O que virá depois do Zentai

Breno Motta em cena da série “Enredo de bamba”, que estreia dia 21 de maio no Canal Brasil
Hoje, o Brasil já sabe que o Zentai de “Amor & sexo” é juiz-forano. A identidade de Breno Motta foi revelada no sábado, quando foi ao ar o último episódio dessa temporada da atração comandada por Fernanda Lima. “O Zentai surgiu por acaso. Calcei os patins, fui para o estúdio e fiz um ensaio sem figurino, apenas um macacão preto. A Marie Salles, que era figurinista do programa na época, foi quem teve a ideia de colocar o figurino de Zentai. Juntou patins, aquele figurino e deu nisso aí. Essa questão de guardar segredo nunca foi estipulada, acabou acontecendo. Eu nunca postava fotos. E o segredo foi crescendo”, conta ele, que nem bem se despediu da pele do personagem e já está envolvido em três projetos de teatro, uma série que entrará no ar dia 21 de maio, no Canal Brasil, e o trabalho como assistente de curadoria do Galpão Gamboa, espaço capitaneado por Marco Nanini e o produtor Fernando Libonati.
Com a revelação do rosto do ator, tudo indica que este é o fim da linha para o personagem criado em 2012. “São quatro anos fazendo ‘Amor & sexo’. Uma hora a gente precisa seguir outros caminhos. Mas foi muito bom estar com a Fernanda todo esse tempo. Vou sentir saudade de toda aquela palhaçada no palco”, diz o juiz-forano, confidenciado que pode ter sentido certo incômodo por ser um assistente de palco com a identidade resguardada por tanto tempo.
“Mas eu entendi o meu espaço. Entendi que eu era o clown do programa, que eu poderia não ter muito limite, que eu deveria ser o contraponto da Fernanda. Ela, a apresentadora, linda, chique, rainha. E eu, o assistente atentado, que enchia o saco dela e dos convidados, um bobo da corte. Essa figura do bobo, do palhaço, é linda”, dispara. “Aprendi que tenho meu corpo, meus gestos, minha personalidade que podem ser empregados num personagem sem rosto. É um personagem como qualquer outro. Acabamos criando um personagem que foi além do assistente de palco.”
Já familiarizado com a TV, Breno volta a ser visto em dois episódios de “Enredo de bamba”, série que estreia dia 21 de maio no Canal Brasil. Tendo Rodrigo Palmeira à frente da direção e Stella Miranda, Betina Viany e Rodrigo Candelot no elenco, o projeto permitirá ao ator se enveredar por um gênero que lhe é tão caro: a comédia. Em um dos episódios, faço um falso porteiro nordestino, filho da personagem da Stella, que tenta expulsar do prédio que eles moram um corretor de imóveis picareta. Fiz um teste para essa série através do Jeffe Pinheiro, meu amigo e diretor, que trabalhou como assistente de direção da série. Na primeira leitura, já nos divertimos muito.”
Falando sobre os dramas contemporâneos
Cria da ribalta, é para ela que Breno volta no próximo dia 8 de abril, no Paço Imperial, no Centro do Rio de Janeiro. Com a Bélica Cia., ele estreia “A vida de dr. Antonio contada por elle mesmo”, texto baseado no livro “Memórias de um rato de hotel”, do jornalista, cronista e teatrólogo carioca João do Rio. Com direção de Cesar Augusto, o espetáculo itinerante percorrerá os corredores, salas e pátio do espaço, onde os nove atores do coletivo darão vida a diversos personagens. A figura central dessa história, Dr. Antonio, um famoso ladrão de hotel do final do século XIX, início do século XX, será interpretada por todos os homens da trupe.
“Ele foi o bandido mais procurado pela polícia da época. Ele é um gatuno, esperto, que não usa de força física ou de armas para roubar. O roubo é algo que lhe dá prazer. Esse personagem existiu de fato. Foi o primeiro ‘rato de hotel do Brasil’, e o livro que o João do Rio escreveu nasceu de conversas que eles tiveram, quando o Dr. Antonio já estava preso, mais para o final de sua vida”, comenta Breno, que deve precisar de muita concentração nos próximos dias. Isso porque ele acumulará papéis, já que a partir de 18 de abril começa a ensaiar a peça “Terra dos papagaios”, baseada na obra “Terra Papagalli”, de José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta. O trabalho, dirigido por Marcelo Valle, vai levar a história dos 30 primeiros anos pós chegada dos portugueses ao Brasil para o Espaço Sesc, Copacabana, no final de junho. Enquanto isso, Breno continua os ensaios do projeto solo “Cartas de amor ao próximo.”
“Estar em cena é o que mais me instiga. Não importa como. Estar com uma galera legal, trabalhar com bons diretores, tudo isso ajuda, claro. Mas gosto de atuar. E quando se trata de comédia, fico mais instigado ainda. Gosto de falar do nosso tempo, dos dramas contemporâneos, de uma época tão complexa politicamente e de tanta falta de comunicação, apesar de termos todos os aparatos tecnológicos para que ela aconteça”, afirma Breno, revelando como é a vida de um ator juiz-forano que foi tentar a carreira no Rio há oito anos.
“É uma vida de batalha. Fiz de tudo um pouco. De vendedor de loja a assessor de imprensa, passando por figurante em comercial e produtor. Só depois de oito anos é que as coisas começaram a se estabilizar. Tive que ter muita paciência, muita vontade e corri muito atrás. É uma carreira difícil para todos, não importa de onde você venha.”