hoje, na Hiato – Ambiente de Arte. A exposição lembra os 100 anos que seriam completados pelo Poetinha em 2013 e reúne 24 artistas plásticos, de Juiz de Fora e também de outras cidades, em suas diversas releituras da frase que dá nome à mostra.
Foi um exercício muito difícil, confessa Petrillo, que também cede um trabalho à coletiva. Vinicius cantava o amor de forma tão fácil, mas, para outros, o amor é um sentimento muito difícil de ser expressado e até mesmo sentido, avalia.
Tarefa árdua e humanamente impossível de ser plenamente concretizada, a compreensão do amor ganha, no trabalho, interpretações diversas, que se expressam em diferentes linguagens e formatos. Exercício plástico-visual, que culmina em uma análise lírica da obra de Vinicius e em uma explosão visual e palpável. Afonso Rodrigues, Felipe Barbosa, Guilherme Mellich, Hélio Siqueira, Julia Milward, Julia Vitral, Lin Lima, Luiz Badia, Luiz Gonzaga, Luiz Lopes, Marcio Zardo, Nina Mello, Paulo Alvarez, Paulo Mendes Faria, Paulo Miranda, Priscilla de Paula, Ramon Brandão, Ricardo Mendonça, Rosana Ricalde, Sandra Sato, Silvio Baptista, Valéria Faria e Vânia Barbosa, além de Petrillo, participam do projeto.
O amor também é cafona, sugere Petrillo, justificando as escolhas da montagem da mostra. Quem nunca fez uma declaração de amor citando Vinicius, ou se identificou com alguma de suas músicas? A ideia de pintar a galeria na cor rosa foi deixada de lado na fase final do projeto. As obras foram encomendadas com a única premissa do tema, não sabíamos o que cada artista enviaria, conta. Por isso, o espaço permanece em branco, sendo marcado apenas pela arte – e ousadia – dos convidados.
Ícone do amor, o formato do coração se destaca em algumas das criações, em cerâmica, preenchido por tecido, impresso em vidro. Trevos de quatro folhas – e seu status de amuleto da sorte -, já desgastados, também se apresentam repletos de significações quando o foco se volta aos relacionamentos amorosos. A filha, o pai, um capacho, um serrote visto por diferentes ângulos.
A artista plástica Vânia Barbosa, de Belo Horizonte, tratou o amor de forma sensível, relacionando-o à saudade. Viúva há alguns meses, segundo o curador, fotografou recados de amor eterno nos troncos das árvores do parque onde foram lançadas as cinzas do marido.
Já na visão de Marcio Zardo, do Rio de Janeiro, a palavra escrita é trabalhada em uma obra de grafite. Amor sem conceituações, sem definições, sem conclusões, considera o artista.
EU SEI QUE VOU TE AMAR
Abertura hoje, às 20h. De segunda a sexta, das 9h ao meio-dia e das 14h às 18h, sábados, das 9h às 13h. Até 16 de novembro
Hiato – Ambiente de Arte
(Rua Coronel de Barros 38 – São Mateus)