Moradores contabilizam prejuízos
Atualizada às 19h53
O vendaval de quase 100 km/h que passou por Juiz de Fora durante a forte chuva que caiu na cidade na noite desta terça-feira (27) também provocou estragos em várias casas. Na Rua Salvador Del Duca, no Nova Era, Zona Norte, dois muros caíram sobre uma residência. Segundo uma vizinha do imóvel, a fisioterapeuta Érica Januzzi, as estruturas acabaram atingindo a rede elétrica da rua. Até o início da tarde , a Cemig não tinha ido ao ponto desenergizar a rede. Apenas na casa do segundo andar havia uma moradora, que ficou presa no local por algum tempo. “Os bombeiros demoraram bastante para chegar, estavam atendendo a muitos chamados. Então, os filhos da moradora acessaram o imóvel por um barranco ao lado e a resgataram”, disse.

Na Rua Energina Ernesto Guilherme, no Bairro de Lourdes, Zona Sudeste, um poste de iluminação pública caiu sobre o muro de uma residência. Na mesma região, na Rua Bárbara Campagnacci Borboni, no Aracy, parte do telhado de uma residência foi parar no meio da rua. Toda a estrutura ainda estava na via até o início da tarde (confira na galeria abaixo). Também na Zona Sudeste, na Rua Furtado de Menezes, bairro homônimo, a casa do aposentado Edson Debortoli foi atingida na parte traseira por um barranco que cedeu. A terra não chegou a entrar no imóvel, parou na janela da sala. “Eu escutei barulho, e ia sair para ver o que estava acontecendo. Se eu fosse lá atrás, os destroços e a terra iam cair em cima de mim”, disse Edson. No mesmo bairro, a quadra da escola de samba Juventude Imperial foi quase totalmente destelhadas. Parte da cobertura foi parar no terraço de uma residência das imediações.
A cuidadora de idosos Bianca Moreira teve que sair com os filhos de 4 e 6 anos nos ombros, após a água tomar rapidamente a sua casa, localizada na Rua Cidade da França, no Bairro Santos Dumont, na Cidade Alta. “Eu chamei minha irmã e levamos meus filhos para a casa dela. Na rua, a água estava batendo na cintura.” Ela ainda voltou para resgatar alguns móveis, mas não teve grande êxito. “Perdi muitas coisas como armário, camas, roupas e sofá. A geladeira molhou, mas ainda não liguei para ver se está funcionando. A pressão da água foi tanta que tirou até o rejunte do piso. Não tem como a gente dormir em casa, as paredes estão mofadas.”
Já na Rua das Calcedônias, no Bairro Marilândia, Cidade Alta, a água invadiu todos os cômodos de um imóvel de dois andares. Além de móveis e eletrodomésticos, dois carros, que estavam na garagem, também ficaram destruídos (confira no vídeo). “Outro que estava na rua ficou com água até o volante”, relata o morador de uma das casas, Marcelo Alves Muniz. Outras residências da rua também foram afetadas. “O volume de água do córrego foi muito grande, e a enchente passou com muita força. Além da água daqui do Marilândia, o córrego que passa por aqui recebe o volume do Santos Dumont. Vem havendo um crescimento grande do bairro, com muitas construções, mas as manilhas não estão sendo substituídas. Quando chove, a água fica sem ter para onde escoar”, analisa o morador. Segundo ele, houve perda de geladeira, fogão, sofás e camas, além de roupas. “Como a água atingiu o motor do carro, ainda não sabemos se ele será recuperado”, lamenta.
Após 55 anos morando em uma residência na Rua Senador Feliciano Penna, no Mariano Procópio, Marisa dos Santos, 72 anos, nunca imaginou que veria sua casa alagada. “Eu deitei porque estava relampejando. Quando cheguei na sala, ela já estava inundada. Eu vim na cozinha e coloquei um pano embaixo da porta. Mas quando voltei, a cozinha já estava cheia de lama.” A água chegou a cobrir o vaso sanitário do banheiro. A família perdeu armários, guarda-roupas e colchões. No condomínio Neo Residencial, no Bairro Serra D’Água, casas foram destelhadas, caixas d’água foram arremessadas com a força dos ventos e houve inundações em várias residências.
Ainda em função das chuvas, pelo menos sete unidades de atendimento ao público tiveram as atividades interrompidas. Na Unidade de Atenção Primária à Saúde (Uaps) do Bairro Furtado de Menezes, região Sudeste, outro papel colado na porta informa que os serviços estão interrompidos devido à falta de energia elétrica e a alagamentos nos consultórios. Segundo a Defesa Civil, também há paralisação em Uaps de Benfica, Jardim da Lua, Vila Ideal e Vila Olavo Costa.
O Procon também ficou sem energia elétrica, e os consumidores sem atendimento. A previsão era de que a luz fosse religada até o mei0-dia. O Núcleo Travessia, no Olavo Costa, está sem energia e o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) do local também está funcionando parcialmente por conta disso.