Economizar no riso é bobagem
Agnaldo e Cleusa não têm muita grana, mas ela se acha muito chique. Por isso, até para armar barraco ou empinar o nariz no meio da farofa da praia mais mineira do Espírito Santo, ela não pode se despentear. Estreante na cena da capital mineira em 2015, “Guara-pa-rir” passa por Juiz de Fora nesta sexta-feira, às 21h, para a abertura da quarta edição do Festival de Gargalhadas em Juiz de Fora, carregando a reputação de ter arrastado o maior público da 42ª Campanha de Popularização de teatro de Belo Horizonte. A temporada do riso segue firme até 27 de agosto, no Teatro Pró-Música, sob o comando do diretor teatral Cláudio Ramos e reúne, além de montagens de fora da cidade, peças já consagradas por aqui. Como já se tornou tradição, os ingressos são vendidos a preços populares, R$ 10 ou R$ 12, conforme a atração, mais um litro de leite em caixinha. As doações serão direcionadas a instituições da cidade.
“Abraçamos a concepção de um besteirol assumido como há muito tempo não se via”, conta o ator Guilherme Oliveira, que, no palco, faz uma dobradinha com Kayete, nome que anima as manhãs dos ouvintes do programa Cassino da Kayete da Rádio BH FM. “Queríamos trabalhar para o povo, fazer algo muito popular. E o que é mais popular? A praia”, explica Guilherme, adiantando que nesta comédia o público não se limita à condição de espectador. Ele é cenário e personagem. “Esse texto foi escrito por Ronaldo Ciambroni, autor que escreveu ‘Acredite, um espírito baixou em mim’, um fenômeno. Ronaldo é paulista. Falamos que queríamos falar do quintal dos mineiros, a Praia do Morro. Ele nos entregou o esqueleto de situações corriqueiras de um casal de classe média baixa e fomos recheando com situações nossas. É um espetáculo que não tem a quarta parede. Se a gente achar um fato engraçado proposto pelo público, a gente insere nele.”
O ator diz que, desde a estreia, em novembro passado, “Guara-pa-rir” tem garantido plateias lotadas. Talvez por isso Juiz de Fora ganha reapresentação no dia 13, às 21h. “Já estreamos em 2015 com todos os bilhetes esgotados. Nem nós acreditamos nisso. Estamos fazendo turnê por Minas e já não tem mais ingressos.”
Eternos embates entre homem e mulher
Já que é para fazer rir, Guilherme não economiza e sobe ao palco, às 19h, do dia 13, com “Homem é tudo igual, não vale um real”, monólogo que tem direção do ator Eri Johnson. Prometendo passar longe do politicamente correto, a produção traz os eternos embates do relacionamento entre homem e mulher. Segundo Guilherme, em cena, ele faz uma espécie de palestra show. “Esse trabalho é um desafio na minha carreira. Depois de 18 anos de teatro, resolvi fazer um monólogo. Faço o Carlos Eduardo, um terapeuta completamente machista que dá dicas e conselhos de como uma mulher deve conduzir o relacionamento.”
Mas como é, para ele, falar sobre o que se passa na cabeça delas? “Entender a cabeça de vocês é algo difícil”, brinca Guilherme, comentando que a empreitada exigiu muita pesquisa. “Fiz um laboratório legal. Peguei entrevista com casais de idosos para saber como foi a desenvoltura deles no relacionamento. Precisei estudar muito o universo feminino para colocar, de forma bastante descontraída, situações contrárias ao que a mulher pensa de verdade.” No final, de acordo com Guilherme, até elas se emocionam. “É porque apresento de maneira muito delicada. Depois, a peça acaba virando um debate com todo mundo participando.”
De acordo com Cláudio Ramos, com as 13 produções previstas para a edição de 2016 do Festival, a intenção é superar a marca dos 5.800 espectadores de 2015. Além dos espetáculos de Guilherme, o evento traz “os inéditos aqui na cidade “Defeito estufa” (27 de agosto, às 21h), de Cida Mendes, que aliás retorna com “Concessa tecendo prosa” (26 de agosto, às 21h), apresentado em Juiz de Fora no ano passado, e “50 tons de humor” (21 de agosto, às 18h, 27 de agosto, às 19h), lançamento de Cláudio Ramos. Também pela primeira vez na programação do evento estão “Nerso em 3D – 30 anos de riso” (21 de agosto, às 20h) e os infantis “Teatranto ludicamente” (14 de agosto, às 16h), de Adryana Ryal, “Gabi Gabizoca e o Bambolê do tempo” (21 de agosto, às 16h), de Gabi Gabizoca, e o “O mágico de Oz”, (27 de agosto, às 16h), do Rio de Janeiro.
A lista de atrações com a assinatura de Ramos ainda inclui “O dia em que Alfredo virou a mão” (12 de agosto, às 19h, 20 de agosto, às 21)h), “Minha sogra é um pitbull” (14 de agosto, às 20h, 26 de agosto, às 19h), “Velório à brasileira” (14 de agosto, às 18h, 20 de agosto, às 19h) e “Lugar de mulher… Uma sátira ao machismo” (25 de agosto, às 20h). Este último é um presente do ator e diretor para o público no dia de seu aniversário. Desta forma, a entrada está assegurada com a apresentação do canhoto de qualquer espetáculo do festival, acompanhado de um litro de leite em caixinha. “Acho que todo artista tem esse poder de arrebatar. Por isso, uso minha arte para ajudar o próximo. No ano passado, arrecadamos 4.200 litros de leite e ajudamos 11 instituições. Defendo que a cultura não nasceu para ser elitizada.”
FESTIVAL DE GARGALHADAS
De 12 a 27 de agosto, no Teatro Pró-Música
(Av. Rio Branco 2.329 – Centro)
Confira programação na página 3