Escolas públicas de JF vivenciam experiência do ‘Teatro Cego’ nesta quarta e quinta
O projeto “Clarear Pra Juventude” busca estimular que a plateia compreenda a trama a partir de diversos sentidos

Nesta quarta-feira (14) e quinta-feira (15), Juiz de Fora recebe o projeto “Clarear Pra Juventude”, uma peça que acontece completamente no escuro. O projeto é realizado pela Companhia de Teatro Cego, e busca estimular que a plateia compreenda a trama a partir de diversos sentidos, como o olfato, paladar, tato e audição, tendo uso especial de sons, vozes e cheiros. Vão ser mais de 900 crianças, de 27 escolas públicas da cidade, que vão conhecer o espetáculo no Teatro Paschoal Carlos Magno, em três sessões fechadas para as escolas, com acesso gratuito.
A montagem “Clarear – Somos todos diferentes” traz a história de cinco jovens que dividem a mesma república. Os personagens são uma deficiente visual, um deficiente auditivo, uma cadeirante, um argentino e uma torcedora fanática de um pequeno time local. A partir da premissa, a trama mostra, com bom humor, a superação de dificuldades de comunicação e convivência entre eles. É um espetáculo de 40 minutos que fala sobre amizade, união e diferenças. A história é interpretada por atores cegos e atores videntes.
Após as apresentações, os alunos presentes também são convidados a participar de uma palestra e de uma roda de bate-papo sobre acessibilidade e integração de pessoas com deficiência. De acordo com a organização, as discussões acontecem com o público ainda privado da visão, sendo incentivado a falar sobre temas como “a inserção de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, acessibilidade em locais públicos para cegos, surdos e cadeirantes e políticas públicas voltadas ao bem-estar de portadores de necessidades especiais”.
O projeto tem como o objetivo provocar reflexões e criar soluções práticas para problemas de acessibilidade e inclusão social. Para completar a experiência, ao final do espetáculo os alunos recebem um gibi em quadrinhos que trata de temas que conversam com as discussões que participaram. Da mesma forma, os professores das escolas presentes também recebem uma cartilha que trata da questão da acessibilidade e da inclusão social das pessoas com deficiência, para que as conversas sobre o tema sejam estendidas para sala de aula, enriquecendo as reflexões sobre o assunto.
Companhia de Teatro Cego
A Companhia de Teatro Cego surgiu no Brasil em 2012, e, desde então, já trouxe peças como “O Grande Viúvo” e “Acorda, Amor!”. O formato que a montagem tem no país foi inspirado na Argentina, em 1990, com o Teatro Ciego Argentino. Com a visita do ator e diretor Paulo Palado a Buenos Aires, ele passou a idealizar o evento em terras brasileiras para promover também espetáculos teatrais completamente no escuro, convidando o público a abdicar da visão e a usar os seus outros quatro sentidos. Além disso, o formato utilizado para as apresentações foge do tradicional, já que a plateia fica distribuída em cadeiras que intercalam cenários e objetos de cena. O público passa a ter uma proximidade muito grande com os atores, que circulam entre esses espaços.