‘Blade Runner 2049’ estreia nesta quinta-feira em JF
Dirigido por Denis Villeneuve, longa é continuação do clássico lançado em 1982
Produzir a continuação de um filme não é fácil. Produzir a continuação de um clássico é ainda mais difícil. Produzir a continuação de um clássico quase quatro décadas após seu lançamento não é apenas muito mais difícil, é o tipo de missão que pode despertar reações de ódio, desprezo e outros sentimentos ainda menos nobres por parte dos fãs da obra original. E produzir a continuação de um clássico quase quatro décadas após seu lançamento, que ainda por cima era a adaptação de um livro que não tem continuação… Enfim, não faltavam motivos para a Warner (estúdio responsável pelo longa) e Ridley Scott (o diretor) deixarem “Blade Runner, o caçador de androides” descansar em paz lá do alto do panteão de clássicos eternos, mas eis que “Blade Runner 2049” chega aos cinemas nesta quinta-feira, 35 anos após o primeiro filme e cercado por expectativas de todos os tipos e por todos os lados.
Sem precisar guardar as devidas comparações, é como se Hollywood decidisse, hoje, fazer continuações de “Taxi driver”, “Apocalypse now” ou “Contatos imediatos de terceiro grau”. Afinal, apesar do fracasso inicial de bilheteria quando foi lançado (“inteligentemente” duas semanas após “E.T. – O extraterrestre” e no mesmo dia que “O enigma de outro mundo”), “Blade Runner” se tornou um clássico cultuado ainda em sua década.
A adaptação do livro “Androides sonham com ovelhas elétricas?”, de Philip K. Dick, não se resumia apenas à uma boa história que – numa excelente sacada de Ridley Scott – misturava ficção científica com filmes policiais noir, sobre um detetive (Rick Deckard, papel de Harrison Ford) encarregado de caçar androides (os Replicantes) que se tornaram proscritos após começarem a matar seres humanos. Havia ali, nos Replicantes liderados pelo personagem de Rutger Hauer, um profundo questionamento filosófico sobre o que significa o termo “ser humano”, a efemeridade da vida e o desejo de poder ser algo mais do que um elemento descartável neste mundo – questões estas tão belamente ilustradas pelo monólogo do líder Replicante ao final do longa.
Mesmo que o filme, na época, tenha sido aviltado pela Warner, que introduziu falas em off sem a permissão de Scott e um tolo e indecente final feliz (com imagens não utilizadas por Stanley Kubrick em “O iluminado”), os elementos centrais da história, mais o visual de uma Los Angeles decadente em sua arquitetura, tomada pela influência oriental e num planeta assolado por desastres ambientais – vide a chuva ácida que teima em não deixar de cair -, só aumentaram o culto em relação à obra, e que aumentou ainda mais quando as chamadas “versões do diretor” expurgaram a narração em off e as imagens idílicas do final.
E cortamos então para os dias atuais, em que a expectativa sobre o novo “Blade Runner” só aumenta. Muito pouco foi divulgado a respeito da história, além de que se passa 30 anos após os eventos do longa original e que há três curtas-metragens que explicam o que aconteceu durante o hiato de três décadas entre as duas histórias. Além disso, Ridley Scott preferiu trabalhar apenas como produtor-executivo, deixando a direção para o canadense Denis Villeneuve, da ficção científica “A chegada”.
Um novo protagonista
O que se sabe da história, afinal? Que Harrison Ford volta para o papel do ex-caçador de Replicantes Rick Deckard, e que desta vez quem está responsável por caçar os androides é o agente K (Ryan Gosling). Muita coisa mudou nesse período: a Tyrell Corporation, empresa criadora dos Replicantes, desenvolveu uma nova linha de androides, a Nexus 8, que desta vez não têm prazo definido para deixar de operar (ou “morrer”); um pulso eletromagnético deixa grande parte dos Estados Unidos sem energia por semanas, os Replicantes são considerados os principais suspeitos e, por isso, sua fabricação é proibida, com os androides restantes sendo caçados; um cientista, Niander Wallace (Jared Leto), desenvolve alimentos geneticamente modificados que ajudam a aplacar a fome no planeta, e depois compra o que restou da falida Tyrell Corporation; ele cria uma nova linha de Replicantes, a Nexus 9, considerada mais obediente e controlável, e com isso a proibição de fabricação é revogada; os últimos Replicantes da Nexus 8 são caçados pela Polícia.
A linha do tempo vai até 2049, quando as mudanças no clima pioraram a ponto do nível dos mares ter subido e tornado Los Angeles uma cidade ainda pior para se viver, onde apenas os pobres e mais desgraçados – aqueles que não tiveram dinheiro para viver fora da Terra – vagueiam sobrevivendo graças aos alimentos geneticamente modificados de Niander Wallace. É neste mundo ainda mais caótico que o agente K tem a missão de caçar os Replicantes. Ele, porém, faz uma descoberta acidental que pode provocar uma convulsão na sociedade, e para resolver esse mistério ele terá que encontrar o ex-agente Deckard, desaparecido desde 2019. Qual é o mistério? É preciso ir ao cinema e assistir aos mais de 160 minutos de filme para descobrir – e também saber se a continuação pode alcançar o mesmo status de clássico do original.
UCI 3 (3D/dub): 14h30
UCI 3 (3D/leg): 17h45, 21h
Cinemais Jardim Norte (3D/dub): 15h10, 21h40
Cinemais Jardim Norte (3D/leg): 18h30
Classificação: 14 anos