Juiz de Fora ganha novo espaço cultural
Autoria Casa de Cultura foi inaugurada no último sábado com a proposta de reunir literatura, exposições, música e café, no Centro de Juiz de Fora

Cada frase colada na parede, cada lugar onde os móveis foram postos, cada vinil a ser colocado na vitrola, cada livro disponível seja na livraria ou na biblioteca comunitária – tudo na Autoria Casa de Cultura foi pensado de maneira a refletir o que Carol Canêdo e Fernanda Vizian acreditam. E o que elas acreditam é em um espaço de movimentação das várias culturas e das maneiras de pensar, sem o que Carol chama de “pedestal universitário”. Ou seja: lugar de conhecer e trocar. Aberta desde o último sábado, a Autoria, que fica na Rua Batista de Oliveira 931, no segundo andar, no Granbery, está aberta em horário experimental, de segunda a sexta-feira, das 14h às 20h. Elas querem, primeiro, conhecer o público para, aos poucos, ampliar o horário de funcionamento.
A proposta da casa de cultura está explícita no próprio nome: Autoria quer receber os autores. E, mais que isso, fazer com que as pessoas os conheçam. A função, para elas, não se restringe àquele que escreve livros. É, na verdade, qualquer um que cria arte. Por isso, os espaços da Autoria foram pensados de maneira a fazer dialogar as culturas. E já na inauguração isso foi apresentado, já que abriu com exposição de Guilherme Melich, “Olhar a(r)mado”, (que se mantém aberta para visitação), música com Helgi, discotecagem com DJ Daniel Brandão e contação de histórias com Mi Cardoso. Outros eventos, como oficinas, estão sendo pensados para os próximos sábados, quando a casa abre apenas para atividades específicas. Elas também querem que os autores conversem abertamente sobre processo criativo e os trabalhos da profissão.
Um café
Criando, ainda, um ambiente aconchegante, a Autoria funciona como um café: “A gente quer que as pessoas passem, tomem um café e conheçam o nosso espaço e os autores que temos aqui”, conta Carol. Apesar de estar localizado bem no Centro de Juiz de Fora, ela ainda acredita que o espaço, por estar no segundo andar, funciona como um refúgio da confusão do dia a dia.
Democratizar a cultura
Fernanda é a responsável pela editora de livros independentes Paratexto. Quando Carol foi publicar seu livro “Poesia 365”, procurou a fundadora para viabilizar o processo. A partir disso, as duas começaram a trabalhar juntas. Tendo contato com os autores e com a dificuldade que eles enfrentam para conseguir espaço para a circulação dos livros, Carol e Fernanda começaram a idealizar um lugar para preencher essa lacuna. A ideia começou a ser elaborada em dezembro e ficou completa quando acharam o espaço. Carol diz que elas quiseram fazer a reforma na casa de maneira que a arquitetura dialogasse com a proposta. Por causa disso, vários ambientes foram criados e foi possível, por exemplo, já na abertura, ter, do lado de fora, uma apresentação musical acústica e, do lado de dentro, um DJ, mesclando possibilidades dentro da Autoria.
“A gente quer que a casa seja um espaço democrático, que facilite o acesso às culturas”, diz Carol. Uma das ações criadas pela dupla foi a biblioteca comunitária. Nela, os visitantes podem pegar livros para ler em casa e devolver quando terminados, assim como disponibilizar outros para dar seguimento às trocas. Já a livraria da Autoria é voltada aos escritores independentes. “Isso foi a forma que a gente encontrou de tornar a literatura mais acessível e mostrar outros autores para além das outras livrarias. Quando a gente entra nesse ramo, percebe que existe muita gente boa na cidade que ainda é pouco conhecida”, finaliza Carol.