Casa Brazilian Rodizio: restaurante de juiz-forano é o melhor do Reino Unido e 7º do mundo

Churrascaria em York foi premiada pelo TripAdvisor de acordo com aprovação no site; estabelecimento é o primeiro de comida brasileira da cidade


Por Elisabetta Mazocoli

09/10/2025 às 15h36

casa brazilian
Hospitalidade atraiu ingleses, craques do futebol brasileiros e imigrantes com saudade de casa (Foto: Divulgação)

O restaurante Casa Brazilian Rodizio foi classificado como o melhor do Reino Unido e o 7º do mundo na categoria casual, de acordo com lista feita pelo TripAdvisor. O espaço é comandado pelo juiz-forano Eduardo de Castro Caetano, de 44 anos, na cidade de York, no norte da Inglaterra, onde funciona como uma tradicional churrascaria brasileira. Há dez anos no mercado, o estabelecimento foi o primeiro a servir a gastronomia do país na cidade e um dos poucos da região a trabalhar com o rodízio, atraindo craques como Antony e Raphinha, que estavam com saudade do tempero brasileiro, da mesma forma que locais em busca do que o proprietário reconhece como diferenciais de “bom atendimento e ingredientes de qualidade”. Quando o chef se mudou para o país para trabalhar como faxineiro, no entanto, era bastante difícil imaginar que isso poderia se tornar realidade. 

A seleção faz parte do prêmio “Travelers’ Choice – Best of the Best”, que teve como base as experiências turísticas com os maiores índices de aprovação no site ao longo de um ano. “Quando mudei pra cá, no começo dos anos 2000, percebi que na cidade de York havia mais de 700 locais que servem comida e bebida, entre restaurantes e pubs, mas não tinha restaurante brasileiro, nunca teve. Achamos um “gap” no mercado para introduzir a nossa culinária”, relembra Eduardo. Para ele, a escolha pelo rodízio também trouxe vantagens, pois permitiu mais tempo para conversar com o cliente e aperfeiçoar o serviço.  Atualmente, o restaurante tem valores fixos de refeição para almoço, happy hour e jantar, que variam entre £24.95 e £36.95  — em reais, podem custar entre R$160 e R$240.

casa brazilian
Picanha é a carne mais procurada pelos clientes (Foto: Divulgação)

A ideia de abrir um negócio na área da gastronomia surgiu para Eduardo quando ele já estava no país e trabalhava lavando pratos em um restaurante e vendo de perto como funcionava o ambiente. “Comecei a comprar os ingredientes e cozinhar em casa, me adaptando aos gostos e aprendendo receitas, conversando com os chefs ao meu redor. Comecei a fazer saladas no restaurante e depois fui para as pizzas, depois para as pastas até os main courses, que são os peixes e as carnes”, diz. Antes ainda de abrir o Casa Brazilian Rodizio, ele foi head chef de outro estabelecimento, e foi assim que conseguiu economizar para realizar o sonho: “A gente conseguiu transformar o restaurante. Fazia cerca de 700 libras de comida por semana até fazermos 16 mil libras por semana. Ali que minha vida mudou, eu comecei a ganhar dinheiro e guardar para eventualmente fazer o Casa”, diz.

Ele volta a Juiz de Fora cerca de duas vezes por ano e entende que essa é uma conquista que também leva o nome da cidade para o mundo. Mas, para isso, também foi preciso que os ingleses se acostumassem com o conceito que ele trazia. “Quando falávamos em steakhouse, aqui, o inglês esperava que chegasse um bife no prato dele, uma peça de carne, sendo que é o rodízio, em que trazemos um pouco de cada vez”, diz. Apesar de ter demorado um pouco para que se acostumassem com esse estilo, ele acredita ter ganhado seu público justamente pela boca. “Sempre soube da capacidade que temos de produzir uma comida excelente, e tinha certeza comigo de que, uma vez que as pessoas experimentassem, elas voltariam”, conta. 

casa brazilian
Eduardo e o filho em uma das noites de samba do restaurante (Foto: Divulgação)

Comida e cultura brasileira 

A Casa Brazilian Rodizio funciona com sala de bar, buffet e as carnes da churrascaria. Assim como no Brasil, o que os clientes costumam  procurar mais no estabelecimento é a picanha. “É a favorita de todo mundo. Mas também sai bastante a barriga de porco com mel e o abacaxi”, conta ele. Além dos pratos coloridos e variados que acompanham as carnes, ele também conta, como imigrante, que entende a importância de divulgar a cultura brasileira e, por isso, está sempre pensando em novas maneiras de como fazer. É o que tem acontecido no caso das parcerias com projetos sociais de capoeira e futsal, além de ter “samba night” sempre na última sexta-feira do mês. 

casa brazilian
Valores são fixos para almoço, happy hour e jantar (Foto: Divulgação)

‘É a nossa Casa’ 

O nome “Casa” pode não ter o sentido imediato identificado para os ingleses, então Eduardo faz questão que entendam através de gestos o que é a hospitalidade brasileira seja em qual for o idioma. “Vemos restaurantes em Londres, Manchester e Liverpool que são deslumbrantes, mas que não têm essa qualidade da comida e do serviço. Nosso restaurante não é tão sofisticado, mas é casa, você é o nosso convidado”, explica. Para ele, esse contato próximo se mostrou algo que os clientes realmente gostam. “Você é o nosso convidado para se sentir à vontade, para criarmos um vínculo. E, para isso, os funcionários são muito importantes, na verdade, 90% é responsabilidade deles. Muitos estão conosco desde o começo, são o coração da empresa, e sem eles isso não teria acontecido”, diz.

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.