Em meio à natureza, Reserva Querubins tem produção de cachaça e azeite

Pousada em Andrelândia oferece turismo de experiência com vivência de gastronomia mineira, produção artesanal e belezas naturais


Por Elisabetta Mazocoli

05/11/2025 às 06h00

reserva querubins
Reserva Querubins, em Andrelândia, é exemplo de turismo de experiência (Foto: Divulgação)

Em Andrelândia, a cerca de 150 km de Juiz de Fora, a Reserva Querubins oferece um pouco do que há de melhor na Serra da Mantiqueira: gastronomia mineira, produção artesanal e belezas naturais. Na área da pousada, além dos chalés confortáveis e com vista para a mata atlântica, também há a plantação de oliveiras para a fabricação do Azeite Querubins e de cana de açúcar que serve de matéria prima para a premiada cachaça Me Leva. Já são mais de 40 anos no mercado sob a gestão da Fundação Guairá, que tem como objetivo impulsionar projetos que envolvam arte, educação e hospitalidade sustentável. A proposta é oferecer ao turista uma experiência que fortaleça a economia local e respeite as riquezas da região, propondo, assim, um momento que desacelere e convide a conhecer o tempo da natureza.

Cercada de árvores e de diversas espécies de pássaros livres, a pousada tem em sua estrutura piscina comum, piscina aquecida e cachoeiras para complementar a experiência do hóspede. “Procuramos atender o hóspede com muito carinho, conforto e bem-estar. Mas o mais importante é a paz que os visitantes podem encontrar com o contato com a natureza”, destaca Edna Faicchia, que faz a gestão da pousada. Cada um dos chalés, ainda, tem lareira e banheira de hidromassagem, para se adequar a temperatura local de Andrelândia, que tem invernos mais rigorosos e verões quentes. Como a gestora explica, toda a arrecadação com o serviço de hospedagem é revestido em renda para a fundação, que conta com os projetos de Colégio Guairá (voltado para a formação integral dos alunos com valores humanísticos e tecnológicos), Casarão da Fundação (que oferece cinema ao ar livre, torneio Intermunicipal de xadrez: exposições de artistas locais) e Cerâmica Guairá.

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Café da manhã da Reserva Querubins conta com produtos feitos dentro da hospedagem (Foto: Bruno Figueiredo)

Graças a extensão da pousada, que tem 250 hectares, é possível produzir de tudo — e, por isso, a culinária do hotel também conta com produtos cultivados na área verde e feitos artesanalmente na cozinha. “Temos uma culinária focada na comida mineira, mas apresentada com um requinte importante para uma hotelaria de ponta”, explica Edna. Entre as iguarias que não podem faltar na mesa, seja do café da manhã, almoço ou jantar, são os peixinhos-da-horta fritos, a broa de milho, a goiabada da casa e o creme de café. Tudo isso, ainda, servido com louças antigas e em espaço de jantar com móveis do século passado, restaurados também pela reserva.

O investimento no bem-estar e no turismo de experiência foram aspectos que, aos poucos, a gestão foi percebendo como demanda dos hóspedes, como destaca Edna, e que estão em consonância com o projeto de turismo de experiência do município. Por isso, a Querubins foi trazendo cada vez mais palestrantes de wellness para a sua programação e incluindo meditações como diferenciais da pousada. Já o tour que explica cada etapa dos processos da produção de cachaça e de azeite se tornou um diferencial, cobrado à parte, pois ainda que no mesmo terreno, tanto a cachaçaria quanto o lagar são empresas distintas da reserva. Essas vivências incluem desde a compreensão do maquinário até a degustação. 

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Bebida recebeu ouro na Expocachaça (Foto: Bruno Figueiredo)

Cachaçaria Me Leva

“Começamos a trabalhar a marca e colocar no mercado há 2 anos e meio. E nesse período ganhamos todos os maiores concursos de cachaça do cenário”. É isso que conta Caio Leite, gerente industrial da Me Leva e do lagar, sobre as destiladas que ganharam medalha de ouro em concursos como Expocachaça. Desde que resolveram investir no setor, estudaram a fundo cada processo e como abri-lo para visitação. Além de fazer uma cachaça saborosa, o objetivo também era mostrar que o produto, ainda visto com preconceito dentro do mercado de bebidas alcoólicas, seja valorizado por toda a sua complexidade. “A cachaça é muito além de um produto de ‘pinguço’ ou cachaceiro. Selecionamos os produtos químicos que vão na bebida, então conseguimos ‘tirar’ uma cachaça mais alcoólica, mais aromática, mais herbácea ou mais floral. Consigo dar as características que quero ao produto”, explica ele. Todo o processo começa na colheita da cana, que em seguida vai para a caldeira e é decantada para padronização. 

Em seguida, o líquido passa pela fermentação, condensação e separação. Já a etapa de envelhecimento, que é quando “descansam”, ocorre logo após, e em barris importados, feitos de carvalho europeu ou carvalho americano. Nessa etapa, a madeira faz toda a diferença: esses barris, antes de chegarem ao alambique, envelheciam whiskey e vinho, e restam notas do produto que geram sabores diferentes a cada produção. “Cada barril é um ser vivo”, conta Caio. No total, a Me Leva tem 39 barris, e chega a ter uma safra anual do canavial entre 25/35 mil litros. “Quando for tomar uma cachaça, tem que notar o doce da cana de açúcar no fundo. Se sentir aquele gostinho que lembra o caldo da cana no fundo, quer dizer que ela foi bem produzida”, dá a dica.

Azeite Querubins

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Azeite Querubins é feito a partir da azeitona das 5.200 oliveiras da propriedade (Foto: Bruno Figueiredo)

 

Já o lagar do Azeite Querubins é um dos maiores da América Latina, e segue uma tendência de produção que ainda é recente em Minas Gerais, mas que já encontrou bom terreno na Serra da Mantiqueira para funcionar. Por lá, Caio explica que o processo começa de forma automática, em uma sequência que, de forma resumida, funciona para receber o produto, limpá-lo e processá-lo. Isso começa quando o exaustor succiona as azeitonas, fazem a balança, sua limpeza e começa o trituramento. Em seguida, elas vão para a rosca, e nessa etapa já estão parecendo uma pasta de azeitona seca, como uma ricota. “O movimento da rosca faz o óleo da azeitona começar a se soltar, porque ela vem muito seca. E assim começamos a extrair o azeite para decantar”, explica ele.

As dificuldades para conseguir um bom azeite, no entanto, são muitas: mesmo com 5.200 oliveiras na propriedade, no último ano não foi possível ter safra. Isso aconteceu pelas condições climáticas, que apresentaram um frio acima do normal. “Não é fácil, porque depois de colhida, a azeitona tem que ser processada muito rápido, quase na hora. Mas dando certo, com as condições climáticas favoráveis, conseguimos fazer um azeite muito gostoso”, ressalta ele, que destaca que o produto passar pela centrífuga vertical e ser conservado em latinhas também colaboram com sua duração. Na época de colheita, entre janeiro e fevereiro, o pôr-de-sol com as oliveiras fica ainda mais bonito, sendo um atrativo a parte para os hóspedes.

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