Pequenos notáveis

Personagens foram criados como alívio cômico em ‘Meu malvado favorito’ e acabaram fazendo sucesso com o público
Personagens coadjuvantes que roubam a cena dos astros principais não são novidade na seara da animação. Foi assim com os carismáticos Timão e Pumba em “O Rei Leão”, a desmemoriada Dory em “Procurando Nemo”, os pinguins de “Madagascar” e a baixinha invocada Edna Mode de “Os Incríveis”. Dependendo do sucesso, eles podem ganhar séries na TV ou até mesmo filmes derivados dos originais – e este é o caso de “Minions”, principal estreia da semana, estrelada pelos atrapalhados e fiéis ajudantes de Gru na franquia “Meu malvado favorito”.
Onipresentes em canecas, brinquedos, bugigangas em geral e fontes de memes para a internet, os Minions agora têm sua origem contada no longa dirigido pela dupla Pierre Coffin e Kyle Balda, mostrando o caminho que os levou até se tornarem a equipe de apoio para os planos de Gru. Na produção da Universal, as criaturinhas amarelas surgiram milhões de anos atrás como seres unicelulares e, à medida em que evoluíam, decidiram servir as criaturas mais vis que poderiam existir. Foi assim que, no decorrer da existência, eles serviram a personagens ímpares como o Tiranossauro Rex e Napoleão Bonaparte – mais atrapalhando que ajudando, claro.
A trama segue então até a década de 1960, em que os Minions estão deprimidos após a morte de seu mais recente mestre. Necessitando encontrar algum malvado que precise de assistentes, três dos 899 Minions vivos (Kevin, Bob e Steve) vão até Nova York acompanhar uma convenção de vilões e acabam encantados pela inglesa Scarlet Overkill, que pretende ser a primeira supervilã do mundo e tomar para si o posto de Rainha da Inglaterra. O motivo para isso, porém, é dos mais simplórios: traumatizada por não ter ganhado um “dia de princesa” na infância, agora ela quer realizar o sonho na marra.
Enfrentando a Pixar
Com uma trama tão rasa, é difícil imaginar que “Minions” consiga bater – em termos de qualidade – o excepcional “Divertida Mente”, a exuberante volta por cima praticada pela Pixar. A vitória na bilheteria, porém, pode se dar exatamente pelo fato de os Minions já serem conhecidos pelo público, que assistiu aos baixinhos amarelos darem um show como alívio cômico nos dois volumes de “Meu malvado favorito”. Neste longa, por exemplo, eles acabam se misturando ao movimento hippie nos Estados Unidos e tendo de se adaptar ao Mod londrino, rendendo boas piadas para o público. Os Minions também se apaixonam pelo rock and roll, o que é uma boa desculpa para o filme enfileirar alguns clássicos dos Beatles, Kinks, Jimi Hendrix, The Who e The Doors. Nada mal para um punhado de personagens que falam um dialeto que mistura palavras em francês, espanhol, italiano e nomes de alimentos (!) e que foram inspirados em um episódio do desenho animado do Piu-Piu e Frajola – aquele em que o passarinho chato toma uma poção e vira um monstro.