Pesquisadora tranquiliza frequentadores de museu sobre situação do lago
Atualizada às 08h37, do dia 31/01
O mau cheiro que emana do lago e tem sido alvo de reclamações de frequentadores do parque do Museu Mariano Procópio faz parte do mesmo processo natural que motiva a coloração esverdeada da água. De acordo com a doutoranda do Programa de Pós-graduação em Ecologia da UFJF, Marcela Miranda, que estuda a água do lago em sua pequisa, o local não é sujo, mas sim cheio de algas, o que descarta boatos sobre o surgimento de foco de dengue e febre amarela. “O lago é um ambiente eutrofizado, muito rico em nutrientes, então, quando há uma carga de nutrientes muito grande, disponibilidade de luz do sol, temperatura amena e mais quente, como acontece no verão, as algas crescem, dando essa coloração mais esverdeada, que é um tipo de alga. Essa outra alga que deixa uma espécie de nata amarronzada é um tipo que cresceu neste momento, o que é um processo natural. O mau cheiro é devido ao processo de decomposição, porque as algas crescem muito e chegam a determinado momento em que começam a se decompor. Não há nada de tóxico nesse processo”, ressalta a pesquisadora.
Ela lembra que houve um registro de uma floração com a mesma espécie de alga em janeiro de 2013. “Concluímos que demorou quatro anos para que esse processo voltasse a acontecer da forma como está hoje. Isso tende a desaparecer, mesmo não tendo como prever, mas se a temperatura cair um pouco, já dá uma reduzida nesse processo de crescimento das algas”, explica Marcela.
A função do lago no museu é de compor a paisagem, e essa floração, que tornou-se uma grande massa de alga, prejudica a questão paisagística. “Isso faz a população reclamar, já que prejudica o aspecto visual e ainda colabora para a surgimento do cheiro. Todo esse processo é comum em lagos ricos em nutrientes, que são a alimentação da alga”, esclarece a doutoranda, que pretende finalizar e defender sua pesquisa ainda no primeiro semestre deste ano. “O lago do museu precisa de um processo amplo de gestão. É preciso reduzir a carga de nutriente que chega para ele a fim de que isso não volte a acontecer. Tudo que for feito no lago tem que ser muito cuidadoso, para que não transfira o problema para outro ambiente, pois o lago não é isolado”.
A pesquisa
Intitulada “Medidas de mitigação para o controle e manejo das florações de cianobactérias em um sistema tropical raso”, a tese de Marcela busca alternativas para minimizar as florações de algas no lago do museu. A meta final é apresentar para a direção do Museu Mariano Procópio qual a melhor alternativa para restauração (recuperação) do lago. O trabalho é coordenado pelo professor Marcelo Manzi Marinho, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), e possui parceria com vários pesquisadores, universidades e instituições de pesquisas: como a UFJF, UERJ, USP, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e a Universidade de Wageningen, na Holanda.
Licitação
Leitores da Tribuna, depois que o problema do mau cheiro do lago do museu foi tema de matéria publicada no último domingo, têm encaminhado mensagens para a redação questionando sobre a licitação, cujo resultado foi publicado em 7 de janeiro deste ano, nos Atos do Governo da Prefeitura, declarando como vencedora do certame a sociedade empresária RMX Conservadora Eireli, com o valor global anual de R$ 469.500, para fazer a manutenção do local, incluindo o lago. A Prefeitura esclareceu que o processo licitatório continua em andamento, dentro dos trâmites legais previstos.
Destacou ainda que o trabalho de manutenção e limpeza do entorno do lago tem sido feito com o apoio de servidores da Empav e do Demlurb, infomando que uma das importantes causas do odor é a redução das chuvas, já que o lago é artificial e depende das águas pluviais. A qualidade da água do lago não compromete a fauna local.