Cobertura vacinal da poliomielite atinge menor taxa nos Ășltimos cinco anos
Ăndice de imunização completa com as trĂȘs doses foi de 35,75% em 2021; Prefeitura promove Dia D no prĂłximo sĂĄbado
A poliomielite teve a menor taxa de vacinação em Juiz de Fora nos Ășltimos cinco anos em 2021 (veja a arte), chegando a um Ăndice de 35,75% com as trĂȘs doses, de acordo com dados do Data SUS. A doença havia sido considerada erradicada do Brasil em 1994, graças Ă extensa campanha de vacinação que ocorreu, mas com os baixos Ăndices de adesĂŁo Ă campanha de imunização, ela voltou a preocupar especialistas. EstĂĄ longe de ser um problema local. No paĂs, o percentual chegou a cerca de 60% no ano passado, quando especialistas apontam que o indicado Ă© acima de 80%. Pelo fraco desempenho nacional, a Organização Pan-Americana de SaĂșde (Opas) adicionou o Brasil Ă lista de paĂses com “alto risco” de surtos.
A poliomielite Ă© uma doença infectocontagiosa e aguda, sendo mais frequente em crianças com menos de quatro anos. Durante os sĂ©culos XIX e XX, essa doença teve surtos no mundo inteiro, causando sequelas permanentes em muitos indivĂduos. De acordo com o Opas, a doença preocupa porque cerca de uma em cada 200 infecçÔes leva a uma paralisia irreversĂvel (geralmente das pernas) e, entre os acometidos, de 5% a 10% morrem por paralisia dos mĂșsculos respiratĂłrios. Ainda em 2018, a doença tinha uma cobertura de 95,55% na cidade, deixando o quadro em uma situação recomendada.
O chefe da unidade pediĂĄtrica do Hospital UniversitĂĄrio da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU/UFJF), LĂșcio Oliveira, explicou que, mesmo essa doença tendo o Ășltimo caso registrado no Brasil em 1989, o Ăndice de vacinação atual torna o quadro alarmante. De acordo com Oliveira, a poliomielite Ă© uma doença altamente transmissĂvel, se dando a partir do contato fecal-oral. Por isso, Ă© preciso considerar que “outros paĂses ainda tĂȘm a doença circulando e, hoje, com o mundo globalizado, isso pode ser muito preocupante”.
Ele ressalta que “para que a doença permaneça erradicada, Ă© preciso manter altos nĂveis de vacinação. A partir de 60% jĂĄ tem uma melhora do quadro, mas o ideal Ă© acima de 80%, como era antes no Brasil”. O paĂs de fato estava sendo considerado um sucesso mundial em termos da erradicação dessa doença, tendo sido, inclusive, o momento em que foi criada a campanha com o ZĂ© Gotinha, que se tornou bastante popular. A vacinação completa contra a doença conta com trĂȘs doses da vacina injetĂĄvel, aos dois, quatro e seis meses, e mais duas doses de reforço com a vacina oral bivalente (gotinha) com 15 meses e quatro anos de idade.
O pediatra ainda relembra que a doença Ă© grave e que, ainda hoje, Ă© possĂvel observar na população pessoas que vivem com sequelas graves por conta de complicaçÔes da mesma. Oliveira explica que essa queda em 2021 pode ter ocorrido por conta da pandemia de Covid-19, que fez com que as pessoas ficassem isoladas e evitassem ir a centros de saĂșde sem estrita necessidade. Mas ele diz que, agora, Ă© preciso voltar a atenção para essa questĂŁo. “Agora que estamos em uma situação melhor em relação Ă pandemia, esse calendĂĄrio vacinal precisa urgentemente ser atualizado”, diz.
PJF marca Dia D de vacinação no såbado
De acordo com informaçÔes divulgadas pela Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), a Secretaria de SaĂșde estĂĄ atenta Ă questĂŁo e jĂĄ planeja um Dia D da vacinação contra a poliomielite no prĂłximo sĂĄbado (26), com o objetivo de aumentar a cobertura vacinal das crianças menores de cinco anos. Em nota, a pasta afirma que o MunicĂpio percebeu, nos Ășltimos anos, uma oscilação na procura pela vacina, principalmente no perĂodo da pandemia, quando muitos pais e responsĂĄveis deixaram de levar as crianças para a imunização de rotina.
Ainda segundo a secretaria, desde meados de 2015, hĂĄ uma tendĂȘncia no paĂs de queda das coberturas vacinais, ocorrida por mĂșltiplos fatores, “como a percepção da população de que nĂŁo Ă© mais necessĂĄrio se vacinar porque as doenças desapareceram, medo de eventos adversos pĂłs vacinais, insegurança com relação ao nĂșmero de vacinas aplicadas nos primeiros anos de vida e a sobrecarga do sistema imunolĂłgico, circulação de notĂcias falsas e mudanças nos sistemas de informação do PNI”.
A SaĂșde explica ainda que os dados do Ășltimo ano podem estar alterados. “Durante a pandemia de Covid-19, para evitar aglomeraçÔes em momentos mais crĂticos, tivemos adequaçÔes do processo de trabalho que levou Ă queda na procura por vacinas do calendĂĄrio nacional. As secretarias municipais estĂŁo tendo dificuldades no sistema de digitação, que alimenta o sistema nacional e, por tal motivo, os dados do Ășltimo ano podem sofrer alteraçÔes”.
O Dia D de vacinação irĂĄ funcionar nas unidades bĂĄsicas de saĂșde na zona urbana de Juiz de Fora e no Sport Club, no horĂĄrio das 8h Ă s 16h. Os pais e responsĂĄveis devem levar o cartĂŁo vacinal da criança.