Moradores de Igrejinha aguardam retomada das obras de creche

Construção está parada há pelo menos cinco anos; PJF havia anunciado retorno em outubro, mas recursos só foram liberados em abril


Por Sandra Zanella

25/05/2025 às 07h00

Ter filhos e poder trabalhar, com a tranquilidade de deixar os pequenos em uma instituição pública segura. Essa é a expectativa de muitos moradores de Igrejinha, bairro da Zona Norte de Juiz de Fora situado às margens da BR-267. Com obras interrompidas há pelo menos cinco anos, a creche na Rua da Estação tem custado a virar realidade. O assunto ganhou as redes sociais na última semana: “O Bairro Igrejinha precisa urgentemente de um retorno da Prefeitura e necessita muito que a creche esteja em funcionamento. As famílias da região enfrentam dificuldades com a falta de vagas para suas crianças, e a conclusão dessa obra é fundamental para garantir acesso à educação infantil de qualidade”, desabafa uma moradora.

Atualmente, os responsáveis precisam sair da BR-267 e atravessar a BR-040 para terem acesso às creches de referência mais próximas, que ficam nos bairros Novo Triunfo e Nova Benfica, também na Zona Norte. A Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) havia anunciado a retomada dos trabalhos em outubro do ano passado. “O atraso se deu porque a liberação dos recursos esteve condicionada à sanção do Orçamento Federal para 2025, o que só ocorreu em meados de abril devido ao atraso da votação do Orçamento no Congresso”, justifica o Executivo municipal, ao ser questionado sobre o motivo de a obra ainda estar parada. “O contrato com a empresa G. Marques Construções Ltda foi assinado no fim de março. Serão R$ 886.364 investidos”, completa.

Embora aponte para um recomeço da construção em breve, a PJF não informou data certa. O prazo para conclusão do imóvel segue sendo de sete meses após o início dos trabalhos. A creche será instalada em uma área de mais de 20 mil metros quadrados e vai atender a cem bebês e crianças. As verbas são provenientes do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), do Governo federal.

Trabalhando em Igrejinha há dez anos, a atual diretora da Escola Municipal Padre Wilson, Neiva Rampinelli, diz ter gratidão pelo empenho da atual Administração para concluir a tão esperada obra. “Quando eu cheguei aqui já se falava nessa tal creche. E o projeto foi rolando de prefeito para prefeito. Então Margarida (Salomão – PT) prometeu em 2024, mas, por problemas burocráticos, não foi possível. O importante é que a promessa será cumprida agora”, comemora a docente. “A creche é um sonho que se torna realidade e poderá mudar a realidade das mães do nosso bairro, da nossa comunidade Igrejinha. Saber que os seus filhos, os nossos alunos e as nossas crianças estarão guardados, protegidos e cuidados por pessoas compromissadas com a vida é vital para a tranquilidade das mães (…) Vai realmente mudar a vida de muitas famílias”, avalia a diretora.

Mães esperaram por creche até filhos crescerem

creche Igrejinha
Presidente da Associação dos Moradores de Igrejinha, Luiz Cachoeira comenta que mato cresceu no entorno da creche, causando sensação de abandono (Foto: Reprodução/Luiz Cachoeira)

O presidente da Associação dos Moradores do Bairro Igrejinha, Luiz Carlos do Nascimento Barbosa, mais conhecido como Luiz Cachoeira, lembra que a planta da creche foi inaugurada ainda na gestão de Bruno Siqueira, prefeito de Juiz de Fora entre 2012 e 2018. “Na época, foi feita a terraplanagem, e a comunidade ficou muito alegre. A atual prefeita falou que reiniciaria as obras, como reiniciou, mas teve problemas com a verba. Parece que conseguiram resolver a situação em Brasília. Agora a informação é que o contrato foi assinado para retomar as obras”, conta o líder comunitário, que chegou a gravar um vídeo em meio à construção para anunciar a retomada aos moradores.

Segundo ele, a expectativa entre os residentes é grande. “Há mães que esperam por essa creche, mães que já esperaram, e os filhos cresceram. Tem crianças que nem vão usar mais”, comenta, sobre a demora para execução do projeto. A instituição está sendo erguida ao lado do Curumim, em local de fácil acesso. Ele não sabe dizer se as cem vagas previstas na creche serão suficientes para atender a população do bairro, que conta com cerca de cinco mil habitantes. “Temos um número de crianças muito grande em Igrejinha”, acrescenta, revelando que, ao longo dos anos, mulheres precisaram deixar de trabalhar fora para cuidar dos filhos, já que as outras creches ficam distantes, e os custos para arcar com babá são altos. “Tem mãe que não consegue trabalhar, porque não tem condições de pagar uma pessoa.”

Luiz Cachoeira comenta que, atualmente, a construção aparenta estar abandonada. “Recentemente, foi feita limpeza pela PJF, mas, com o período chuvoso, o mato cresceu novamente.” Sobre as outras instituições para crianças e adolescentes em Igrejinha, que são o Curumim e a Escola Municipal Padre Wilson, o presidente do bairro assegura: “Tem vaga para todos que queiram estudar.”

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