Nêga Lucas faz show único no Brasil em sua JF

“Cantar as minhas propostas na minha cidade é me apresentar para mim mesma, para aquela pessoa que saiu daqui há 13 anos, me reconhecer e permitir que as pessoas me reconheçam nesse meu constante movimento de metamorfose. Quando estou em Juiz de Fora, faço questão de entrar em contato com essas transformações culturais, pessoais, artísticas e emocionais e de compartilhar isso com o público.” É neste tom de reencontro consigo mesma e com a cidade natal que Nêga Lucas retorna, cantando blues num repertório íntimo e intimista no show “Nêga in Blue”, que apresenta no Uthopia nesta quinta-feira (5).

Segundo a artista, cantora há quase duas décadas e que sempre flertou com linguagens como a poesia e o teatro, esta é a primeira vez que faz um show como este no Brasil. “É como se eu abrisse a portinha da minha casa às pessoas e as convidasse para ouvir o que rola na minha playlist pessoal, de uma vida inteira”, diz ela sobre a seleção musical que tem clássicos atemporais de ícones como Bessie Smith, Etta James, Nina Simone, interpretados “à moda Nêga”. “É uma personagem nova que eu revelo ao público. Uma cidadã do mundo, uma Nêga que nunca vai ser uma negra norte-americana, uma brasileira cantando em inglês. É uma figura muito peculiar, que eu demorei a encontrar, um registro novo para mim, de um blues onde me exponho, me dispo. E pela primeira vez dessa forma”, conta a artista, que terá no palco uma formação minimalista, com João Cordeiro na bateria e João Oliveira na guitarra elétrica. Na setlist, entram também duas autorais, uma “Temporal”, parceria com Laura Januzzi, e “Falsos Poderes”, blues assinado por Nêga.

Outra novidade da única apresentação em solo brasileiro desta temporada é que Nêga investe mais na performance, traço que sempre esteve presente em sua personalidade artística e que veio se aprofundando, e que aflora neste show. “Ela é mais sentida cenicamente, por isso é necessária a atenção completa do público, porque é aí que a magia acontece. Nos últimos dois anos, passei a investir mais na performance, porque me tornei poetisa declarada. Sempre fui, mas desde 2016, comecei a publicar, e minha forma de apresentar este trabalho é performática, cênica, então passei a viver mais essa linguagem como artista, e hoje a performance não está a serviço da minha música, elas estão em igualdade, em uma conversa mediada em que o corpo e a poesia se amalgamam.”

“Nêga in Blue”
Nesta quinta-feira , 5 (abertura da casa: 18h / Show: 20h), no Uthopia (Av Presidente Costa & Silva 2445, São Pedro). Classificação: 18 anos