Natal, um presente

Do alto do Parque das Dunas vista para Lago de Genipabu

Tirolesa: das areias fofas para a água morna
Do alto da Ponte Newton Navarro, que liga os litorais Norte e Sul, duas cidades conversam: a de prédios e luzes e a de casebres simples à beira da praia. Ambas são Natal, capital que preserva o clima interiorano para te deixar à vontade, como se estivesse em casa, na mesma medida em que oferece os mais variados serviços na eficiência de uma cidade completa. Num momento, a via extensa e expressa lembra as metrópoles. Em outro, as trilhas nas dunas, com a opção de uma condução emocionante de um bugueiro com o pé firme no acelerador.
Eleita uma das cidades-sede da Copa do Mundo no Brasil, Natal se preparou para a recepção aos turistas, do tratamento afetuoso oferecido pelos motoristas de Buggy (transporte obrigatório!), conhecedores profundos da história local, à infraestrutura confortável de seu aeroporto e seus hotéis. Segundo o historiador e turismólogo Nelson Olsen, há seis anos trabalhando como guia, a oportunidade de receber o mundial serviu para equipar espaços e pessoas. “Percebemos a importância de nos qualificar e, assim, potencializar o turismo na região, que já se mostra como um dos principais destinos do país”, defende ele.
Há algo de peculiar não só na hospitalidade, mas na vista. No Parque das Dunas, onde é possível andar sobre dromedários e jegues com enfeites nas cabeças, a beleza das montanhas de areia em contraste com a Lagoa de Genipabu é um cenário paradisíaco. Nas Dunas de Jacumã, de um lado há o mar azul característico das praias potiguares, e do outro, uma piscina natural de água doce. A areia fina, na qual os pés se afundam a cada passo, também proporciona paisagens quase desérticas e dunas de alturas impressionantes. Da mais alta delas, com cerca de 20 metros, a adrenalina fica por conta de uma descida encantadora de tirolesa. Para os mais arriscados, há o esqui-bunda.
Antes de chegar a Jacumã, porém, é preciso atravessar de balsa o rio Ceará-Mirim. Na ida, o lugar se mostra raso e calmo. Horas mais tarde, emociona ao se apresentar cheio e mais revolto. Arrepiante, o fenômeno das marés é uma das experiências mais inquietantes. A natureza ali é suprema. Por isso, em Natal, o galo canta mais cedo. Às 4h30, o sol já dá as caras para, às 17h, se despedir. O tempo ordena, então, outra vivência, até porque a própria vida noturna da cidade, a despeito de suas ascendentes bandas de rock (como Talma & Gadelha e Clara & A Noite), não é tão notívaga assim.
Após o pôr do sol
Guia como chegar
Com distâncias razoavelmente longas (do Centro até Jacumã, gasta-se aproximadamente 50km), a capital potiguar exige que se antecipe o relógio. Uma boa opção, então, são os resorts na Via Costeira, que oferecem amplos serviços de entretenimento, diferentes piscinas e confortáveis hospedagens para que o turista desfrute das horas após o pôr do sol. Para Dorinha Nascimento, gerente de contas de um dos estrelados resorts, esses espaços conjugam a sofisticação necessária para as viagens de descanso e o contato com a natureza. De fato, o som das ondas quebrando serve de cantiga de ninar nesses hotéis.
Em Pirangi do Norte, município próximo a Natal, o maior cajueiro do mundo é de tirar o fôlego. A árvore frutífera de cerca de 120 anos produz mais de 80 mil cajus na safra e ocupa exagerados 8.500 metros quadrados. Também não podem ser esquecidos os camarões, grandes e saborosos, que servem de base para a gastronomia local. Acompanhamento para qualquer refeição, a deliciosa paçoca de carne de sol é outra a merecer degustação, além do queijo de manteiga, que, de acordo com os nativos, cai superbem derretida no leite. A terra do antropólogo Câmara Cascudo, cujo museu é um dos pontos mais interessantes na capital, tem o tempero das raízes e seus valores, tem o sabor de um futuro solar.
Como chegar
Já existem voos para Natal saindo do Aeroporto Regional Presidente Itamar Franco. Daqui até Guarani, diferentes viações fazem o traslado confortável até o aeroporto (R$ 13,70). A Azul – Linhas Aéreas é a única companhia a fazer o trajeto (pacote de sete dias, incluindo passagens, hospedagem e city tour, a partir de R$ 1.684).
Ainda que conte com escala, em Campinas como de costume, a viagem é rápida e agradável. Por contar com destinos espalhados por diversos cantos da capital potiguar, o ideal é optar por pacotes que já contemplem todos os passeios e, inclusive, receptivo, capaz de guiar, com celeridade, pelos mais interessantes pontos natalenses.
* O repórter viajou a convite da Azul Viagens