‘Foi então que lá em cima apareceu’


Por Tribuna

16/05/2016 às 14h55- Atualizada 16/05/2016 às 15h07

Como nos versos de “Conceição”, seu sucesso mais emblemático, Cauby Peixoto “lá em cima apareceu”, aos 85 anos. O artista, que em meados dos anos 1950 já era o artista de rádio mais famoso do país, faleceu no último domingo (15), às 23h30 aos 85 anos em decorrência de uma pneumonia, no Hospital Sancta Maggiore, no Itaim Bibi, em SP. Como todo o país, os juiz-foranos lamentaram a morte do artista, mas para a cantora Dionísia Moreira, a notícia foi especialmente triste. “Lembro-me de cruzar todo o campo do Sport de braços dados com Cauby, na ocasião em que ele fez um show no clube aqui na cidade. Eu usava um sapato Luís XV, uma saia preta e um blusa vermelha, estava linda para aquele dia de glória, de ter conhecido Cauby”, relembra a artista, contratada da extinta PRB-3, que abriu a apresentação de Cauby Peixoto realizada no Sport Club, realizada em meados dos anos 1950.

O show marcou época, Cauby foi perseguido por uma multidão de fãs enlouquecidas – como acontecia em todo o país, por onde passava -, como se lembra o também cantor da PRB-3 Normando Luiz. “As meninas gritavam, puxavam, agarravam, lembro-me muito deste show, foi um acontecimento na cidade. Como ele veio do rádio, influenciou muito nosso trabalho, cantei várias músicas consagradas na voz do Cauby, como ‘Conceição’, claro, que era a mais famosa, ‘Alguém como tu’, e ‘Bastidores'”, diz o artista. “Ele cantou de tudo, várias vertentes da MPB, todos os artistas de rádio tiveram muita influência de seu trabalho. Sabia que ele estava muito doentinho, mas é muito triste quando um artista deste porte vai embora de vez”, lamenta-se a cantora. “Até hoje interpreto canções que foram sucesso com ele”, diz a artista, em plena atividade aos 84 anos.

Na avaliação de Mário Cézar Manzolilo de Moraes, que foi locutor e diretor-geral da PRB-3, Cauby foi uma das vozes mais privilegiadas da MPB. “Entre os anos 1950 e 1960, ele estava invariavelmente na programação musical. Cauby tem um lugar definitivo da música popular, cantou não apenas MPB, mas boleros, tangos, clássicos da música mundial, e ainda interpretou também em outras línguas. Claro que alguns de seus aspectos eram exagerados, mas não se pode negar seu valor inestimável para a música brasileira”, avalia Mário Cézar, que acompanha a carreira do artista desde o início do sucesso, nos anos 1950. “Lembro-me muito de suas visitas a JF, no show do Sport e em outras festas particulares. É uma pena que eu nunca tenha tido a chance de conversar com ele pessoalmente. Como ele era da Rádio Nacional, nossa concorrente, ele ia sempre aos eventos vinculados a ela. Quis ir a um show dele agora em São Paulo, no mês passado, um projeto que ele estava fazendo com sua grande parceira musical, a Ângela Maria. Mas quando tentei comprar, a lotação já estava esgotada. Não sei, algo me dizia que aquela seria a última oportunidade”, lamenta o radialista.
Na manhã desta segunda-feira, artistas juiz-foranos lamentaram a partida de Cauby Peixoto em suas redes sociais (ver galeria). Em seu Facebook, o músico Thiago Miranda disse que nenhum assunto importava mais neste dia, além da morte do cantor, em postagem de uma foto sua junto ao artista. “Perdemos o dono da VOZ, o maior cantor deste país, o inigualável Cauby Peixoto”, escreveu o humorista Gustavo Mendes. “Mais uma estrela no céu…”, reiterou a cantora Sandra Portella. Cauby Peixoto nasceu em Niterói, em 10 fevereiro de 1931. Começou a participar de programas de calouros no rádio no final da década de 1940 e gravou seu primeiro disco em 1951. Foi um dos grandes ícones da era de ouro do rádio no Brasil e em mais de 50 anos de carreira, gravou quase 140 discos. Esteve em Juiz de Fora em algumas ocasiões, como a do show no Sport, uma apresentação no Raffa’s em meados dos anos 1950 e outras apresentações em eventos particulares.

Veja imagens de Cauby Peixoto em suas visitas a Juiz de Fora:

 

Veja as homenagens de artistas da cidade ao cantor nas redes sociais:

 

 

 

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