Trajetória de Angel Vianna na internet


Por Tribuna

14/12/2012 às 07h00

Eu gostaria muito de assistir à apresentação do ‘Caso do vestido’ na adaptação coreográfica de sua autoria. Infelizmente não poderei ausentar-me do Rio nestas próximas semanas. (…) De bom grado autorizo a adaptação do poema e sua apresentação em espetáculo de beneficência, como solicita em sua carta. Datada de 10 de junho de 1959, a epístola, escrita por Carlos Drummond de Andrade, à mineira Angel Vianna, é um dos documentos valiosos, acondicionados no acervo pessoal da bailarina, que, a partir desta sexta, estarão disponíveis ao público, por meio do site www.angelvianna.art.br. A cerimônia de lançamento do projeto Acervo Angel Vianna – Memória da dança, organizado pela Faculdade Angel Vianna, está marcado para hoje, às 19h, no Centro coreográfico do Rio de Janeiro, localizado no Bairro da Tijuca. A apresentação de uma aula de espetáculo da professora, reunindo profissionais da área e alunos, faz parte da programação. É ótimo dividir com as pessoas a nossa memória, observa a coreógrafa. Ainda tenho muita história a contar e projetos a realizar.

No total, 1.400 arquivos guardarão a história da dança no Brasil, desde a década de 1940: 600 textos publicados na imprensa,163 programas de espetáculos, 400 fotos, vídeos e 34 depoimentos inéditos, como os dos artistas Helena Katz, Maria Alice Poppe e João Saldanha. O jeito que Angel põe o pé dela no chão é o jeito como tudo se organiza. Porque é um pé que enraíza e desliza. Isso sempre foi para mim como uma síntese do que é aquele corpo e por que aquele corpo atravessa tudo o que você imagina que não vai atravessar, afirma Helena Katz em entrevista que faz parte do repositório virtual.

Os assuntos estarão divididos por ordem cronológica. A infância e juventude da pequena Angel, que nasceu em 1928, em Belo Horizonte; a sua entrada no Ballet de Minas Gerais, a contragosto do pai, que não a queria envolvida na dança; a criação da primeira escola, ao lado do marido Klaus Vianna; a mudança do casal para a Bahia e o surgimento da Faculdade Angel Vianna são apenas algumas das passagens da trajetória da bailarina, que, com 84 anos, ainda está em plena atividade. É incrível ver uma senhora, que tem pouca relação com as novas tecnologias, se interessar pelo assunto. Ela tem bastante energia na vida e na cena, constata a jornalista Paula Grinover, que assina a direção do projeto.

A ideia de ordenar vida e obra da artista surgiu em 2006, quando Paula ainda organizava o acervo de Klaus, falecido em 1992. Iniciativa agraciada com o prêmio Petrobras Cultural. Ela salienta que o espaço possibilita consulta em diferentes níveis de profundidade. Quem desejar analisar posteriormente os itens disponíveis, terá a oportunidade de fazer um download em sua máquina. Os mais apressados, que não querem perder tempo percorrendo as mais de oito décadas de história, ainda poderão ir direto ao tópico Melhor do acervo.

Vimos que a Angel tinha um acúmulo de material, em sua casa, muito rico, guardado durante 60 anos. Era preciso digitalizar, pois são documentos que se perdem, por estarem sujeitos aos efeitos do tempo, diz a jornalista, destacando o caráter biográfico da ação. Ela reviu, comentou e acrescentou informações. É algo sem precedentes. É uma obra de referência e não um simples portal de divulgação. A digitalização é patrocinada pela Prefeitura do Rio de Janeiro, com apoio do Centro Coreográfico da cidade.

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