Médica inclui doação ao Banco de Leite à sua rotina

Christiane Cordeiro Cocate adotou a prática há um ano e sete meses, após dar à luz, e incluiu doações em sua rotina. Neste período, doou 65 litros à instituição


Por Leticya Bernadete

26/08/2018 às 07h00

Aleitamento
(Foto: Felipe Couri)

Todos os dias pela manhã, a médica Christiane Cordeiro Cocate retira uma parte do leite materno que produz para doar ao Banco de Leite Humano de Juiz de Fora. Essa atividade tem sido parte de sua rotina há um ano e sete meses, desde quando deu à luz Alice. Nesse tempo, ela já doou 65 litros à instituição. São ações como a de Christiane que o Agosto Dourado, instituído pelo Congresso Nacional como “Mês do Aleitamento Materno”, busca difundir. O objetivo da data é lembrar da importância do leite materno para as crianças, já que o alimento faz a diferença na vida de muitas delas.

Um litro de leite doado pode salvar até dez crianças. Por mês, o Banco de Leite ajuda cerca de 60 bebês, por meio da oferta de captação e doação de leite humano para recém-nascidos prematuros. O órgão também promove ações de orientação e incentivo ao aleitamento materno e auxilia mães que possuam alguma dificuldade para amamentar. Foi o caso de Christiane. Por conta de complicações, como fissuras nas mamas e ingurgitação, ela procurou o Banco de Leite para receber assistência. “Tive orientação, atendimento, foram feitas várias massagens na mama para desobstruir, porque estava ingurgitada, cheia de leite. Aí foi feito um trabalho de drenagem para retirar o excesso, até a amamentação começar a fluir naturalmente.”

Por ser médica, ela já conhecia o trabalho da equipe, além de ter feito curso de amamentação oferecido pelo órgão na clínica onde realizava o pré-natal. Mas, após dar à luz, Christiane recebeu instrução para tirar o excesso de leite também em casa, e foi quando começou o trabalho de doação. “Eu ia lá pela manhã e poderia fazer esse trabalho à tarde, e o leite que retirasse em casa, poderia armazenar no recipiente adequado que eles forneceriam para fazer a doação”, conta. “Era só fazer um cadastro no Banco de Leite para, a partir daí, começar a recolher leite para doar.”

Agosto Dourado destaca importância da amamentação

Por meio da lei número 13.435, o Congresso Nacional instituiu agosto como o Mês do Aleitamento Materno. A cor dourada foi escolhida para representar o período devido ao fato de o leite ser considerado alimentação de ouro pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Durante o período, a lei prevê que ações de conscientização e esclarecimento sobre a importância do aleitamento materno sejam intensificadas, por meio de realização de palestras e eventos, divulgação em diversas mídias e espaços públicos, além da iluminação ou decoração de espaços com a cor dourada.

O Ministério da Saúde recomenda a amamentação até os 2 anos de idade, sendo que, nos primeiros 6 meses, o leite materno deve ser exclusivo na alimentação do bebê, sem necessidade de chá ou água, por exemplo. Além dos benefícios nutritivos para a criança, a médica Christiane Cordeiro Cocate ressalta o vínculo emocional que cria com sua filha quando está amamentando. “É o momento que a gente tem de cumplicidade, de comunicação, de olhar. Ela já fala hoje, mas quando mama fica quietinha olhando para mim, e a gente vai trocando esses olhares, carinho, sorrisos… é um momento só de nós duas e muito gostoso.”

Como doar

Para doar leite materno, é necessário apresentar cópia do cartão de gestante que conste os exames realizados. É recomendado ainda que as mulheres estejam saudáveis, sem estar tomando nenhum tipo de medicamento. O Banco de Leite Humano oferece kits com touca, máscara e frasco esterilizado para armazenamento do leite, além de realizar coleta domiciliar.

Em Juiz de Fora, além do próprio banco, a Maternidade Therezinha de Jesus, a Santa Casa de Misericórdia e o Hospital Regional João Penido também são pontos de doação. Outras cidades da região também contam com locais para doação, como Barbacena, Barroso, São João del-Rei, São João Nepomuceno e Leopoldina.
O Banco de Leite Humano de Juiz de Fora fica localizado na Rua São Sebastião 772/776, no terceiro andar. O atendimento é realizado de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h às 17h. É possível obter mais informações pelo telefone (32) 3690-7436.

Adaptação

A médica foi adaptando a rotina e a quantidade conforme o crescimento da filha Alice. No início, Christiane produzia uma grande quantidade de leite, precisando retirar várias vezes ao dia, sempre antes de cada mamada da bebê, até ela completar 6 meses de idade e passar a se nutrir com outros alimentos. “Ao longo dos primeiros meses, a produção foi se adequando à quantidade que a Alice mamava. Não havia mais tanta necessidade de retirar antes de cada mamada, porque estava mais controlada.”

Se alguém tem dúvidas quanto a doação, a médica ressalta em deixar essa apreensão de lado. “Continuo hoje ainda amamentando no peito, a Alice mama só no peito. A única fonte de leite dela é o leite materno. Continuo doando e não tive redução de produção, nada disso. Acho que o grande receio é que a doação promova um esgotamento mais rápido do leite, então para as mães que pensam dessa forma, eu diria que muito pelo contrário.”

Para Christiane, há um grande contentamento em poder contribuir com a doação. “Sei que tem muitas crianças que nascem prematuras, ou que as mães têm outros problemas e não podem amamentar. Sabemos da necessidade dessas crianças e que o leite é o melhor alimento para esses bebês”, explica a doadora. “A gente fica muito feliz de saber que, além de conseguir amamentar o nosso bebê, a gente consegue ajudar tantas crianças assim. Apesar de não conhecê-las, a sensação de satisfação é muito grande.”

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