Equipe de foguetemodelismo da UFJF participa de competição internacional
Supernova Rocketry está em Tatuí para competir na Latin American Space Challenge
A Supernova Rocketry, equipe de competição de foguetemodelismo composta por alunos da Faculdade de Engenharia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), viajou para Tatuí, no interior de São Paulo, para participar da quinta edição da Latin American Space Challenge (Lasc), segundo maior campeonato de engenharia de foguetes e satélites do mundo, que começou na quinta-feira (24) e termina neste domingo (27).
O evento reúne 102 foguetes e 43 satélites produzidos por estudantes do Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Índia, México, Paquistão, Paraguai, Peru, Rússia, Cingapura, Taiwan e Turquia. A equipe juiz-forana está concorrendo nas categorias “Rocket Challenge”, para lançamento de foguetes, e “Sattelite Challenge”, voltada para satélites.
O projeto que será apresentado em Tatuí foi idealizado ainda em 2020, mas os trabalhos foram paralisados em virtude da pandemia de coronavírus. Neste ano, a confecção do foguete e do satélite voltou a ser realizada. Gustavo Salgado, estudante do 9º período de Engenharia Elétrica com Habilitação em Sistemas Eletrônicos e líder da Supernova Rocketry, explica que grande parte do processo de fabricação foi realizada por alunos da UFJF, dentro do campus, e durou quatro meses. “Todas as partes do foguete são projetadas e fabricadas pelos estudantes. Então é uma ótima oportunidade para os alunos se desenvolverem e também desenvolverem a tecnologia. A única peça que não foi confeccionada por nós foi o motor, porque ele é de aço, e ele precisa ser usinado com uma precisão que a gente não tem na universidade”, conta.
A Supernova Rocketry irá competir na Lasc com outros 33 minifoguetes, na categoria altitude até 3 quilômetros, com combustível sólido, além de 43 satélites. Gustavo detalha o projeto que será apresentado no lançamento. “É um foguete que tem três metros de altura e vai chegar a altitude máxima de três quilômetros. Ele é composto por várias partes: motor, parte eletrônica e de recuperação, que é o paraquedas. Nós elaboramos também um satélite no formato de uma lata de refrigerante, que vai fazer algumas medições do ar, como, por exemplo, camada de ozônio e qualidade do ar. Além disso, ele irá realizar a filmagem do voo. O satélite vai ficar dentro do foguete, mas haverá uma janela em que será possível enxergar e gravar de dentro pra fora”, relata o líder da equipe. De acordo com Salgado, o foguete será abastecido com combustível sólido composto por açúcar e, após chegar a sua altitude máxima, irá liberar dois paraquedas: o primeiro logo após o ápice da trajetória, e o segundo mais próximo ao solo, para aumentar a desaceleração. Nesse modelo, o satélite não é liberado na atmosfera, portanto retorna acoplado ao foguete.
Vaquinha para competir
Para participar de uma competição do porte da Latin American Space Challenge, o custeio é muito elevado, já que os valores necessários para a produção e a montagem do foguete e do satélite são muito altos. Além disso, a apresentação dos modelos nos campeonatos exige gastos com transporte e hospedagem dos estudantes. Gustavo conta que, para a Supernova Rocketry conseguir ir a Tatuí, foi necessário apoio da UFJF e de uma vaquinha. ” O transporte foi oferecido pela própria universidade, e o restante nós dividimos entre nós mesmos (membros da Supernova). A vaquinha tinha como objetivo a compra dos materiais do foguete. Alguns não são baratos, então a gente precisava das doações e felizmente conseguimos juntar o suficiente”, afirma Gustavo.
Apesar de conseguir o valor necessário para a confecção deste foguete, a Supernova segue aberta para receber doações e firmar parcerias, de modo a desenvolver cada vez mais o projeto. “Quando surgir um novo projeto que vamos participar, como por exemplo a Spaceport America Cup (SAC), principal competição de engenharia de foguetes e satélites do mundo, que acontece nos Estados Unidos, estaremos abertos para doações e parcerias com empresas que queiram nos ajudar.” Para contribuir com o projeto, basta fazer doação através do PIX “[email protected]”.
A Supernova Rocketry
O projeto surgiu em abril de 2015, fundado por estudantes da Faculdade de Engenharia da UFJF, que desejavam criar uma equipe de foguetemodelismo independente, motivados pelo grande interesse na área aeroespacial, difundida desde a década de 1960 em universidades de todo o mundo. Nesses oito anos de existência, a Supernova Rocketry já competiu no Festival Brasileiro de Minifoguetes, que ocorre anualmente no Paraná, e na Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (Oba), além da Latin American Space Challenge.