Garoto de 13 anos é suspeito de atirar contra jovem
A Polícia Civil desvendou o caso envolvendo a morte brutal de Erika Policarpo de Barros, 20 anos, encontrada com um tiro na nuca, amarrada e com o corpo carbonizado em uma Zona Rural na divisa dos municípios de Santa Bárbara do Monte Verde e Rio Preto, no dia 5 de setembro, cerca de uma semana depois de ela ter desaparecido. No fim de semana, uma operação conjunta das polícias Civil e Militar resultou na apreensão de dois adolescentes, de 13 e 16 anos, no Monte Castelo, Zona Norte.
Outro jovem, 18, conseguiu escapar, mas foi levado à delegacia na segunda-feira. Um quarto envolvido, 38, já havia sido preso no decorrer das investigações. Contra eles haviam sido expedidos mandados de prisão e apreensão. Segundo o delegado responsável pelo caso, Felipe Fonseca Peres, o homicídio teria sido motivado pelo sumiço de drogas pertencentes a uma organização criminosa desmontada no Monte Castelo em agosto.
De acordo com o inspetor Anderson Gibi, Erika teria sido torturada antes de ser morta, tendo seus cabelos raspados. O garoto de 13 anos teria efetuado o disparo e jogado gasolina sobre o corpo da vítima, enquanto o outro adolescente teria ateado fogo. “Eles confessaram o crime com riqueza de detalhes. Estavam em determinada casa, onde rasparam a cabeça dela e a torturaram com pauladas e chutes para que informasse onde estava a droga guardada (anteriormente) naquela residência. Como ela não disse, eles a levaram para uma região de pasto. Primeiro, a jovem levou um tiro na cabeça, e o próprio adolescente disse ter sido o executor. Depois, jogaram gasolina e atearam fogo.”
O rapaz de 18 anos também teria participado diretamente do assassinato. Já o primeiro homem a ser preso, teria levado o trio até o local do crime. Ele mesmo teria informado à polícia a localização do corpo. O suspeito também seria responsável pela guarda da droga desaparecida. Um Chevrolet Cobalt utilizado para transportar a vítima até a Zona Rural foi apreendido com marcas de sangue e cabelos dela. Durante a apuração, a Polícia Civil ainda conseguiu imagens de um posto de combustíveis, onde os adolescentes teriam comprado a gasolina.
Ordem do Ceresp
A polícia investiga se a ordem para matar Erika partiu de dentro do Ceresp, já que o suposto namorado dela e provável dono dos entorpecentes havia sido preso na operação que desmantelou a organização criminosa. “Em agosto, a Delegacia Especializada Antidrogas, em conjunto com a Delegacia de Homicídios, efetuou a prisão de cinco indivíduos no Monte Castelo por tráfico de drogas. Também foram apreendidos munições, coletes balísticos e entorpecentes. Eles foram encaminhados ao Ceresp. No fim do mês, a jovem Erika desapareceu e foi encontrada, após investigações, carbonizada na Zona Rural próxima a Juiz de Fora”, explicou o delegado.
Ainda conforme ele, as investigações já tinham apontado que Erika havia sido assassinada por envolvidos com o tráfico no Monte Castelo que teriam ligação com o bando preso. “Ela, supostamente, seria namorada de um dos indivíduos que prendemos em agosto. Alegaram que ela teria pego alguma droga deles após a prisão e resolveram matá-la. Continuamos a apuração para saber se houve alguma ordem de dentro da cadeia para a morte dela.”
Apesar da suspeita de a vítima já ter se relacionado afetivamente com um dos presos, Felipe não acredita em motivação passional. “Não descartamos por completo nenhuma via até a investigação ser concluída, mas não trabalhamos com esse viés passional. A nossa linha principal é realmente um desacerto envolvendo o tráfico.” A polícia ainda procura saber qual a quantidade de entorpecentes que teria desaparecido. Os suspeitos disseram se tratar de um quilo de maconha, mas a quantidade pode ser bem maior.
O delegado destacou o envolvimento de um garoto de apenas 13 anos em um homicídio tão violento. “Chama a atenção pela corrupção (de menores) que esses grupos envolvidos com o tráfico vêm produzindo na região do bairro. Percebemos uma participação crescente de crianças e adolescentes.” Segundo Felipe, os jovens foram acautelados no Centro Socioeducativo, e os adultos estão no Ceresp, à disposição da Justiça.