Nascido no país tropical
"Jorge Ben e seu Flamengo, seu futebol, suas mulheres com nomes de flores, sua mitologia absolutamente popular, urbana & cósmica, sensual e ideogrâmica ‘chove chuva, chove sem parar’. Um paradoxo harmonizado: revolucionário e machista!" Foi assim que outro Jorge, o Jorge Mauter, definiu Ben Jor em seu texto "Panfletos da nova era". O texto, reproduzido no próprio site de Ben Jor, ainda coloca o cantor, que faz show nesta sexta, a partir das 23h, no La Rocca, como "alquimista, sábio, que sabe ser a mitologia negra em igual valor-poder-potência-qualidade-relevância à mitologia dos antigos helenos que em vão a Alemanha e toda a Europa tentaram imitar". Ben Jor chega à cidade depois de uma volta pela França e com planos de lançar, neste ano, o "Luau MTV" e regravar o marcante disco "Tábua de esmeraldas", de 1974.
Com cinco décadas de carreira, iniciada nos anos 1960, Ben Jor influenciou o sambalanço, dando ainda mais balanço ao gênero mais brasileiro de todos. No seu repertório, a inesquecível "Mas que nada", de 1963, já correu o mundo e foi registrada em vozes como Ella Fitzgerald, Al Jarreau e Julio Iglesias. Acompanhado da Banda do Zé Pretinho, Ben Jor, que tem seu último trabalho de inéditas, "Recuerdos de Asunción 443", de 2007, traz para a cidade os sucessos que o acompanham durante todos esses anos: "Filho Maravilha", "País tropical", "Zazueira", "Chove chuva", "Balança pema", "W/Brasil (Chama o síndico)" e "Taj Mahal", esta última, inclusive, motivo de batalha judicial internacional e ganho em processo por plágio contra Rod Stewart.
Uma mistura improvável que deu certo. Músicas como "Mercedes Benz", da Janis Joplin, "Rock’n’roll", do Led Zeppelin, ou "I feel good", de James Brown, são cantadas por Daniel San (voz e pandeiro) com voz de pegada rock, com cavaquinho, tam-tam e outros instrumentos típicos de uma verdadeira roda de samba. Essa é a receita do Sambô, que fecha a noite hoje no La Rocca. O Sambô ainda conta com Sudu Lisi (bateria), Ricardo Gama (teclado), Júlio Fejuca (cavaquinho, guitarra e banjo), Max Leandro (surdo e rebolo) e Zé da Paz (pandeiro).