Conselhos literários
Em 2012, o livro infantil figura entre os mais procurados como presentes para a meninada da cidade, segundo pesquisa divulgada pelo Sindicomércio de Juiz de Fora. "Acredito que, de repente, a criança esteja cansada de ver tudo pronto por meio da televisão. Até as bonecas, hoje em dia, fazem de tudo sozinhas. Algumas riem, choram e falam. O livro é um prazer muito singular e pessoal. Por ser um caminho tão individual, ele dá direito ao menino e à menina de buscar, viajar e construir um mundo imaginário", comenta a educadora Margareth Marinho, responsável pelo projeto de leitura da Biblioteca Municipal Murilo Mendes. Contudo, o que escolher para a garotada? Quais os cuidados tomar na hora de comprar uma obra literária? Não faltam opções. São milhares de editoras, títulos interativos que abusam dos sons e muita tecnologia. Por isso, a Tribuna consultou alguns especialistas, que deram dicas que podem ser uma boa pedida para os pequenos.
"O livro precisa ser bonito, chamativo visualmente, pois a forma é o seu conteúdo. Não adianta ter um texto ótimo, mas com uma ilustração que agride o olhar. Depois, se o pai não se interessar por ele, achar vazio, bobo, não deve efetuar a compra. A criança é direta e mais esperta que o adulto, que fica filosofando. Se ficar na dúvida, não tiver um livreiro para orientar, vá sempre nos autores que respeitam a meninada", afirma a contadora de histórias Cintia Brugiolo, integrante do grupo Contaê. Dilea Frate, Adriana Falcão, Pedro Bandeira, Sylvia Orthof, Celso Sisto e Ana Maria Machado são decisões acertadas, segundo ela.
De acordo com Margareth, os pais devem levar o filho à livraria, à biblioteca ou até mesmo consultar, com ele, a internet. "É preciso dar a opção de folhear, tocar, pois a criança é muito sensorial. É importante que ela faça a leitura com os sentidos antes de fazer a da história. Ao pegar no livro, pode haver uma identificação com algum bicho, que está na capa." Margareth acrescenta que, para incentivar o gosto pela leitura, é necessário um ambiente adequado, que desperte o olhar da criança. "Ao ver o adulto ou o irmão mais velho lendo, os pequenos se sentem estimulados. Nada como ensinar pelo exemplo" assevera a educadora. "A minha primeira recomendação é procurar boas editoras, ler as sinopses e buscar informações em sites que tragam avaliações das obras e de leitores da idade do filho. É muito importante acompanhar a leitura com as crianças", aconselha Carmen Guimarães, professora do ensino fundamental do Colégio de Aplicação João XXIII.
"Todo mundo conta histórias para dormir, prefiro as que fazem cutucar", diz Cintia, ao se referir à obra "Histórias para acordar", de Dilea Frate, lançada pela Companhia das Letrinhas. Na opinião da especialista, o livro é uma leitura obrigatória para todas as idades, inclusive para os pais. "É imperdível. São textos curtos e acessíveis, mas sem ser superficiais. A escritora tem uma capacidade de síntese tão boa que desperta a vontade de ler. Dá para ser degustado em família. São situações contemporâneas, sempre ancoradas na realidade, mas sem perder a imaginação." A criança consumista, a menina estressada com as milhões de atividades solicitadas pela mãe e a neta que pega o celular do avô para ligar para o céu são fábulas utilizadas pela autora para possibilitar a aproximação com o universo filosófico. "Toca o cotidiano, mas também tem a fantasia."
Outras indicações de Cintia são "Sete histórias para contar", de Adriana Falcão, e a coleção "Violência, não!", de Sylvie Giradert. Editado pela Salamandra, o primeiro título reúne personagens como a menina que sente uma "dor azul" todos os dias e no mesmo horário, e outra que tem uma amiga imaginária, cujo nome é Chiquinha Mota Pereira. "Ilustrações e textos que nos fazem ter um outro olhar sobre o mundo. Indico para a faixa etária dos 9 anos até a adolescência." A coleção "Violência, não!", recomendada para os menores, foi publicada pela Editora Scipione. "É ótimo para a
Recomendações divertidas
"Bico calado, assunto encerrado", da Paulinas, escrito pelo juiz-forano Hugo Ribeiro de Almeida, é o primeiro título que veio à mente da educadora Margareth Marinho. Acostumada com o exigente público infantil, ela indica textos curtos e que prendam a atenção. Sob a forma de poesia, o autor abusa das aliterações, dando características humanas a animais. "O livro é delicioso de se ler, é gostoso e dá prazer. A gente termina a leitura rindo. São histórias curtas e com formatação ideal para crianças de até 8 anos. Aconselho até para as de 1 aninho. A garotada fica fascinada com as duas galinhas fofoqueiras, a Chimboca e a Biloca, cada uma mais linguaruda que a outra. Nem a barata escapa delas", orienta Margareth.
Quem é que nunca se pegou encantado com as trapalhadas da personagem que está sempre presente no imaginário infantil, deveria ser má, porém apronta tanto que é até divertida? A Coleção da Editora Scipione "Histórias da Bruxa Onilda", de Larreula e Capdevila, também são os preferidos da educadora para quem tem entre 7 e 11 anos de idade. "A bruxinha é uma figura muito simpática. Nasceu prematura, custa escolher o pretendente, e, quando casa, o marido some na própria festa de casamento, depois de beber um feitiço por engano. Não há criança que resista", ressalta. "Para os pequenos que ainda não foram alfabetizados, indico a coleção ‘Os pingos’, de Mary e Eliardo França. Os personagens são personificados. São vários livrinhos fáceis de ser lidos, muito bem ilustrados e coloridos."
Carmen Guimarães prefere optar por obras que despertam a vontade de continuar saboreando outras histórias. "Percy Jackson e os Olimpianos", do americano Rick Riordan e selo da Puffin Books, é a aposta da professora para agradar adolescentes. "Sendo uma série, se a criança se interessa pela primeira obra, tem mais cinco livros para prosseguir com a leitura. Sem contar que ainda tem uns exemplares complementares, que criam situações fictícias em que os personagens se encontram. Existe um com o nome de "O arquivo do semideus", que tem entrevistas com os personagens. É um excelente best seller que dialoga com a mitologia grega. "A professora ainda salienta que as adaptações também são uma boa opção para fazer com que a criança se interesse pelos clássicos. "Tem a Odisseia, textos de Shakespeare e outros títulos adaptados para crianças e adolescentes que são fáceis de ser encontrados em qualquer livraria."
Mais duas dicas de Carmen são os livros "O Fantasma de vila esperança", de Thiago Fernandes, publicado pela Leitura, e "Os fantasmas de Derek Stone", de Tony Abbot, da editora Fundamento. "Os alunos gostam muito do gênero terror. É uma forma de fazê-los se interessar pela leitura, introduzindo-os na literatura. As coleções interativas com enigma na história, que fazem com que a criança explore várias páginas seguindo pistas, da série "Enrola e desenrola", publicada pela Ediouro, são ótimas para os bem pequenininhos", conclui.