Composições de Nelson Silva serão registradas oficialmente

Obras serão escritas em partituras, gravadas e lançadas nas plataformas de música 


Por Cecília Itaborahy

12/01/2024 às 07h19

batuque nelson silva Divulgacao
O Batuque Afro-brasileiro de Nelson Silva é composto por negros com mais de 60 anos e é uma das grandes expressões da cultura popular de Juiz de Fora (Foto: Divulgação)

Trinta e uma composições de Nelson Silva serão registradas oficialmente. O anúncio foi feito nesta semana pela Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), a partir da Funalfa, que coordena o projeto. A primeira fase do trabalho será executada pela Associação Cultural Bloco Afro Ilú Àse Muvuka, que vai, entre outras coisas, elaborar as partituras de todas as 31 composições, a partir de recursos oriundos de emenda parlamentar da vereadora Tallia Sobral. 

Em entrevista à Tribuna, na última semana, Giane Elisa Sales de Almeida, diretora-geral da Funalfa, afirmou que a iniciativa partiu de uma demanda do próprio Batuque Afro-brasileiro de Nelson Silva, que é patrimônio cultural imaterial de Juiz de Fora. “A grande maioria das músicas de Nelson Silva fica na memória das pessoas que compõem o grupo. É importante esse movimento porque é uma salvaguarda.” 

Das 31 músicas que serão registradas, 15 letras estão em suporte de papel e deverão ser gravadas. As outras 16, que também terão suas partituras escritas, já estão registradas em CD que foi gravado pelo grupo e encartado no livro “O Batuque Afro-brasileiro de Nelson Silva”, de Osvair Antônio de Oliveira, lançado em 2003, pelo selo Funalfa Edições.

Em nota encaminhada à imprensa, Carine Muguet, historiadora do Departamento de Memória e Patrimônio Cultural (Dmpac) da Funalfa, afirmou que contratar uma empresa para a execução do serviço foi uma “solução eficaz e inovadora na gestão de bens culturais no município”. “Isso possibilitará maior celeridade na efetivação do Plano de Salvaguarda e na atualização do Registro do Batuque, ao organizar juridicamente a documentação musical do grupo e possibilitar, inclusive, a geração de renda para seus detentores, contribuindo assim para a manutenção e conservação das tradições culturais a ele relacionadas.”

Ainda de acordo com a Funalfa, além de escrever as partituras e gravar as 16 músicas, a Associação Cultural Bloco Afro Ilú Àse Muvuka também deve fornecer suporte técnico e jurídico nas providências necessárias para o registro formal nos órgãos pertinentes. Ainda será preciso providenciar a Carta de Cessão de Direitos Difusos da família de Nelson Silva para o representante legalmente constituído do Batuque Afro-brasileiro. Tudo isso deverá ser feito em contato direto com o grupo. 

A Associação Cultural Bloco Afro Ilú Àse Muvuka tem um prazo de três meses para a execução desta primeira etapa do projeto, havendo a possibilidade de prorrogação. Depois desta etapa, ainda no primeiro semestre de 2024, começa a segunda fase, com recursos do Fundo Municipal de Patrimônio Cultural (Fumpac). Nela, a proposta é que o Batuque seja filiado a uma associação nacional de representação de compositores, para que seja possível lançar as canções nas plataformas de streaming e nos rádios. 

Sobre o batuque

O Batuque Afro-brasileiro de Nelson Silva foi criado em 1964 pelo Nelson Silva. Ele é composto exclusivamente por negros com mais de 60 anos. É um dos mais importantes e longevos grupos da cidade e uma das grandes expressões da cultura popular de Juiz de Fora, considerado símbolo de resistência das tradições de matriz africana.

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