Maglore faz show em Juiz de Fora nesta sexta-feira
Banda vem mais uma vez à cidade, desta vez para divulgar o disco “V”, álbum lançado em agosto deste ano

Por mais cansativo que seja o assunto, falar de discos lançados em 2022 é também falar sobre a forma como as bandas foram impactadas neste período. Foi, na maioria das vezes, uma pausa forçada: momento de olhar para o próprio umbigo. Foi a oportunidade de rever as influências que construíram a sonoridade da banda e repensar o que será daqui pra frente. Maglore é uma banda que, por mais que tenha sido criada em Salvador, tem, agora, um pé lá e outro em São Paulo: um caminho já esperado no contexto de bandas independentes: ir cavando os espaços.
Quando eles começaram, em 2009, a internet já era aliada. Agora, então, não tem jeito: por mais que não goste, tem que incluir as redes sociais no combo e unir divulgação virtual, show e lançamentos – esses dois últimos a parte mais gostosa de se ter uma banda. Maglore, atualmente formada por Teago Oliveira (vocal e guitarra), Leo Brandão (guitarra e teclado), Lucas Gonçalves (baixo) e Felipe Dieder (bateria), sabe surfar nessa ideia e mesclar essas frentes desde sempre. Ter uma banda, hoje, é muito mais que fazer música. É, talvez acima de tudo, insistir. Por mais que as inseguranças bateram de frente ao longo de um processo de mais de dez anos de carreira, eles mostram que ainda acreditam no trabalho que fazem, como é esperado para o show de lançamento do disco “V” (lê-se cinco), em Juiz de Fora, nesta sexta-feira (7), no Sensorial, a partir das 20h. O álbum foi lançado em agosto deste ano. A juiz-forana Varanda faz a abertura da casa.
O grande lance é aproveitar e entender o momento. Em 2009, o Twitter, principalmente, era um espaço de divulgação em plena expansão. As bandas encontraram no crescimento dessa rede social junto com o do MySpace uma forma de fazer música, colocar na internet e espalhar. Foi assim que a Maglore começou. E isso foi essencial, por exemplo, para, já naquele momento, construir uma base de ouvintes suficiente para dar início às maratonas de shows e ir pensando nos discos que viriam. “A gente foi desbravando esse caminho, fazendo turnês na loucura e circulou muito. Acaba que uma coisa foi completando a outra”, diz Leo, o tecladista da Maglore que só não gravou um disco entre os cinco da banda.
A construção de Maglore
Maglore ainda tem isso: é uma banda em plena transformação, seja ela de formação ou da própria concepção sonora, apesar de a fagulha ser ainda a mesma. Parece uma estratégia, mas não é: nos mais de 10 anos de carreira, Maglore tem cinco discos de estúdio. É como se um ano fosse dedicado à turnê e outro às gravações. “Mas é orgânico. A gente vai fazendo um show até cansar e surge a vontade de gravar. E, aí, grava. Só na pandemia que não foi assim. Porque foi um descanso forçado. Antes disso, o Teago (vocalista da banda) já tinha lançado um disco solo, e a gente decidiu esperar para lançar um outro nosso. A gente já tinha uma ideia de ‘V’ na cabeça, mas a pandemia chegou, e a gente foi repensando algumas coisas. Tivemos que fazer a pré-produção à distância. O primeiro single lançado foi ‘A vida é uma aventura’: uma música muito pensada até que a gente pôde se encontrar. Mas, ao longo deste tempo, a gente refletiu muito sobre o disco”, explica Leo.
Os discos parecem que vão fazendo uma crescente de sonoridade. “Veroz”, de 2011, Leo diz que é como uma coletânea do que eles tinham naquele momento. Já no segundo, “Vamos pra rua”, eles tiveram tempo de amalgamar as referências e ter uma sonoridade Maglore. “III” e “Todas as bandeiras” já apresentam uma mistura de ritmos que se concretiza em “V”. O próprio Leo afirma que tem muito mais violão do que guitarra, assim como teclado, metais e cordas – uma vertente já vista com o lançamento de “Maglore ao vivo”, de 2019.
Mas “V”, ao mesmo tempo, parece ainda mais brasileiro. “A gente já ouviu de tudo. Vai envelhecendo e voltando às raízes, ficando mais íntimo. Deu no que deu”, brinca Leo. O disco ainda termina com quase o que seria uma canção em homenagem a João Donato e Gilberto Gil, “Para Gil e Donato”, que nem cita o nome deles no meio da letra, mas faz referência à forma como eles escreveram a música “A paz”.
Depois de gravar, pensar no show desse disco pode ser uma das partes mais difíceis: as músicas precisam ser rearranjadas para serem tocadas em quarteto. Mas Leo garante que eles são experientes nesse trabalho, por mais trabalhoso que seja. Os shows são, também, uma oportunidade de ir a lugares (no sentido musical) que eles já foram em outros discos. Por isso, no show em Juiz de Fora, vai ser possível passear pelos outros álbuns, mas, claro, com foco no “V”.