Rodoviários adiam definição dos rumos da greve para esta quarta

A categoria decidirá, em votação, se aceita ou rejeita a última proposta realizada em conjunto pelos consórcios Manchester e Via JF. Pleito acontecerá das 8h às 17h


Por Gabriel Ferreira Borges e Leticya Bernadete

25/08/2020 às 19h02

Os rodoviários do transporte coletivo urbano de Juiz de Fora definirão, nesta quarta-feira (26), por meio de votação, das 8h às 17h, os rumos da greve da categoria após nove dias de movimento paredista. Em meio às negociações de novo acordo coletivo de trabalho (ACT) com as empresas do setor, a categoria apreciará a última proposta colocada na mesa pelos Consórcios Manchester e Via JF.

De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário de Juiz de Fora (Sinttro/JF), os consórcios teriam proposto aos trabalhadores a redução de 40% da jornada de trabalho e dos salários até dezembro, bem como a redução de benefícios, como 10% do tíquete-alimentação e de alguns produtos da cesta básica, que seria válida, por sua vez, até maio de 2021. A proposta foi apresentada aos rodoviários, nesta terça, em duas assembleias.

A princípio, de acordo com o presidente do Sinttro/JF, Vagner Evangelista, os novos termos trabalhistas seriam discutidos pelos trabalhadores ainda nesta terça. Contudo, a divisão dos rodoviários quanto à proposta impôs à entidade sindical a realização de uma votação anônima. “Vamos fazer uma votação nas garagens das empresas, para poder decidir se o pessoal vai aceitar ou não a proposta. Decidiríamos hoje (terça-feira), mas, na assembleia, (a votação) foi muito dividida. Para não deixar margem de dúvidas, preferimos ter uma maior segurança para que votassem na urna, em voto secreto, para não expor ninguém, nem nome, nem nada.” De acordo com Vagner, a proposta estende-se a toda a categoria, embora os trabalhadores sejam vinculados a empresas e consórcios diferentes.

Ainda que os novos termos propostos, segundo a entidade sindical, estabeleçam o cumprimento de, no mínimo, 60% da jornada de trabalho, o percentual seria flexível conforme a demanda das viações. “Se as empresas precisarem que trabalhemos mais, receberemos proporcionalmente. Estabelecemos um piso de jornada para poder nivelar as horas trabalhadas, ou seja, para que todo mundo trabalhe em horas iguais e possa receber mais ou menos a mesma coisa. Agora, se o trabalhador cumprir 80% da jornada, receberá 80% dos salários. A redução de jornada e dos vencimentos deve seguir até dezembro. Em janeiro de 2021, vamos nos sentar para conversar novamente.”

Conforme Vagner, a proposta ainda suspenderia, também até janeiro, o abono de férias, além de uma antiga gratificação da categoria. “Temos um termo antigo no ACT em que o motorista, quando faz cinco anos de empresa, recebe 3% do salário em gratificação. E, o cobrador, quando trabalha três anos, também recebe 3%. A gratificação vai ficar suspensa até janeiro. E o abono de férias, que é de 10%, também vai ficar suspenso até janeiro. E lá, a gente quer renegociar esses termos.” Tanto a Astransp – representante das empresas Goretti Irmãos Ltda. (Gil), Transporte Urbano São Miguel Ltda. (Tusmil) e Viação São Francisco Ltda. (VSFL) – quanto a Auto Nossa Senhora Aparecida Ltda. (Ansal) não responderam aos questionamentos da Tribuna sobre os novos termos propostos até o fechamento desta reportagem.

60% da frota nas ruas
Ao menos desde o início desta semana, 60% da frota dos veículos de transporte coletivo urbano de Juiz de Fora estão circulando pelas ruas após decisão liminar do desembargador do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região (TRT-3) Fernando Luiz Gonçalves Rios Neto. Entretanto, como informado, no fim da tarde desta terça, à Tribuna, por um funcionário da Gil, os trabalhadores vinculados à empresa teriam recolhido todos os carros da frota da viação à garagem após novos atrasos no pagamento de salário, tíquete-alimentação e suspensão do plano de saúde.

Questionado sobre a informação, o presidente do Sinttro/JF, Vagner Evangelista, afirmou desconhecê-la. “Não estou sabendo de nada. Se os funcionários da Gil estão, de fato, recolhendo o carro para a garagem, o motivo poderia ser o não pagamento do salário integral do mês de julho. Venceu uma parcela semana passada, e o tíquete venceu ontem, mas não foram pagos ainda.” A Gil, até o momento, não atendeu os contatos da Tribuna para esclarecer a situação.

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